Antigo motor Fire com até 88 cv não depõe contra a Strada Endurance, que tem bom torque em baixa rotação e acelera de 0 a 100 km/h como a Toro
Motor e desempenho
O mais moderno motor Firefly de 1,35 litro não equipa essa versão da Strada, que preserva o antigo Fire de 1,4 litro com 88 cv (álcool). Problemas? Não: é uma unidade comprovada e satisfatória para a proposta da Endurance, com boas respostas em baixa rotação e níveis de ruídos e vibrações aceitáveis para uma picape simples (os ruídos mecânicos em geral é que são altos).
Se o desempenho não empolga, os 14,1 segundos para acelerar de 0 a 100 km/h são condizentes com o tipo de veículo e próximos ao desempenho da Toro de 1,75 litro, que vende tão bem. O comando da transmissão manual é típico Fiat, leve e não muito preciso. O anel-trava para engate da marcha à ré poderia ser abolido.
Conforto ao rodar poderia ser maior: a suspensão traseira com eixo rígido e molas parabólicas, mantida pela robustez no transporte de carga, cobra seu preço
Consumo
Testada com álcool (nosso padrão é gasolina, mas a recebemos assim e não houve tempo hábil para a substituição), a Strada Endurance mostrou consumo urbano muito bom: os 10,6 km/l equivalem-se a cerca de 15 km/l de gasolina. Em rodovia a situação piora, pois o motor pouco potente é mais exigido e a má aerodinâmica faz mais diferença, mas os 9,2 km/l ainda são adequados.
Comportamento dinâmico
A Fiat garante que pouco foi aproveitado da antiga Strada na plataforma e na suspensão do novo modelo, mas o conforto ao rodar ainda lembra bastante o do anterior. Não pela dianteira, que está correta em calibração, e sim pela traseira dura, típica de um carro leve com grande capacidade de carga e dotado de eixo rígido com molas parabólicas. Pequenos impactos são bem transmitidos e os maiores impõem um movimento desconfortável, que não deixa o motorista esquecer o tipo de suspensão empregado.
A parte positiva é que seu comportamento dinâmico melhorou bastante. Nas curvas os movimentos são bem controlados e os pneus (195/65 R 15 para asfalto) mostram tal aderência que praticamente não se consegue fazer a frente ou a traseira sair. Assim, é preciso provocar muito para ver a luz de atuação do controle de estabilidade, inédito na Strada. A Fiat aproveitou o conjunto eletrônico para adotar um controle de tração ajustável. Ao toque do comando TC+ no painel, o sistema passa a buscar mais equilíbrio entre as duas rodas dianteiras, fazendo o papel de bloqueio parcial do diferencial, em vez de cortar potência do motor quando elas patinam juntas. Uma boa solução para uso em lama, areia e outros pisos de baixa aderência.
Com pneus 195 para asfalto, a Endurance mostra muito boa estabilidade; controle de tração e freios ABS incluem modo TC+ destinado ao fora de estrada
Os freios estão bem dimensionados. O TC+ também altera a programação do sistema antitravamento (ABS) para que não atue tão cedo, como convém no uso fora de estrada (a liberação prematura da força de frenagem pode tornar difícil frear em piso pouco aderente). Por falar nessas condições de uso, o vão livre do solo de 232 mm facilita bastante trafegar por terrenos acidentados, onde ela transmite sensação de robustez.
Seu comportamento dinâmico melhorou bastante: os movimentos são bem controlados e precisa-se provocar muito para o controle de estabilidade atuar
A Endurance mantém a antiga assistência hidráulica de direção — não recebeu a elétrica das demais versões. Bem ajustado em velocidade, o volante poderia ser mais leve em manobras. O diâmetro de giro, um pouco grande para o tamanho do carro, indica que as rodas não esterçam tanto quanto deveriam.
