Jeep Compass Diesel convence ao volante e para o bolso

Instrumentos bem legíveis; tela de 8,4 pol serve a áudio, navegador e ar-condicionado; pressão de pneus e diversas temperaturas são mostradas no quadro

 

Motor conhecido traz bom desempenho

Em termos técnicos, o Compass nada traz de novo em relação ao Renegade: mesmo motor turbodiesel, igual transmissão automática de nove marchas, mesmas tração integral sob demanda e suspensão (leia mais no quadro abaixo). O que não constitui demérito: é um conjunto moderno, competente e apropriado para o novo utilitário esporte, apesar de seu peso 81 kg mais alto que o do “irmão menor”, ambos em versão Longitude Diesel 4×4.

A unidade Multijet II com potência de 170 cv e torque de 35,7 m.kgf revela-se mais que suficiente para o carro: responde bem desde baixas rotações, com retardo imperceptível para ação do turbo, e pode ser levada ao limite de 4.500 rpm com ruído e vibrações moderados. Em marcha-lenta é mais macio que o da Toro (questão de coxins, acreditamos) e o “clac-clac” típico do diesel só se nota em velocidades urbanas e com vidros abertos: em rodovia, na faixa de 120 km/h, passaria por um motor a gasolina.

 

Ar-condicionado de duas zonas, chave presencial, controle elétrico do freio, ótimos retrovisores, áudio Beats com alto-falante de subgraves, porta-objetos sob assento

 

Mesmo que desempenho não seja o objetivo de seu comprador, o Compass obteve marcas satisfatórias em nossas medições, como 0 a 100 km/h em 11,5 segundos (veja quadro na página anterior). Mais relevante é o consumo, que atingiu 13,2 km/l no ciclo urbano leve: associado ao menor preço por litro do diesel em relação à gasolina, garante redução expressiva no custo por quilômetro rodado, o que interessa sobretudo a quem roda muito. Claro que essa economia não é gratuita — a versão custa 24% a mais, incluindo a tração 4×4.

 

A unidade Multijet II de 170 cv revela-se mais que suficiente: responde bem desde baixas rotações e pode ser levada ao limite com ruído e vibrações moderados

 

A caixa automática opera com suavidade e responde bem aos comandos do acelerador. Ao contrário da Toro, foi comum vê-la aplicar a nona marcha em velocidades de rodovia, como 110 a 120 km/h. Mudanças manuais podem ser feitas pela alavanca seletora (sobe para trás, reduz para frente, padrão Fiat) ou pelos comandos junto ao volante. Quando ativado o modo manual, permanecem automáticas as trocas para cima a 4.500 rpm e as reduções ao abrir todo o acelerador. A exemplo dos colegas de plataforma, a segunda marcha é usada nas saídas normais: a primeira só entra por seleção manual ou ao usar o comando 4WD Low.

Low (baixa) que não indica reduzida no sentido habitual, de caixa de transferência para reduzir todas as marchas: o botão apenas aciona a primeira e desloca as mudanças para rotações mais altas. Outros comandos no console para uso fora de estrada são o 4WD Lock (bloqueia a repartição de torque entre os eixos em 50:50) e o controlador de velocidade em declive, que mantém o ritmo sem que o motorista precise frear ou acelerar. A versão Diesel traz ainda um seletor de programas para terrenos com as posições Snow (neve), Sand (areia), Mud (lama) e Auto (automática).

 

Motor com alto torque e caixa automática de nove marchas combinam-se bem para deixar o Compass ágil e econômico; suavidade mal denuncia o combustível

 

Com suspensões independentes que reprisam as do Renegade (leia mais abaixo), o Compass comporta-se muito bem: faz curvas com jeito de automóvel, só um pouco mais alto, com tendência normal a subesterço e alguma reação de sobresterço ao corte abrupto de aceleração, logo anulada pelo controle eletrônico de estabilidade. Rodar com divisão de torque bloqueada (4WD Lock) pareceu reduzir o subesterço e aumentar a capacidade de acelerar em curvas, o que faz sentido. Como os pneus Pirelli Scorpion Verde são mais para asfalto que para terra, os interessados em fora de estrada mais ousado devem trocá-los ou optar pela versão Trailhawk, que vem com os de uso misto.

 

 

A calibração macia dos amortecedores sugere um rodar confortável, mas deveria ser mais suave a absorção de impactos e irregularidades, sobretudo os curtos: nesse ponto ele é um típico Chrysler, bem diferente do acerto de suspensão habitual dos Fiats. A assistência de direção deixa-a leve em manobras e firme em velocidade — ainda assim, pouco mais de peso ao esterçar em rodovia seria bem-vindo e nota-se certa transmissão de impactos em curvas com piso ondulado. Os freios, corretos em dimensionamento e calibração, não revelam a atitude que estranhamos na Toro de pouca ação no começo de curso do pedal.

Os faróis com um refletor elipsoidal por lado são eficazes e contam com luzes diurnas halógenas — escolha incompreensível, pois há leds para luzes de posição que poderiam cumprir essa função. Faróis e luz traseira de neblina, repetidores laterais das luzes de direção e até ajuste elétrico do facho dos faróis (tão raro hoje) estão presentes. Apesar das restrições à visibilidade pelas largas colunas dianteiras e traseiras, os retrovisores biconvexos são irrepreensíveis.

 

Ajustes de tração integral e tipos de terreno adaptam o Compass ao fora de estrada; suspensão traz boa estabilidade, mas pode melhorar em irregularidades

 

Com o pacote Safety o Compass fica bem dotado de segurança passiva: acrescenta bolsas infláveis laterais dianteiras, cortinas e de joelhos do motorista ao conjunto de série, que abrange encostos de cabeça e cintos de três pontos para todos os ocupantes, fixação Isofix para cadeiras infantis e alerta para uso de cinto por motorista e passageiro ao lado. Contudo, pelo preço da versão, tais bolsas deveriam ser padrão.

