Trajetos ao interior e ao litoral mostraram qualidades como estabilidade e economia, mas também limitações
Texto: Felipe Hoffmann – Fotos: autor e Fabrício Samahá
A terceira semana do teste Um Mês ao Volante deu oportunidade ao Honda Fit EXL de colocar os pneus na estrada: o colaborador Leonardo Costa precisou fazer, em dois dias, viagens de São Paulo a Santos e entre São Paulo, Botucatu e Bauru (todas no estado de São Paulo), em um total de 817 quilômetros de rodovia com média geral de 14,6 km/l de gasolina. Em geral na terceira semana fazemos a troca de combustível para confrontar o consumo entre gasolina e álcool, mas no caso do Fit abrimos exceção. Além de estarmos com bastante gasolina no tanque no término da segunda semana, quanto maior autonomia para as viagens, melhor, a fim de evitarmos o uso de postos não conhecidos.
A semana teve ainda 339 km urbanos com a ótima média geral de 15,9 km/l, pelo predomínio de trechos em avenidas com boa média de velocidade. A melhor marca foi de 20,6 km/l em 93 km atípicos, depois das 23h durante a semana em dia frio, com 90% do trecho pelas Marginais dos rios Tietê e Pinheiros em trânsito fluido. Coloque fluidez nisso: da extremidade Sul da Pinheiros até a saída da Tietê na Penha, mantivemos o controlador de velocidade ativado em 90 km/h com o motor perto de 2.000 rpm, atingindo a excepcional marca de 23,6 km/l antes de entrarmos no bairro. Acaba sendo injusto chamar de trecho urbano, pois parece um trecho de rodovia do interior.
A pior marca foi na volta de Santos a São Paulo com o trecho de serra: 12,2 km/l em 75 km. A ida a Santos, apesar de favorável à economia pela descida de serra, teve uma saída de São Paulo caótica, levando mais de uma hora para andar 15 km, o que resultou no consumo geral apenas bom de 14,7 km/l em 85 km.
Habituado a carros maiores, Leonardo Costa aprovou a agilidade do Fit e sua economia: 14,6 km/l de gasolina na média geral das viagens, que somaram 817 km
Havia expectativa pela opinião de Leonardo por estar acostumado com picapes e sedãs grandes. Apesar das dimensões e da potência mais modestas, ele gostou de saber que o Fit tinha controlador de velocidade e apoio de braço central para a longa viagem. Na volta, chegou cheio de bons comentários: “Carrinho leve e mais ágil do que eu esperava, com boas respostas e sensação de estar ‘na mão’ o tempo inteiro, apesar de em velocidades mais altas exigir altas rotações do motor em trechos de subidas e ultrapassagens”. Ele gostou bastante do consumo do Fit, dirigido em boa parte de seu período em rodovias com limite de velocidade de 120 km/h.
A transmissão CVT também se mostrou bem acertada, como no trecho de subida de serra, onde se ajustava bem ao comando do acelerador e da velocidade com pouca oscilação de giros. O colaborador elogiou a central de áudio simples de usar com integração a celular por Android Auto e Apple Car Play e duas tomadas USB, uma potente o bastante para carregar o celular. Também achou bem bolado o apoio de garrafa ou copo ao lado esquerdo do motorista, logo à frente do difusor de ar, o que ajuda a manter a bebida fresca, e ficou satisfeito com a iluminação dos faróis de leds. Contudo, esperava que o banco fosse mais para trás para aumentar o espaço para as pernas, visto que tem 1,87 metro de altura.
O colaborador chegou cheio de bons comentários: “Carrinho leve e mais ágil do que eu esperava, com boas respostas e sensação de estar ‘na mão’ o tempo inteiro”
O que menos agradou foi o ruído acentuado de pneus e motor, sobretudo em rotações de 3.500 rpm para cima. Não se trata aqui de comparar o Fit aos carrões que Leonardo costuma dirigir: diante de alguns concorrentes, o pequeno Honda realmente transmite bastante ruído de pneus e motor para dentro da cabine — mas não ruídos de vento, mostrando bom trabalho de aerodinâmica. Para reduzir esses ruídos é preciso apelar para isolantes acústicos que adicionam massa ao carro, com reflexos ao desempenho e ao consumo.
Em velocidades de rodovia o Fit mostra bom acerto de suspensão para o comportamento dinâmico: além de rolar pouco a carroceria em curvas, produz bom torque de autoalinhamento, ou seja, soltando o volante o carro se centraliza sozinho facilmente. Isso muito se deve ao ângulo de cáster relativamente alto, notado ao esterçar todo o volante: a roda “tomba” para dentro da curva, ou seja, ganha câmber, o que apoia melhor o pneu na curva e “puxa” o carro para dentro dela. Na cidade, em ruas tão irregulares que não fazem inveja a um circuito de rali, o bom ajuste dos amortecedores resulta em pouca movimentação de carroceria sem perda de contato dos pneus com o solo, mas seria ideal retrabalhar seus coxins para absorver melhor os impactos.
