Com roupa toda nova, o sedã enfim ficou bonito por fora e por
dentro — e preserva as qualidades que fizeram seu fã-clube
Texto: Geraldo Tite Simões – Fotos: divulgação
Parecia um mote eterno. Os proprietários do sedã Renault Logan costumavam se referir ao carro como robusto, espaçoso, confiável, mas na hora de comentar a estética… mudavam de assunto. Era mesmo difícil chamar de bonito aquele visual antiquado, retilíneo, de carro desenhado para custar pouco e atender a mercados descompromissados com a aparência no Leste europeu. Agora não mais, porque houve um trabalho muito bem elaborado na carroceria que o deixou mais atual, harmonioso e — por que não? — bonito por fora e por dentro.
A linha 2014 compreende três versões. A de entrada, Authentique, vem apenas com motor de 1,0 litro e 16 válvulas e custa R$ 29 mil (antes, R$ 27.500). Espartana, traz de série bolsas infláveis frontais, freios antitravamento (ABS) com distribuição eletrônica da força de frenagem (EBD), rodas de 15 pol, retrovisores com regulagem interna, conta-giros, para-sol com espelho de cortesia, aberturas internas do porta-malas e tanque e cinto de três pontos retráteis nas laterais do banco traseiro. São opcionais direção assistida, ar quente, desembaçador do vidro traseiro e ar-condicionado.
A carroceria redesenhada deixou o Logan bem mais agradável; a versão Authentique
vem com motor 1,0-litro de 16 válvulas e apenas o essencial no conteúdo de série
O Logan Expression 1,0 16V (que custa R$ 34 mil, ante R$ 29.800 do anterior) e o 1,6 (R$ 39.440, contra R$ 36.695 do modelo antigo) acrescentam direção assistida, rádio/CD/MP3 com entrada USB e comandos no volante, interface Bluetooth, controle elétrico dos vidros dianteiros e das travas das portas (estas com acionamento a distância), banco do motorista ajustável em altura, alarme, computador de bordo, banco traseiro rebatível, ar quente e desembaçador traseiro, além de acabamento superior. No caso do motor 1,6 vem ainda ar-condicionado, opcional no 1,0. Oferece à parte navegador no painel com tela de 7 pol e sensores de estacionamento na traseira.
Segundo a Renault, 72% dos componentes são novos e é difícil localizar os 28% “reciclados”, porque ele parece totalmente refeito
Na inédita versão Dynamique (R$ 42.100), que vem sempre com motor 1,6, constam os equipamentos da Expression mais rodas de alumínio, faróis de neblina, controle elétrico dos vidros traseiros, controlador e limitador de velocidade, retrovisores com comando elétrico e luzes indicadoras de direção, banco traseiro bipartido e volante revestido em couro. São opcionais navegador, indicador de temperatura externa, ar-condicionado automático e sensores de estacionamento; há ainda o pacote Sport de acessórios com anexos aerodinâmicos. Caixa de câmbio automática deixa de existir, mas está prevista para o próximo ano uma automatizada de cinco marchas. A garantia é sempre de três anos ou 100 mil quilômetros.
O Logan continua com todas aquelas qualidades bem conhecidas por quem tem ou teve um. Segundo a Renault, 72% dos componentes são novos e é difícil localizar os 28% “reciclados”, porque olhando parece totalmente refeito. As linhas — iguais aos do modelo romeno lançado há um ano, salvo por detalhes — estão mais arredondadas, com destaque para os para-lamas. Os dianteiros ganharam um vinco que acompanha a caixa de rodas e lembram levemente os do Duster. Os traseiros também receberam um vinco discreto que deixou com ares mais robustos. Se a ideia era passar uma imagem de veículo maior, conseguiram.
O interior da versão de entrada mostra o painel reformulado, mais atual; os
espaços no banco traseiro e para bagagem (510 litros) permanecem destaques
A frente segue o novo padrão visual da Renault e usa faróis de duplo refletor. Na traseira, para-lamas mais volumosos e lanternas horizontais trazem a sensação de maior largura (ao contrário das verticais, que fazem o carro parecer alto e estreito). Embora a estrutura básica do carro seja a mesma do anterior, até o para-brisa ficou maior e mais inclinado, de modo que a expressão “nova geração” não constitui exagero. O coeficiente aerodinâmico (Cx) melhorou bastante, de 0,37 para 0,34. Lamenta-se que os repetidores laterais de luzes de direção venham apenas na versão de topo, pois a posição das luzes dianteiras impede sua visualização pela lateral.
O bom trabalho repetiu-se no interior, em que o novo painel transmite ar mais refinado e posiciona o aparelho de áudio e os difusores de ar centrais mais elevados. O quadro de instrumentos ganha um mostrador digital à direita para indicação de combustível, temperatura e computador de bordo. Como antes, os puxadores das portas são diferentes entre a versão Authentique e as outras, mas agora estão mais práticos mesmo no Logan mais barato. A tela central de sete polegadas, sensível ao toque e dotada de navegador, passa a orientar sobre direção econômica e analisar o trajeto efetuado do ponto de vista da eficiência.
A posição de dirigir ficou um pouco mais esportiva com a adoção de bancos mais envolventes. Na versão Dynamique os novos bancos usam espuma de material sintético que dispensa costuras e, a partir da Expression, há regulagem de altura no banco do motorista e no volante. Claro que permanece um dos principais atributos do Logan desde sempre: a capacidade do banco traseiro, que efetivamente comporta três pessoas adultas.
O topo de linha Dynamique, versão inédita no Logan, mostra o melhor do
trabalho de estilo; as lanternas contribuem para sensação de largura
O acabamento interno está dentro do esperado para a categoria. Os controles elétricos dos vidros dianteiros vêm nas portas, mas os traseiros do Dynamique vêm no painel — a versão lançada para 2011 havia colocado todos eles na porta do motorista. O ajuste dos retrovisores está no painel, ao lado esquerdo do volante. O grande porta-malas, agora com abertura por dentro, tem capacidade para 510 litros e uma tampa muito leve que abre além dos 90°. Agora há opção de banco traseiro rebatível (deveria vir em toda a linha) e, no Dynamique, bipartido 60:40 para receber cargas maiores ou mais compridas.
Ao volante
O motor de 1,6 litro é o mesmo do modelo 2013, que havia recebido evoluções no Logan e no Sandero para ganhar potência e torque. Já o de 1,0 litro passou agora pelas melhorias lançadas há um ano no Clio, como taxa de compressão elevada de 10:1 para 12:1 e novas bielas, o que elevou seu rendimento para 77/80 cv e 10,2/10,5 m.kgf (gasolina e álcool, na ordem) e, segundo a fábrica, reduziu o consumo. No restante da mecânica, as alterações incluem bitolas mais largas — em 27 mm à frente e 19 mm atrás — e direção com assistência variável.
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