Em síntese, o novo Jeep agradou muito em sua primeira avaliação completa. Oferece os atributos mais esperados de um carro desse tipo — torque, economia, espaço, rodar confortável, recursos fora de estrada — com poucas falhas, a maior parte passível de correção simples. É certo que R$ 141.490 são um bom dinheiro, mas a concorrência cobra valores nessa faixa por modelos similares em conteúdo e sem o motor a diesel, às vezes com tração simples. Por tudo isso, prevemos uma carreira de êxito para o novo modelo da FCA pernambucana.

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Comentário técnico

• O Compass compartilha com Renegade e Toro o motor Fiat Multijet II italiano, em uso desde 2008 pelo grupo em automóveis, que já contou com potência de 110 a 192 cv. Entre seus recursos estão turbina de geometria variável, injeção eletrônica Bosch de duto único com capacidade para até oito injeções por ciclo de combustão, recirculação de gases de escapamento e filtro de partículas.

• Um dos benefícios do uso de nove marchas pela transmissão automática é o grande espectro de relações (divide-se a primeira pela última), nada menos que 9,8, um dos maiores do mercado. Com isso o fabricante definiu uma primeira bem curta (não chega a 30 km/h com o limite de 4.500 rpm) e uma nona longa (120 km/h com 1.900 rpm) sem obter intervalo muito grande entre as marchas, que seria inadequado a um motor a diesel.

• A tração integral Active Drive Low, um sistema sob demanda, opera com repartição de torque entre 100% à frente (em condições normais de aderência) e 60% à traseira. Essa divisão é alterada pelo seletor de modos de tração: programas para neve, lama e areia enviam mais torque às rodas de trás que o convencional, além de afetar a atuação do sistema antitravamento (ABS) de freios e do controle de tração. A Jeep chegou a prever que, ao iniciar uma subida com o limpador de para-brisa ligado, o sistema deixa a transmissão à traseira preparada para atuar por entender que há maior risco de patinação dos pneus dianteiros.

• Para a suspensão traseira a FCA escolheu o arranjo McPherson, como no Renegade, em vez do multibraço da Toro — mais importante para um veículo de carga, por lidar melhor com a variação de peso entre carro vazio e carregado. Na versão 4×4 é empregado um subchassi, para a fixação de dois elos laterais e das semiárvores de transmissão; a altura de rodagem é pouco maior, com vão livre mínimo do solo de 218 mm (versão Longitude) ante 210 mm do 4×2; e molas e amortecedores ganham novas definições para um rodar mais firme.

• O Longitude 4×4 tem ângulo de entrada de 28,7°, de rampa de 23,2° e de saída de 31,9°. No Trailhawk os valores passam para 29,1°, 23,7° e 33,1° (na ordem) e o vão livre sobe para 229 mm. Outras diferenças dessa versão fora de estrada para a que avaliamos são pneus de uso misto em medidas 225/60 R 17 (em vez de pneus mais para asfalto 225/55 R 18), ganchos de reboque, protetores de cárter, da transmissão e do tanque de combustível e mais um programa, o Rock (pedra), para o seletor de modos de condução.

 

Ficha técnica

Motor
Posição transversal
Cilindros 4 em linha
Material do bloco/cabeçote ferro fundido/alumínio
Comando de válvulas duplo no cabeçote
Válvulas por cilindro 4
Diâmetro e curso 83 x 90,4 mm
Cilindrada 1.956 cm³
Taxa de compressão 16,5:1
Alimentação injeção direta, turbocompressor, resfriador de ar
Potência máxima 170 cv a 3.750 rpm
Torque máximo 35,7 m.kgf a 1.750 rpm
Potência específica 86,9 cv/l
Transmissão
Tipo de caixa e marchas automática / 9
Relação e velocidade por 1.000 rpm
1ª. 4,70 / 7 km/h
2ª. 2,84 / 11 km/h
3ª. 1,91 / 16 km/h
4ª. 1,38 / 22 km/h
5ª. 1,00 / 31 km/h
6ª. 0,81 / 38 km/h
7ª. 0,70 / 44 km/h
8ª. 0,58 / 53 km/h
9ª. 0,48 / 64 km/h
Relação de diferencial 4,33
Regime a 120 km/h 1.900 rpm (9ª.)
Regime à vel. máxima informada 3.650 rpm (8ª.)
Tração integral sob demanda
Freios
Dianteiros a disco ventilado (305 mm ø)
Traseiros a disco (278 mm ø)
Antitravamento (ABS) sim
Direção
Sistema pinhão e cremalheira
Assistência elétrica
Diâmetro de giro 11,3 m
Suspensão
Dianteira independente, McPherson, mola helicoidal
Traseira independente, McPherson, mola helicoidal
Estabilizador(es) dianteiro e traseiro
Rodas
Dimensões 7 x 18 pol
Pneus 225/55 R 18 V
Dimensões
Comprimento 4,416 m
Largura 1,819 m
Altura 1,645 m
Entre-eixos 2,636 m
Bitola dianteira 1,54 m
Bitola traseira 1,54 m
Coeficiente aerodinâmico (Cx) ND
Capacidades e peso
Tanque de combustível 60 l
Compartimento de bagagem 410 l (banco rebatido: 1.191 l)
Peso em ordem de marcha 1.717 kg
Relação peso-potência 10,1 kg/cv
Garantia
Prazo 3 anos sem limite de quilometragem
Carro avaliado
Ano-modelo 2017
Pneus Pirelli Scorpion Verde
Quilometragem inicial 3.000 km
Dados do fabricante; ND = não disponível

 

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