De sedã para Fastback, Focus continua bom de dirigir

 

Novo sobrenome para a versão maior busca um comprador mais jovial, que terá boas novidades pelo mesmo preço do anterior

Texto: Edison Ragassi e Fabrício Samahá – Fotos: divulgação

 

Um carro conhecido, mas com novo sobrenome em busca de reposicionamento de mercado: esse é o Ford Focus Fastback, que completa a linha 2016 do modelo médio, iniciada em junho pela reformulação do hatchback. Com a denominação de “traseira rápida” (ou de queda rápida), em geral associada a esportivos como o Mustang — que ganhou seu fastback em 1965 e hoje tem nele a única versão fechada —, a Ford pretende associar esse Focus a um perfil mais jovial, esportivo, em vez do caráter conservador que se costuma ligar ao nome sedã.

Não que o carro que começa a ser vendido em agosto (conheça as versões, equipamentos e preços no quadro abaixo) seja outro: a carroceria é a mesma que conhecíamos até agora como sedã, só que redesenhada na frente e com mudanças na traseira. Nela, até os para-lamas nada mudou, mas são novos a tampa do porta-malas, as lanternas (com perfil mais baixo) e o para-choque. O vidro posterior continua fixo — não sobe com a tampa, como alguns esperavam — e a capacidade de bagagem de 421 litros é a mesma de antes, mas o coeficiente aerodinâmico (Cx) baixou em 4% para 0,296.

 

 
O perfil é o mesmo do Focus sedã conhecido, mas frente e traseira foram atualizadas seguindo a receita do modelo hatch da linha

 

No interior as novidades repetem as vistas no hatch, como volante com opção de comandos de trocas manuais de marcha, console central e alavanca do freio de estacionamento redesenhados, chave programável My Key (para ajustar parâmetros ao emprestar o carro) e sistema Sync com funções de chamada de emergência e App Link para uso de aplicativos. O assistente de estacionamento manobra o carro também para vagas perpendiculares ao tráfego.

 

A engenharia da Ford trabalhou para melhorar a dirigibilidade do carro, que já era um de seus maiores atributos, e conseguiu fazer um bom trabalho

 

Pela primeira vez no segmento, o sistema de frenagem automática Active City Stop atua em velocidades de até 50 km/h assim que um lidar (sensor de detecção de distância por reflexão de luz) detecta risco de colisão com um veículo adiante. O sistema pré-carrega os freios e os aciona de forma automática se o motorista não tomar nenhuma ação. Na versão de topo, faróis com lâmpadas de xenônio têm facho autodirecional e ajuste do alcance de acordo com a velocidade: mais largo e curto de 30 a 50 km/h, mais longo de 50 a 110 km/h e ainda mais acima de 110. Um facho adicional ilumina as curvas.

O sedã — ops, Fastback — continua equipado apenas com o motor mais potente da linha Focus, o de 2,0 litros com injeção direta flexível, e com o câmbio automatizado de dupla embreagem e seis marchas (a Ford deixou de usar o nome Powershift). Como o hatch, ele passou por aprimoramentos para maior rigidez da carroceria e teve recalibradas a suspensão e a direção. O controle eletrônico de estabilidade ganhou novos recursos. O sistema de estabilidade preventivo monitora a velocidade do carro, a posição do volante e a velocidade com a qual ele é girado e atua quando os dados apontam risco de derrapagem. Já o controle de torque distribui-o entre as rodas dianteiras mediante aplicação de freios, a fim de evitar patinação do pneu interno à curva.

 

 

 
No interior do Titanium Plus, assistente de estacionamento aprimorado, frenagem automática e comandos de marchas no volante

 

Ao volante

Dirigimos o Focus Fastback Titanium no lançamento à imprensa na região de Gramado e Canela, no Rio Grande do Sul, em trechos urbanos e de rodovia com média de 80 km/h. O interior mostra alguma melhora em materiais de acabamento, mais agradáveis ao toque, deixando o ambiente mais refinado. O espaço para os passageiros de trás, sobretudo para as pernas, continua o ponto crítico dentro da categoria — ele é certamente uma razão para a mudança de posicionamento, que busca um perfil de público menos voltado ao uso familiar.

 

 

A engenharia da marca trabalhou para melhorar a dirigibilidade do carro, que já era um de seus maiores atributos, e conseguiu fazer um bom trabalho. Ele responde bem nas acelerações e retomadas, tem direção com assistência elétrica bastante precisa e suspensões bem acertadas, que enfrentam as curvas de maneira firme e as irregularidades e lombadas com bastante conforto. O motor com injeção direta é silencioso e, por ser um câmbio de dupla embreagem, mal se notam as mudanças. O comando de trocas manuais, em vez de por botão na alavanca, atende a uma reivindicação de muitos.

A Ford adicionou tecnologia a seu sedã médio — seja chamado como for —, renovou o visual e manteve a versão de entrada SE ao preço da antiga S: sem dúvida, um bom leque de argumentos para ganhar espaço na categoria dominada pelas japonesas com Toyota Corolla e Honda Civic. Como no hatch, compradores que tenham um Focus 2014 ou 2015 ganham desconto de 15%, não vinculado à venda do carro usado, uma forma de compensar a rapidez com que seu carro ficou defasado com as mudanças para 2016. Além disso, os 2.000 primeiros compradores do Fastback ganham revisões gratuitas pelos três anos de garantia, desde que não tenham aproveitado o desconto acima.

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Suspensão e direção revistas e novos recursos de eletrônica deixaram ainda melhor o comportamento dinâmico, que já era elogiável