Sem alterações mecânicas, nova versão traz detalhes de estilo e central de áudio com integração a Car Play e Android Auto
Texto: Kelvin Silva – Fotos: Rodolfo Buhrer (divulgação)
O Renault Kwid ganha uma nova versão no mercado brasileiro: a Outsider, mostrada como estudo no Salão de Buenos Aires de 2018, quando o modelo fabricado em São José dos Pinhais, PR, foi revelado pela primeira vez ao público. A opção, que vem ocupar o topo da linha Kwid, não traz alterações técnicas: as novidades estão no pacote visual, que busca um ar “aventureiro”, e na central de áudio com integração a celular.
O Kwid já era o único modelo do segmento de subcompactos nacional (que também conta com Fiat Mobi e Volkswagen Up) a oferecer uma central com tela sensível ao toque de 7 polegadas, navegador e câmera traseira de manobras. O novo aparelho Media Evolution vai adiante e permite executar aplicativos pelos sistemas Android Auto e Apple Car Play, como o de música Spotify, os navegadores Waze e Google Maps (este só para Android Auto) e áudios de Whatsapp. A tela passa a ser capacitiva, mais precisa ao toque e apta a comandos de arrastar. O recurso Driving Eco2, que avalia a eficiência da condução, foi mantido mas deixa de existir o navegador integrado. A tomada USB, antes no aparelho, agora vem no console. A versão Intense adota a mesma central.
Molduras laterais e nos faróis de neblina, calotas pretas, barras de teto e apliques prateados buscam ar “aventureiro” ao Outsider, que custa R$ 2.100 a mais que o Intense
Na parte visual, o Outsider traz novas molduras nos faróis de neblina, apliques prateados nos para-choques dianteiro e traseiro, moldura lateral e barras de teto. O nome Outsider aparece nas laterais, abaixo das janelas. O estudo de 2018 trazia rodas de alumínio, mas na versão final optou-se por manter as calotas, agora pretas. O interior recebe tecido de revestimento com o padrão colmeia e detalhes alaranjados nos bancos (que têm o nome da versão nos encostos), volante e pomo da alavanca de transmissão.
Nada de novo no motor SCE de 1,0 litro, três cilindros e 12 válvulas, que produz potência de 66 cv e torque de 9,4 m.kgf com gasolina ou, caso use álcool, 70 cv e 9,8 m.kgf. Altura de rodagem, pneus e acerto de suspensão também seguem inalterados, mas os freios recebem disco ventilado (em vez de sólido) na frente e servo-freio maior. A segunda medida evita a sensação de pouca potência de frenagem, percebida no modelo anterior em frenagens de médio esforço. Ambas devem ser estendidas às demais versões.
O Best Cars fez uma breve avaliação de 25 quilômetros pela cidade de São Paulo, incluindo as vias marginais. O motor tem bom desempenho para o cotidiano, mas perde bastante quando o ar-condicionado está ligado, requerendo aumento de rotações para manter a agilidade. Quando mais exigido, deixa a desejar: passa a sensação sonora e sensitiva (no volante, pedais e alavanca de transmissão) de que está sendo forçado, pelo nível acentuado de vibrações. Nota-se também uma ressonância vindo do motor no lado direito do veículo por volta de 1.500 rpm. A transmissão exige certa carga a mais para o engate.
O laranja está em faixas nos bancos, detalhes no volante e no pomo de transmissão; nova central tem integração a celular e mantém tela de 7 pol, agora capacitiva
A estética do Outsider ficou interessante, com uma proposta jovial. O interior com duas tonalidades dá um ar diferente, embora os materiais de painel e portas continuem bem simples. A central de áudio mostrou-se eficiente, com fácil uso e boa interatividade com o celular, além de seu toque estar dentro do padrão atual — a antiga, não capacitiva, parecia responder mal a alguns comandos. A Renault poderia adotar travamento das portas automático a partir de certa velocidade.
O motor tem bom desempenho para o cotidiano, mas quando mais exigido passa a sensação de que está sendo forçado, pelo nível acentuado de vibrações
Em dirigibilidade o Kwid tem suas vantagens e suas falhas. A direção com assistência elétrica é leve e agradável em cidade e o grande vão livre do solo pode facilitar em valetas e lombadas, mas a suspensão deixa o carro “mole” quando passa por imperfeições na pista, podendo chegar ao fim de curso com certa facilidade. O afundamento da frente em frenagens e a inclinação lateral em curvas mais rápidas também são acentuados em relação aos concorrentes.
Agilidade no uso urbano, grande vão livre do solo e direção leve continuam bons atributos do Kwid; o espaço interno pode ser sua maior limitação de uso
O espaço para o motorista é bom em altura, mas caso necessite levar mais pessoas haverá desconforto. Para condutores mais altos, a posição do banco em relação à coluna “B” cria um ponto cego na lateral. Não há regulagem do volante e da altura de banco. Atrás, a fixação Isofix para cadeira infantil é um bom item. As barras de teto do Outsider vêm com informativo de que não deve ser aplicado peso em cima, ou seja, não podem ser usadas para acoplar um porta-bicicleta ou um baú.
Com a saída de produção do VW Take Up, o Kwid ficou praticamente com um só concorrente direto: o Mobi, sobre o qual leva vantagens em espaço de bagagem e central de áudio. Sobre a versão Outsider em si, a relação custo-benefício não é tão atraente quanto a da Intense, pois faltam equipamentos adicionais para justificar os R$ 2.100 de acréscimo no preço. Mesmo assim, pode ser uma boa pedida para pessoas que querem simplicidade, economia e praticidade no dia a dia e que gostam de um visual mais “aventureiro”.
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Versões, preços e equipamentos
• Kwid Life – R$ 33.290 – Bolsas infláveis laterais dianteiras, fixação Isofix para cadeira infantil, indicador de troca de marcha.
• Kwid Zen – R$ 38.790 – Como o Life, mais ar-condicionado, controle elétrico de vidros dianteiros e travas, direção com assistência elétrica, rádio com Bluetooth e entradas USB e auxiliar.
• Kwid Intense – R$ 41.890 – Como o Zen, mais abertura elétrica do porta-malas, ajuste elétrico dos retrovisores, câmera traseira de manobras, central de áudio Media Evolution com integração a celular, chave dobrável, faróis de neblina.
• Kwid Outsider – R$ 44 mil – Como o Intense, mais barras de teto e detalhes de acabamento.
Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 3 em linha |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4 |
Diâmetro e curso | 71 x 84,1 mm |
Cilindrada | 999 cm³ |
Taxa de compressão | 11,5:1 |
Alimentação | injeção multiponto sequencial |
Potência máxima (gas./álc.) | 66/70 cv a 5.500 rpm |
Torque máximo (gas./álc.) | 9,4/9,8 m.kgf a 4.250 rpm |
Transmissão | |
Tipo de caixa e marchas | manual, 5 |
Tração | dianteira |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a tambor |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | eixo de torção, mola helicoidal |
Rodas | |
Dimensões | 14 pol |
Pneus | 165/70 R 14 |
Dimensões | |
Comprimento | 3,68 m |
Largura | 1,579 m |
Altura | 1,474 m |
Entre-eixos | 2,423 m |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 38 l |
Compartimento de bagagem | 290 l |
Peso em ordem de marcha | 798 kg |
Desempenho e consumo (gas./álc.) | |
Velocidade máxima | 152/156 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 15,5/14,7 s |
Consumo em cidade | 14,9/10,5 km/l |
Consumo em rodovia | 15,6/10,8 km/l |
Dados do fabricante; consumo conforme padrões do Inmetro |