Sem alterações técnicas, mas mais bonita com a frente refeita,
a minivan que tenta ser SUV continua com boa relação custo-benefício
Texto: Edison Ragassi – Fotos: divulgação
Após quatro anos de mercado europeu (pouco menos no Brasil, onde desembarcou em novembro de 2010), a Peugeot 3008 ganha uma remodelação dianteira na linha 2015 para assumir a nova identidade da marca, já presente no 208, no 508 e no RCZ entre os modelos oferecidos aqui. Pelos critérios do Best Cars trata-se de uma minivan como a “prima” Citroën C4 Picasso, embora o fabricante busque colocá-la no badalado segmento de utilitários esporte (SUVs).
A 3008 agora é oferecida por R$ 100 mil — leva-se R$ 10 de troco — em versão única Griffe, a mais luxuosa entre as duas antes disponíveis (a outra era a Allure), mantendo o motor THP turbo de 1,6 litro com injeção direta e potência de 165 cv e a caixa de câmbio automática de seis marchas.
Estilo da 3008 está mais refinado e agradável com a frente redesenhada; na traseira
mudaram só lanternas e logotipos; versão única Griffe tem preço de R$ 100 mil
Os equipamentos de série são fartos: controle eletrônico de estabilidade e tração, freios antitravamento (ABS) com distribuição eletrônica da força de frenagem e assistência adicional em emergência, seis bolsas infláveis (frontais, laterais dianteiras e cortinas laterais), fixação Isofix para cadeiras infantis, ar-condicionado automático de duas zonas, bancos revestidos de couro, sensores de estacionamento na traseira, faróis e limpador de para-brisa automáticos, volante ajustável em altura e distância, computador de bordo, alarme antifurto, rádio/CD/MP3 com interface Bluetooth para telefone celular e comandos junto ao volante, navegador em tela retrátil de 7 pol, controlador e limitador de velocidade, teto envidraçado e rodas de 17 pol.
A baixa cilindrada pode fazer os desavisados
pensarem que o motor THP não dá conta
do recado, mas ele está bem dimensionado
A reestilização fez bem à 3008, cuja frente do modelo anterior nos fazia lembrar um buldogue. A ampla grade perdeu o padrão quadriculado e ganhou moldura cromada; o emblema do leão agora “flutua” no capô em vez de estar em uma seção preta; há o logotipo Peugeot acima da grade; faróis e para-choque ganharam aspecto mais elaborado. A mudança não exigiu refazer capô ou para-lamas, o que conteve os custos. No restante mudaram apenas as rodas, as lanternas traseiras (sem alteração de formato) e o logotipo Peugeot na traseira. O coeficiente aerodinâmico (Cx) 0,296 é muito bom, sobretudo se comparado ao de utilitários esporte.
O interior é o mesmo de antes. Trata-se de uma ampla cabine, capaz de acomodar com muito conforto adultos de 1,80 metro na frente e atrás, embora a largura interna não seja ideal para três. A grande área envidraçada permitiria ótima visibilidade, se não fossem as largas colunas traseiras e as dianteiras bem avançadas, mas traz o inconveniente de tornar o interior mais quente, o que obriga ao uso intenso do ar-condicionado. Os instrumentos do painel são fáceis de visualizar, o teto envidraçado é agradável e o freio de estacionamento tem comando elétrico e automático. Os bancos vêm em couro cinza claro no carro preto e em preto nos modelos em branco e prata (o belo marrom da foto também será oferecido).
Interior sem novidades vem bem-equipado: projeção elevada de velocidade, ar-
condicionado de duas zonas, navegador, freio de estacionamento automático
Há soluções criativas na minivan, como a tela de policarbonato que recebe projeção de informações de velocidade (atual e memorizada no limitador ou no controlador), mantendo-as na linha de visão da estrada; o amplo compartimento central para objetos e a tampa inferior de acesso ao compartimento de bagagem, correspondente ao para-choque, que se abre para baixo como a das caçambas de picapes e serve de apoio para a carga (pode-se abrir apenas a superior, para cima). A prateleira de base do porta-malas admite três alturas. Sua capacidade de 432 litros (padrão VDA), porém, está aquém do necessário para a bagagem familiar.
