O espaço interno continua um destaque do Sandero; no Expression o acabamento
é espartano; a capacidade de 320 litros de bagagem é a mesma do anterior
Motores pedem evolução
De acordo com a Renault, os novos Logan e Sandero usam uma plataforma toda nova. Contudo, as dimensões básicas serem as mesmas de antes (como as distâncias entre eixos, diferenciadas entre hatch e sedã), assim como o peso de 1.055 kg para o 1,6, deixa-nos céticos quanto à afirmação. O fabricante aponta 80% de novos componentes no carro, o que inclui central elétrica integrada, apta a lidar com mais recursos eletrônicos com menor número de cabos — algo que existe há mais de 10 anos em alguns concorrentes, mas ainda não era usado no modelo.
Os motores, porém, dão o tom antiquado: são os mesmos em uso pelo Clio desde 1998 (o de 1,6 litro) e 2001 (o de 1,0 litro), com pequenas evoluções. A versão de menor cilindrada recebeu os aprimoramentos já aplicados ao Clio e ao Logan, como taxa de compressão mais alta e novas bielas. O resultado foi obter potência de 77 cv com gasolina e 80 cv com álcool, com torque de 10,2/10,5 m.kgf, ante 76/77 cv e 9,9/10,1 m.kgf do anterior (na mesma ordem de combustíveis). O 1,6 segue inalterado (veja seus dados na ficha técnica).
A Renault anuncia uma plataforma toda nova, mas os motores são antigos;
o de 1,0 litro (à esquerda) passou por evoluções já aplicadas ao Clio e ao Logan
As suspensões foram recalibradas e as bitolas aumentaram (em 33 mm a dianteira e 25 mm a traseira). Na direção, a assistência hidráulica tornou-se variável: atua com menos intensidade quando se gira pouco o volante, como em alta velocidade, e mais quando se esterça muito, como em manobras urbanas. A Renault aponta ainda melhor isolamento de ruídos e vibrações.
As suspensões atendem bem às necessidades:
o Sandero é macio em obstáculos
corriqueiros e firme em boa medida nas curvas
Avaliado na região do Costão do Santinho, em Florianópolis, SC, o Sandero mostrou algumas qualidades conhecidas e outras inéditas. O interior agrada pelo aspecto e os bancos ficaram mais confortáveis. O quadro de instrumentos ganhou aparência superior, embora a grafia seja algo congestionada (um traço a cada 2 km/h no velocímetro, por exemplo) e deixe de existir termômetro do motor, que alguns gostam de ter. Ficou um pouco escuro com sol forte, o que causa algum desconforto.
Dirigimos as duas opções de motores, e o que chamou a atenção no trajeto percorrido foi o fôlego do 1,0-litro. O bom acerto de motor e câmbio fez o Sandero de entrada ganhar em desempenho: com duas pessoas, mostrou-se ágil para acelerar com uma curva de torque elástica. Já não se precisa reduzir marchas com tanta frequência no uso urbano, como ao transpor lombadas, e aumentos de velocidade podem ser feitos com facilidade. Ele só mostra sua baixa cilindrada nos trechos mais íngremes, quando é necessário o uso do câmbio para manter altas rotações.
Conforto de rodagem com boa estabilidade é uma qualidade preservada do
Sandero; com preços competitivos, ele deve seguir o êxito do anterior
O motor 1,6 tem perfil diferente: arranca com desenvoltura e acelerações rápidas em baixa rotação, mas não gosta de “girar”, pois as vibrações se acentuam. A versão 16-válvulas, bem superior no quesito suavidade de operação, deixa saudades. Mas o nível de ruídos em geral foi aprimorado, em coerência à melhora de aparência geral do modelo. Nos dois casos o câmbio tem comando relativamente macio e preciso.
As suspensões atendem bem às necessidades do usuário de um carro desse porte. O Sandero consegue ser macio em obstáculos corriqueiros, como valetas e lombadas, e firme em boa medida ao enfrentar uma curva. A sensação de robustez ao uso prolongado em nossos pisos fica clara, o que sempre agrada. Os freios estão bem calibrados, mas a direção ainda está longe da excelência obtida por adversários com assistência elétrica: é um pouco pesada em manobras.
O Sandero passou, de fato, por uma evolução que agrada à visão, ao tato e à audição, embora não negue sua origem espartana quando comparado a concorrentes como Citroën C3, o novo Ford Fiesta e Peugeot 208. Ele merece da Renault o investimento em um motor de 1,6 litro mais potente e uma boa solução para o lugar da caixa automática. Entretanto, diante do interior espaçoso e dos preços competitivos — a versão mais cara fica próxima em valor às opções de entrada daqueles modelos —, é certamente uma alternativa a considerar entre os hatches compactos.
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Ficha técnica
Expression 1,0 16V |
Dynamique 1,6 |
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Motor | ||
Posição | transversal | |
Cilindros | 4 em linha | |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote | no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4 | 2 |
Diâmetro e curso | 69 x 66,8 mm | 79,5 x 80,5 mm |
Cilindrada | 999 cm³ | 1.598 cm³ |
Taxa de compressão | 12:1 | |
Alimentação | injeção multiponto sequencial | |
Potência máxima (gas./álc.) | 77/80 cv a 5.750 rpm | 98/106 cv a 5.250 rpm |
Torque máximo (gas./álc.) | 10,2/10,5 m.kgf a 4.250 rpm | 14,5/15,5 m.kgf a 2.850 rpm |
Transmissão | ||
Tipo de câmbio e marchas | manual, 5 | |
Tração | dianteira | |
Freios | ||
Dianteiros | a disco | a disco ventilado |
Traseiros | a tambor | |
Antitravamento (ABS) | sim | |
Direção | ||
Sistema | pinhão e cremalheira | |
Assistência | hidráulica | |
Suspensão | ||
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal | |
Traseira | eixo de torção, mola helicoidal | |
Rodas | ||
Dimensões | 15 pol | |
Pneus | 185/65 R 15 | |
Dimensões | ||
Comprimento | 4,06 m | |
Largura | 1,733 m | |
Altura | 1,536 m | |
Entre-eixos | 2,59 m | |
Capacidades e peso | ||
Tanque de combustível | 50 l | |
Compartimento de bagagem | 320 l | |
Peso em ordem de marcha | 1.013 kg | 1.055 kg |
Desempenho e consumo (gas./álc.) | ||
Velocidade máxima | 160/161 km/h | 177/179 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 14,1/14,0 s | 11,2/11,0 s |
Consumo em cidade | 11,9/8,1 km/l | ND |
Consumo em rodovia | 13,4/9,2 km/l | ND |
Dados do fabricante; ND = não disponível |