Embora sem aumento de torque em baixa rotação, o Gol ganhou potência e o motor
gira mais macio que o anterior, o que deixou mais agradável explorá-lo a fundo
Em valores de desempenho, a maior potência fala alto e o Gol Rallye acusa velocidade máxima aumentada de 179/181 km/h para 184/190 km/h, enquanto a aceleração de 0 a 100 km/h caiu de 10,6/10,3 segundos para 9,9/9,5 s, na mesma ordem de combustíveis. Os números seriam ainda melhores em outra versão do Gol, pois a “aventureira” usa pneus largos 195/50 R 16 e suspensão elevada que prejudicam sua aerodinâmica, além de ser pouco mais pesada (1.043 kg com câmbio manual, ante 1.025 kg do Gol 1,6 “baixo” com motor antigo). Uma pena a VW não divulgar consumo para comparação.
O Rallye ganha desenvoltura logo ao redor
de 1.500 rpm; em nenhum momento nota-se a
“preguiça” em baixa dos antigos 16-válvulas
O câmbio manual do Rallye é o mesmo de antes, com relações de marcha iguais às das outras versões, embora o diferencial tenha sido encurtado em 4% para atender a um motor que gira mais. Já a caixa automatizada monoembreagem I-Motion, opcional, recebeu nova programação de gerenciamento eletrônico para mudanças mais suaves. O sistema reduz gradativamente o torque do motor durante as trocas, em vez de cessá-lo bruscamente, e há maior velocidade em decisões como a de manter a marcha quando o motorista deixa de acelerar — na programação antiga, podia acontecer de a mudança para marcha superior ser processada assim mesmo por já estar em andamento. Os discos de freio (dianteiros apenas) cresceram de 257 para 280 mm de diâmetro.
Ao volante
Em vez da habitual avaliação no evento de lançamento, a VW optou por emprestar por alguns dias aos jornalistas um dos carros com o novo motor, que no caso do Best Cars foi o Gol Rallye com câmbio manual. Os primeiros 200 km de uso urbano e rodoviário deixaram boas impressões sobre o EA-211 de 1,6 litro.
O Rallye pode vir também com o câmbio automatizado I-Motion, aprimorado em
programação eletrônica; freios dianteiros maiores são novidade para 2015
A primeira boa notícia é que a agilidade que caracteriza o antigo motor foi preservada. Mesmo com a inércia dos grandes pneus, o Rallye arranca fácil e ganha desenvoltura logo ao redor de 1.500 rpm, mérito de medidas como a variação do tempo das válvulas. Em nenhum momento nota-se a “preguiça” em baixos giros que afetava antigos motores de quatro válvulas por cilindro e levou muita gente a rejeitá-los.
À medida em que cresce a rotação, o novo motor mostra sua melhor faceta, com um comportamento ágil que supera em muito o EA-111 — é tão alegre para girar que parece até mais potente que os 120 cv informados. O antigo mostrava-se um tanto limitado nesse aspecto, pela calibração voltada às baixas rotações. Outro ganho expressivo foi em suavidade: até o limite de 6.500 rpm, o 16-válvulas funciona macio, com poucas vibrações, em clara vantagem sobre o antecessor.
O que não agradou foi o nível de ruído, ainda bem presente a partir de 4.000 rpm e incômodo na faixa de 6.000, embora o 1,6 antigo não fosse melhor. A VW bem que tentou melhorar esse quesito, ao aplicar ao Rallye novos revestimentos fonoabsorventes sob o capô, na parede de fogo (divisória entre cofre e cabine) e no assoalho. Mesmo assim, viajar a 120 km/h em quinta marcha a 3.500 rpm não impõe desconforto.
O maior vão livre credencia a versão a passar onde um Gol comum teria problemas,
mas os pneus são para asfalto e a aerodinâmica sai prejudicada pela altura
De resto, à parte a suspensão elevada e a caracterização visual que nos parece de bom gosto, o Rallye é o Gol bem conhecido, com ótimo comando de câmbio, boa estabilidade em geral (para o que concorrem os pneus de asfalto, não de uso misto), conforto de marcha adequado à categoria e espaços interno e de bagagem que não se afastam da média dos hatches pequenos.
A versão vem de série com bolsas infláveis frontais, freios com sistema antitravamento (ABS), ar-condicionado, rodas de alumínio de 16 pol, faróis auxiliares de dupla função (neblina e longo alcance), sensores de estacionamento traseiros, chave tipo canivete, direção assistida, banco do motorista com regulagem de altura, vidros e retrovisores com controle elétrico e volante ajustável em altura e distância. Os opcionais incluem rádio/CD/MP3 com entrada USB e interface Bluetooth, volante com comandos de áudio e telefone (também das marchas no caso do I-Motion) e computador de bordo em um pacote, além de lanterna traseira de neblina e revestimento em couro sintético.
Com o aumento de preço (veja os valores para toda a linha Gol 2015) em 2,4%, o Gol Rallye com câmbio manual passou a custar R$ 50.150, e a versão I-Motion, R$ 53.080. Os opcionais citados e a pintura especial representam cerca de R$ 3,6 mil, o que significa que a opção mais equipada supera R$ 56 mil — muito dinheiro por um Gol, por mais prazeroso que seja acelerar o novo motor.
(Atualização em 15/4 com inclusão dos novos preços)
Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 4 em linha |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4 |
Diâmetro e curso | 76,5 x 86,9 mm |
Cilindrada | 1.598 cm³ |
Taxa de compressão | 11,5:1 |
Alimentação | injeção multiponto sequencial |
Potência máxima (gas./álc.) | 110/120 cv a 5.750 rpm |
Torque máximo (gas./álc.) | 15,8/16,8 m.kgf a 4.000 rpm |
Transmissão | |
Tipo de câmbio e marchas | manual, 5 |
Tração | dianteira |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a tambor |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | hidráulica |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | eixo de torção, mola helicoidal |
Rodas | |
Dimensões | 6 x 16 pol |
Pneus | 195/50 R 16 |
Dimensões | |
Comprimento | 3,924 m |
Largura | 1,659 m |
Altura | 1,491 m |
Entre-eixos | 2,467 m |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 55 l |
Compartimento de bagagem | 285 l |
Peso em ordem de marcha | 1.043 kg |
Desempenho e consumo (gas./álc.) | |
Velocidade máxima | 184/190 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 9,9/9,5 s |
Dados do fabricante; consumo não disponível |