Segurança passiva
A Fiat tomou a boa medida de aplicar bolsas infláveis laterais dianteiras (com proteção também à cabeça) mesmo nessa versão de entrada, deixando a Strada um passo à frente das concorrentes em segurança passiva. No restante há o obrigatório por lei, com fixação Isofix para cadeiras infantis, encostos de cabeça e cintos de três pontos para as cinco pessoas.
A Strada mais simples só se justifica para venda direta: com opcionais, o preço público supera o da versão de topo Volcano, que é superior em vários aspectos
Custo-benefício
O grande problema da Strada Endurance é o preço. Se os R$ 75 mil da versão de cabine dupla já parecem altos à primeira vista, escolhê-la perde todo o sentido quando equipada como a avaliamos, com os pacotes de opcionais Worker e Teck, que levam o valor a R$ 81.130.
Isso porque a versão de topo Volcano custa R$ 80 mil com motor e acabamento superiores, direção elétrica, rodas de alumínio, faróis de leds e cobertura de caçamba, entre outros itens. A única razão de existir essa Endurance é que a Fiat lhe promove maior desconto na venda direta a frotistas e produtores rurais, condição em que surge a diferença de preço esperada entre as versões.
A Saveiro mais próxima, a Robust de cabine dupla, sai por R$ 79.280 com o pacote de opcionais necessário. Oferece vantagem em desempenho (motor 1,6 de até 104 cv) e freios traseiros a disco, mas perde por ter apenas duas portas e não vir com qualquer sistema de áudio. Assim, em termos de preço ao público geral, a Strada Endurance faria uma proposta interessante de custo-benefício… se não houvesse pela mesma faixa de preço as versões superiores da própria Fiat.
Mais Avaliações
Nossas notas
Estilo | 3 |
Acabamento e conveniência | 3 |
Posto do motorista | 3 |
Espaço interno | 3 |
Porta-malas | 4 |
Motor e desempenho | 3 |
Consumo | 4 |
Comportamento dinâmico | 3 |
Segurança passiva | 4 |
Custo-benefício | 3 |
Média | 3,3 |
As notas vão de 1 a 5, sendo 5 a melhor; conheça nossa metodologia |
Desempenho e consumo
Aceleração | |
0 a 100 km/h | 14,1 s |
0 a 120 km/h | 21,4 s |
0 a 400 m | 19,2 s |
Retomada | |
60 a 100 km/h (3ª.) | 8,3 s |
60 a 100 km/h (4ª.) | 12,1 s |
60 a 120 km/h (4ª.) | 19,5 s |
80 a 120 km/h (4ª.) | 13,8 s |
Consumo | |
Trajeto leve em cidade | 10,6 km/l |
Trajeto exigente em cidade | 5,9 km/l |
Trajeto em rodovia | 9,2 km/l |
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Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 4 em linha |
Comando de válvulas | no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 2 |
Diâmetro e curso | 72 x 84 mm |
Cilindrada | 1.368 cm³ |
Taxa de compressão | 12,35:1 |
Alimentação | injeção multiponto sequencial |
Potência máxima (gas./álc.) | 85/88 cv a 5.750 rpm |
Torque máximo (gas./álc.) | 12,4/12,5 m.kgf a 3.500 rpm |
Transmissão | |
Tipo de caixa e marchas | manual, 5 |
Tração | dianteira |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a tambor |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | hidráulica |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | eixo rígido, mola semielíptica |
Rodas | |
Dimensões | 15 pol |
Pneus | 195/65 R 15 |
Dimensões | |
Comprimento | 4,48 m |
Largura | 1,732 m |
Altura | 1,595 m |
Entre-eixos | 2,737 m |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 55 l |
Caçamba | 844 l |
Peso em ordem de marcha | 1.140 kg |
Desempenho e consumo (gas./álc.) | |
Velocidade máxima | 157/159 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 13,4/12,8 s |
Consumo em cidade | 11,7/8,3 km/l |
Consumo em rodovia | 12,4/8,9 km/l |
Dados do fabricante; consumo conforme padrões do Inmetro |