Baixa cilindrada engana
A inalterada mecânica da 3008 compreende um motor de moderna geração, basicamente o mesmo usado pela BMW em modelos Mini, Série 1 e Série 3, embora cada parceiro do projeto tenha adotado algumas soluções próprias. A potência de 165 cv é apenas razoável para uma minivan pesada (1.480 kg), mas o ponto alto é o torque máximo de 24,5 m.kgf presente já a 1.400 rpm. A tração é apenas dianteira e as suspensões repetem os conceitos do 308, com eixo traseiro de torção, pois a plataforma básica é comum entre eles.
A avaliação de lançamento promovida pela Peugeot aconteceu entre Guarulhos e Itatiba, ambas em São Paulo, em rodovias vicinais, a Fernão Dias e a Dom Pedro I. Nas vicinais, ao transpor algumas lombadas, foi possível sentir o conforto que ela oferece nessas condições, ao mesmo tempo em que mantém muito boa estabilidade nas retas e curvas. Nas rodovias de maior velocidade o difícil foi segurá-la em 110 km/h, pois o motor desenvolve de maneira rápida — a fábrica anuncia aceleração de 0 a 100 km/h em 9,5 segundos.
O desempenho do motor THP é melhor do que os 165 cv fazem esperar, pois todo
o alto torque surge a 1.400 rpm; tampa inferior traseira facilita colocar a carga
A baixa cilindrada pode fazer os desavisados pensarem que o THP não dá conta do recado, mas ele está bem dimensionado: tem ótimo arranque, desenvolve velocidade sem esforço aparente e produz poucos ruídos e vibrações, mesmo quando mais solicitado. Deixa anos-luz para trás o motor aspirado de 2,0 litros da principal concorrente entre as minivans, a C4 Picasso. O câmbio automático bem ajustado faz mudanças suaves, inclusive no modo de trocas manuais, e responde bem ao acelerador.
Como minivan de porte médio, a 3008 participa de um segmento em declínio que não tem recebido investimentos de outras marcas: a Citroën não planeja trazer este ano a nova C4 Picasso, nem a Kia importar a nova Carens, enquanto a General Motors abandonou o segmento ao descontinuar a Zafira. Se vista como utilitário esporte, ela enfrenta grande número de adversários — como Chevrolet Captiva, Fiat Freemont, Honda CR-V, Hyundai IX35, Kia Sportage, Mitsubishi ASX e Toyota RAV4 — e, embora nos pareça deslocada no segmento, consegue oferecer maior conteúdo e melhor desempenho que a maioria deles por um preço competitivo.
Atualizado em 24/5 com informação sobre oferta da cor marrom.
Mais Avaliações |
Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 4 em linha |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4, variação de tempo |
Diâmetro e curso | 77 x 85,8 mm |
Cilindrada | 1.598 cm³ |
Taxa de compressão | 10,5:1 |
Alimentação | injeção direta, turbocompressor, resfriador de ar |
Potência máxima | 165 cv a 6.000 rpm |
Torque máximo | 24,5 m.kgf a 1.400 rpm |
Transmissão | |
Tipo de câmbio e marchas | automático, 6 |
Tração | dianteira |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a disco |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | eletro-hidráulica |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | eixo de torção, mola helicoidal |
Rodas | |
Dimensões | 17 pol |
Pneus | 225/50 R 17 |
Dimensões | |
Comprimento | 4,365 m |
Largura | 1,837 m |
Altura | 1,639 m |
Entre-eixos | 2,613 m |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 60 l |
Compartimento de bagagem | 432 l |
Peso em ordem de marcha | 1.480 kg |
Desempenho e consumo | |
Velocidade máxima | 202 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 9,5 s |
Dados do fabricante; consumo não disponível |