O colaborador gostou do comportamento em curvas, dos faróis de leds e de detalhes como os porta-copos diante do difusor de ar, mas gostaria que o banco recuasse mais
A carroceria também se mostra bem construída, com espaço entre capô, para-lamas e portas adequados e bom alinhamento da tampa do porta-malas. Como a unidade fornecida pela Honda já acumulava mais de 20 mil km de testes pela imprensa, é digno de nota não haver qualquer ruído de painel ou forração interna, mas em algumas condições ouvimos certo rangido da tampa do porta-malas. Esse problema, relativamente comum em carros com terceira ou quinta porta (hatches, peruas, SUVs), decorre de movimentação da tampa em relação a seu ponto de fixação. Em muitos casos se soluciona o ruído durante anos com a aplicação periódica de parafina, vaselina ou lubrificante (como WD-40) no gancho e nos componentes da fechadura. No caso do Fit, um pouco de WD-40 sanou a questão.
Algo que se nota na contramão da tendência é o teto totalmente liso, sem vincos. Tal característica deixa o estilo mais limpo, mas exige uma chapa de aço mais espessa e pesada na parte superior do carro, notada quando se tenta deformá-la com pressão. Em carros com chapas finas, vincos são feitos para aumentar a rigidez da peça, mas em pontos planos maiores se “afunda” a chapa com certa facilidade.
Na última semana o Fit encara o uso urbano com álcool, combustível que não deve trazer diferença sensível em desempenho — pelos dados de fábrica, o motor ganha apenas 1 cv e 0,1 m.kgf de torque. Ele também passará alguns dias na mão do colaborador Edison Velloni, o qual costuma pegar muito trânsito e obter as piores médias de consumo.
Semana anterior
Terceira semana
Distância percorrida | 1.156 km |
Distância em cidade | 339 km |
Distância em rodovia | 817 km |
Consumo médio geral | 14,9 km/l |
Consumo médio em cidade | 15,9 km/l |
Consumo médio em rodovia | 14,6 km/l |
Melhor média | 20,6 km/l |
Pior média | 12,2 km/l |
Dados do computador de bordo com gasolina |
Desde o início
Distância percorrida | 1.953 km |
Distância em cidade | 1.136 km |
Distância em rodovia | 817 km |
Consumo médio geral | 14,2 km/l |
Consumo médio em cidade | 13,9 km/l |
Consumo médio em rodovia | 14,6 km/l |
Melhor média | 20,6 km/l |
Pior média | 8,3 km/l |
Dados do computador de bordo com gasolina |
Equipamentos de série
• Fit EXL – Alarme, ar-condicionado automático, assistente de frenagem em emergência, assistente de partida em rampa, banco traseiro bipartido, bancos de couro, bolsas infláveis laterais e de cortina, câmera traseira de manobras, cintos de três pontos e apoios de cabeça para todos os ocupantes, computador de bordo, controlador de velocidade, controle eletrônico de estabilidade e tração, direção com assistência elétrica, faróis automáticos de leds, faróis de neblina, fixação Isofix para cadeira infantil, retrovisores externos com rebatimento elétrico, rodas de alumínio de 16 pol, sistema de áudio com tela de 7 pol, integração a celular e navegador, volante de couro.
Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 4 em linha |
Comando de válvulas | no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4, variação de tempo e levantamento |
Diâmetro e curso | 73 x 89,4 mm |
Cilindrada | 1.497 cm³ |
Taxa de compressão | 11,4:1 |
Alimentação | injeção multiponto sequencial |
Potência máxima (gas./álc.) | 115/116 cv a 6.000 rpm |
Torque máximo (gas./álc.) | 15,2/15,3 m.kgf a 4.800 rpm |
Transmissão | |
Tipo de caixa | automática de variação contínua, emulação de 7 marchas |
Tração | dianteira |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a tambor |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | eixo de torção, mola helicoidal |
Rodas | |
Dimensões | 6 x 16 pol |
Pneus | 185/55 R 16 |
Dimensões | |
Comprimento | 4,096 m |
Largura | 1,695 m |
Altura | 1,535 m |
Entre-eixos | 2,53 m |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 46 l |
Compartimento de bagagem | 363 l |
Peso em ordem de marcha | 1.099 kg |
Desempenho e consumo (gas./álc.) | |
Velocidade máxima | ND |
Aceleração de 0 a 100 km/h | ND |
Consumo em cidade | 12,3/8,3 km/l |
Consumo em rodovia | 14,1/9,9 km/l |
Dados do fabricante; consumo conforme padrões do Inmetro; ND = não disponível |