Nacionalizado, Chery Celer é válida opção dos chineses

Chery Celer

 

Sem sobressair em conforto ou qualidades dinâmicas, compacto
mostra um conjunto equilibrado, mas poderia ter menores preços

Texto: Edison Ragassi – Fotos: divulgação

 

Depois de sucessivos adiamentos, a marca chinesa Chery enfim apresenta seu primeiro carro brasileiro, produzido na nova fábrica de Jacareí, no Vale do Paraíba, interior de São Paulo. Trata-se da versão reestilizada do Celer, modelo compacto lançado na China em 2008 e que já estava no mercado nacional desde março de 2013 mediante importação. O índice de nacionalização informado é de 35% na fase inicial.

Conhecido no exterior por uma infinidade de nomes — Chery A13, Fulwin 2, Storm 2, Bonus, Very, ZAZ Forza, MVM 315 —, uma vez que a designação brasileira é exclusiva daqui, o Celer mantém as duas opções de carrocerias, hatch e sedã. Fato curioso é que mesmo no sedã o vidro traseiro faz parte da tampa de acesso ao compartimento de bagagem (dentro do que se chama de liftback, classificação não usual no Brasil), uma conveniência ao carregar volumes maiores.

 

Chery Celer

 

Chery Celer
Chery Celer
 
A nova frente agrada; de traseira, o hatch mudou pouco e o sedã (cujo
vidro sobe com a tampa) algo mais, embora permaneça estranho

 

Os preços são de R$ 39 mil para o hatch básico, R$ 41 mil para o hatch Act, R$ 40 mil para o sedã básico e R$ 42 mil para o sedã Act, com garantia de três anos (era de cinco na versão chinesa, o que causa surpresa). Os equipamentos de série do Celer básico abrangem ar-condicionado, direção assistida hidráulica, freios com sistema antitravamento (ABS) e distribuição eletrônica da força de frenagem (EBD), computador de bordo, sensores de estacionamento traseiros, ajuste elétrico do facho dos faróis, rádio com toca-MP3 e controles elétricos de vidros, travas e retrovisores com controle remoto de travamento. Bolsas infláveis são apenas frontais. A versão Act acrescenta faróis de neblina, alarme antifurto, toca-CDs e rodas de alumínio, que mantêm o aro de 15 polegadas.

 

O motor tem a sensação dos quatro-válvulas
de outros tempos, mas quando “cheio”
fica esperto e o nível de ruído não incomoda

 

Os preços ficam pouco abaixo da concorrência estabelecida: como referência, o Renault Sandero Expression de 1,6 litro (106 cv com álcool) custa R$ 42.460, e o Logan de mesma versão, R$ 45.540, ambos com conteúdo mais próximo ao da versão básica do Celer. Outros competidores incluem Chevrolet Onix e Prisma, Fiat Palio e Grand Siena, Ford Ka e Ka+, JAC J3 e J3 Turin, Lifan 530, Nissan March e VersaToyota Etios e Volkswagen Gol e Voyage.

Embora pertença ao segmento de carros pequenos do mercado, o Celer está entre os maiores da classe, com comprimento de 4,19 metros no hatch e 4,33 m no sedã e distância entre eixos de 2,53 m em ambos (o Sandero mede 4,06 e 2,59 m, e o Logan, 4,35 e 2,64 m, na mesma ordem). A capacidade de bagagem está muito bem posicionada na categoria do hatch (380 litros), mas nem tanto na do sedã (450), na qual são comuns porta-malas ao redor de 500 litros.

 

Chery Celer

 

Chery Celer
Chery Celer
 
O painel redesenhado melhorou e há bom conforto para a categoria;
a versão Act acrescenta rodas de alumínio, faróis de neblina e toca-CDs

 

A remodelação deixou o Celer mais atraente (veja o modelo anterior). Os faróis agora usam refletor elipsoidal para o facho baixo e mesmo os para-lamas dianteiros foram refeitos. Na traseira do hatch mudaram apenas lanternas, que passam a usar leds, e o para-choque. O sedã ganhou ainda outra tampa do porta-malas para maior liberdade de redesenho das lanternas, o que não ajudou muito a melhorar seu estranho desenho — a outra versão é bem mais harmoniosa.

