Painel convencional (fotos) pode dar lugar a quadro de instrumentos digital
Nem faz muito tempo que estivemos no circuito Velo Cittá, em Mogi Guaçu, interior de São Paulo, para avaliar o Jaguar XE e já voltamos para, dessa vez, assumir o volante das duas versões do XF. Tudo começou na estrada que liga Campinas a Mogi Guaçu com o sedã equipado com motor de 2,0 litros.
Da avaliação do XE com o mesmo motor, ficamos com uma má impressão quando rodamos em alta velocidade e sentimos a frente instável, “passarinhando”. Nesse novo Jaguar fizemos questão de verificar se o mal se repetia. Não: a característica desapareceu. Ele mantém a trajetória com precisão mesmo fazendo de conta que aqui é a Alemanha.
Um destaque são os sistemas de auxílio ao motorista, que entre outras coisas impedem que o carro mude de faixa sem intenção do condutor. Funcionam mesmo. O dispositivo “lê” as faixas pintadas no asfalto e mantém o carro alinhado: caso o motorista queira mudar de faixa sem usar a luz de direção, o volante fica pesado para opôr resistência — se ele forçar, porém, libera a função para que permita um desvio de emergência. Prática também é a projeção de informações (como velocidade, marcha engatada e referências de navegação) no para-brisa.
Versões turbo andam bem, mas não empolgam; estrutura de alumínio reduziu peso
Em termos de desempenho o XF de 240 cv cumpre sua função, mas não chega a empolgar: seria desejável mais potência e torque para sua faixa de peso. De qualquer forma, a concorrência alemã hoje está bastante concentrada nessa faixa de cilindrada e não há por que a Jaguar temer uma rejeição. A transmissão automática de oito marchas opera com grande suavidade e, a 120 km/h na última, o motor registra 2.100 rpm.
Com tração traseira, o XF tende a sobresterçar no limite, mas com os controles eletrônicos tudo se torna fácil
Como habitual hoje, os modos de gerenciamento eletrônico alteram bastante as reações do carro. No econômico as respostas do acelerador ficam mais lentas e as trocas de marchas são antecipadas, enquanto no esportivo percebe-se que as retomadas de velocidade são mais vigorosas e as marchas são “esticadas” até 6.500 rpm.
Avaliar carros potentes em um autódromo é sempre muito divertido, mas limita algumas análises: o asfalto é perfeito e nem sempre se pode desenvolver a velocidade necessária. No caso do Velo Cittá a reta é curta, mas o que valeu muito foram as curvas. O XF avaliado no circuito foi o V6, com 380 cv à disposição e liberdade total para levá-lo ao limite.
Com 380 cv e alto torque à disposição, o XF S impressiona em desempenho
Saímos primeiro com o Jaguar em modo automático, privilegiando o conforto. Mal demos meia volta na pista e nosso instrutor passou para o modo dinâmico, que deixa as respostas do acelerador mais rápidas e o volante mais firme; optamos por trocar as marchas pelos comandos do volante. O V6 mostrou a que veio, com um empurrão decidido nas costas e um som que emocionaria até a vovó no banco traseiro. Ao contrário do XE, ao se acelerar em modo Sport, o motor cresce até entrar no corte de ignição, mas não muda de marcha: é o motorista que comanda a hora da troca.
Por ter tração traseira — ideal para um modelo esportivo e de grande potência —, o XF tende a sobresterçar um pouco quando provocado no limite, mas com tantos controles eletrônicos tudo se torna fácil e equilibrado. Fizemos várias simulações de erros propositais, mas é como se uma “força maior” corrigisse tudo em fração de segundos. Freios poderosos e controle de estabilidade bem acertado fazem da pilotagem na pista uma tarefa até fácil: eventuais erros são perdoados e corrigidos pela eletrônica. Não chega a ser um esportivo puro, mas para um sedã de luxo chega a impressionar como transmite muita segurança nas curvas.
A Jaguar, para muitos, ainda é sinônimo apenas de requinte e tradição. Mas o XF de primeira geração fez sua parte no processo de rejuvenescer a marca, tornando-a atraente a um público mais jovial, o que o novo modelo só vem acentuar. Para os alemães, é bom começar a abrir os horizontes e espiar a concorrência que vem do oeste.
Mais Avaliações |
Ficha técnica
XF R-Sport 2,0 | XF S 3,0 | |
Motor | ||
Posição | longitudinal | |
Cilindros | 4 em linha | 6 em V |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote | |
Válvulas por cilindro | 4, variação de tempo | |
Diâmetro e curso | 87,5 x 83,1 mm | 84,5 x 89 mm |
Cilindrada | 1.999 cm³ | 2.995 cm³ |
Taxa de compressão | 10:1 | 10,5:1 |
Alimentação | injeção direta, turbocompressor, resfriador de ar | injeção direta, compressor, resfriador de ar |
Potência máxima | 240 cv a 5.500 rpm | 380 cv a 6.500 rpm |
Torque máximo | 34,7 m.kgf de 1.750 a 4.000 rpm | 45,9 m.kgf a 4.500 rpm |
Transmissão | ||
Tipo de caixa e marchas | automática, 8 | |
Tração | traseira | |
Freios | ||
Dianteiros | a disco ventilado | |
Traseiros | a disco | |
Antitravamento (ABS) | sim | |
Direção | ||
Sistema | pinhão e cremalheira | |
Assistência | elétrica | |
Suspensão | ||
Dianteira | independente, braços sobrepostos, mola helicoidal | |
Traseira | independente, multibraço, mola helicoidal | |
Rodas | ||
Dimensões | 8 x 18 pol | 8 x 19 pol |
Pneus | 245/45 R 18 | 245/40 R 19 |
Dimensões | ||
Comprimento | 4,954 m | |
Largura | 1,88 m | |
Altura | 1,457 m | |
Entre-eixos | 2,96 m | |
Capacidades e peso | ||
Tanque de combustível | 74 l | |
Compartimento de bagagem | 505 l | |
Peso em ordem de marcha | 1.590 kg | 1.710 kg |
Desempenho | ||
Velocidade máxima | 248 km/h | 250 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 7,0 s | 5,3 s |
Dados do fabricante; consumo não disponível |