 

 

Entre as alterações internas estão bancos e painel, redesenhado com linhas mais angulosas e difusores de ar centrais elevados (eram muito baixos), embora o volante tenha sido mantido. Causam alguma estranheza os instrumentos em módulos de formas irregulares, o oposto da simplicidade do modelo anterior. Com acabamento espartano, não diferente da média nacional em sua faixa de preço, o Celer oferece conforto com bancos macios, volante de boa empunhadura, posição de dirigir adequada e espaço regular no banco traseiro.

 

Ao volante

Também de produção nacional, o motor Acteco flexível em combustível de 1,5 litro e quatro válvulas por cilindro é o mesmo da versão importada, mas com certo aumento de potência e de torque: antes com 108 cv e 14 m.kgf com qualquer dos combustíveis, ele agora fornece 109 cv/14,3 m.kgf com gasolina e 113 cv/15,5 m.kgf com álcool. A marca não divulga a aceleração de 0 a 100 km/h (pode-se estimar tempo ao redor de 13 segundos), mas informa velocidade máxima de 175 km/h. O restante do conjunto mecânico traz o “arroz com feijão” do segmento, caso da suspensão traseira por eixo de torção. Um tanto alto o peso, 1.210 kg para ambas as versões.

 

Chery Celer

 

Chery Celer
Chery Celer
 
Desempenho não é o forte do Celer, que requer altos giros para o motor
1,5 fornecer potência: o peso acima de 1,2 tonelada cobra seu preço

 

A avaliação da imprensa deu-se em local pouco apropriado para um despretensioso carro familiar — a pista do Haras Tuiuti, no município paulista homônimo, com certo espaço para acelerar e sentir sua estabilidade, mas sem os obstáculos e pisos irregulares que o Celer enfrentará no dia a dia urbano. Dirigimos as duas versões de carroceria, que mostraram comportamento semelhante.

O motor produz um ronco suave e vence a inércia lentamente, com a sensação típica dos quatro-válvulas de outros tempos: é preciso elevar a rotação para obter bom desempenho. Quando “cheio”, ele fica esperto e o nível de ruído não incomoda. Apesar dos comandos em geral serem macios, a alavanca de câmbio oferece certa resistência ao engate, o que pode melhorar. Na pista foram colocados cones para o teste de desvios (slalom), no qual tanto o hatch quanto o sedã mostraram boa desenvoltura e suspensão bem ajustada, mas com foco no conforto.

O primeiro Chery nacional — a ser seguido pela nova geração do QQ, já flagrada em testes — mostrou-se uma válida alternativa neste breve contato inicial, mas poderia custar menos para vencer a natural resistência do consumidor a uma marca que está se instalando agora, sobretudo de uma procedência tão controversa quanto a chinesa.

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Ficha técnica

Motor

Posição transversal
Cilindros 4 em linha
Comando de válvulas no cabeçote
Válvulas por cilindro 4, variação de tempo
Diâmetro e curso 77,4 x 79,5 mm
Cilindrada 1.496 cm³
Taxa de compressão 10,5:1
Alimentação injeção multiponto sequencial
Potência máxima (gas./álc.) 108/113 cv a 6.000 rpm
Torque máximo (gas./álc.) 14,3/15,5 m.kgf a 4.000 rpm

Transmissão

Tipo de câmbio e marchas manual, 5
Tração dianteira

Freios

Dianteiros a disco ventilado
Traseiros a tambor
Antitravamento (ABS) sim

Direção

Sistema pinhão e cremalheira
Assistência hidráulica

Suspensão

Dianteira independente, McPherson, mola helicoidal
Traseira eixo de torção, mola helicoidal

Rodas

Dimensões 15 pol
Pneus 185/60 R 15

Dimensões

Comprimento 4,188 m (hatch), 4,333 m (sedã)
Largura 1,686 m
Altura 1,48 m
Entre-eixos 2,527 m

Capacidades e peso

Tanque de combustível 50 l
Compartimento de bagagem 380 l (hatch), 450 l (sedã)
Peso em ordem de marcha 1.210 kg

Desempenho e consumo

Velocidade máxima 175 km/h
Aceleração de 0 a 100 km/h ND
Consumo em cidade ND
Consumo em rodovia ND
Dados do fabricante; ND = não disponível

 

 

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