Motoristas de automóveis gostaram do conforto da picape, que viajou com bicicleta e diversão ao volante
Texto e fotos: Felipe Hoffmann
A Fiat Toro Freedom Diesel 4×4 encerrou seu período de 30 dias conosco com a volta ao trânsito de São Paulo e duas viagens, uma delas para Campos do Jordão durante a visita ao Zoom Bike Park. Como estávamos com a caçamba vazia, decidimos levar a bicicleta nela, precisando tirar as duas rodas para que entrasse no comprimento e largura da caçamba (é uma bicicleta de quadro grande para quem tem 1,90 metro de altura). A boa altura da caçamba permitiu manter a capota fechada, mesmo com o guidão da bicicleta em pé.
Na subida de serra mais uma vez notamos a vantagem do motor Diesel com bastante torque entre 2.000 e 3.500 rpm, das nove marchas da transmissão automática e dos sistemas de tração e suspensão bem acertados. Foi uma viagem divertida, algo que se espera de um carro baixo e não uma picape. E mais uma vez o consumo agradou, com média de 13,2 km/l num total de 415 km.
O convívio tem apontado outros detalhes da Toro. Um que agrada é a iluminação de cortesia sob os retrovisores externos, que joga um facho de luz branca no chão ao se abrir a porta, iluminando a entrada e a saída do veículo. Algo simples, mas faz diferença em uma rua escura e não asfaltada. Por outro lado, a habitual etiqueta de indicação das pressões recomendadas para os pneus não consta de nenhum ponto do carro. Junto ao manual havia um folheto de consulta rápida com todos os modelos Fiat… exceto a picape. No fim, tivemos que folhear o manual para encontrar as pressões.
Depois da agradável subida de serra, empurrada pelo motor de alto torque e com a suspensão acertada, a Toro passeou em Campos de Jordão na última semana
O retrovisor interno fotocrômico também não agradou: raras foram as vezes em que diminuiu a intensidade de um farol alto vindo de veículo atrás. Parece-nos que o sensor que captaria tal luz está muito baixo, pegando a sombra que vem da caçamba, enquanto parte do espelho reflete o facho direto. Além de não funcionar como deveria, cria outro problema: com uma criança no meio do banco traseiro, um retrovisor comum permite ver durante o dia o tráfego nítido e a criança pelo segundo reflexo (que seria a posição em caso de farol alto), mas o fotocrômico perde essa utilidade.
De volta à capital paulista, ouvimos do colaborador Fabrízio Pacheco algo que todo dono de picape escuta: “Já que você está com uma picape, poderia me emprestar para carregar uns móveis de um escritório para outro?”. E lá se foi nossa Toro para São José dos Campos, no interior do estado, em troca de algumas impressões.
Embora tenha tido duas picapes leves (Chevrolet Corsa), Fabrízio não faz o tipo “aventureiro”: dono de um Ford Focus Ghia sedã e um cupê Chevrolet (Opel) Calibra, prefere automóveis de bom comportamento dinâmico e sempre torceu o nariz ao dirigir picapes médias com suspensão traseira “de caminhão”. Assim, ele se surpreendeu com o comportamento da Toro: “O carro é tão bem acertado que passa a sensação de estar sempre sob controle. Não faz feio a muitos sedãs”. Ao relatar a viagem com chuva intensa, observou que “não se sente aquela traseira ‘boba’ de picape com caçamba vazia e chuva forte”.
Sem as rodas, a grande bicicleta coube sob a cobertura sem virar o guidão; as duas tampas traseiras são leves e mais práticas para locais apertados
Muito ajudam essa sensação de segurança tanto a suspensão traseira, moderna (multibraço) e bem acertada, como a tração integral com a maior parte do torque enviado às rodas dianteiras. Afinal, tração dianteira ajuda a alinhar o veículo ao “puxá-lo”. Uma analogia pode ser feita com um cabo de vassoura. Primeiro, segure em uma das pontas e puxe o cabo pelo chão, incluindo desníveis. Segundo, tente fazer o mesmo empurrando o cabo: notará que fica muito mais difícil manter a trajetória do cabo, sobretudo em obstáculos, pois a ponta em que está sua mão tentará ultrapassar o cabo como um todo. É o que acontece com um veículo de tração traseira em dia de chuva intensa ao aquaplanar. Já com tração dianteira o carro segue uma trajetória retilínea.
O dono de Calibra e Focus se surpreendeu com a Toro: “O carro é tão bem acertado que passa a sensação de estar sempre sob controle e não faz feio a muitos sedãs”
Outro ponto elogiado por Fabrízio foi a altura útil da caçamba, que permitiu colocar as cadeiras do escritório deitadas e ainda fechar a capota. Ponto para a estrutura monobloco, que permite um assoalho mais baixo que nas picapes com chassis. Outro item no qual a Toro se diferencia das concorrentes é a tampa traseira dupla e aberta para os lados, em vez de única e aberta para baixo. A solução — talvez inspirada na tampa da pioneira 147 Pickup de 1979, nesse caso com tampa única — torna seu uso bem mais leve e facilita chegar ao compartimento, pois a tampa deixa de ser um obstáculo. Em locais apertados como certas vagas de garagem e estacionamentos, pode-se chegar pelo lado direito e abrir apenas a tampa esquerda.
O colaborador também gostou do desempenho, das trocas de marchas e do consumo. Apesar de bom trecho em rodovia, Fabrizio rodou em torno de 50 km dentro de São Paulo com várias paradas. No total foram 298 km com consumo de 12 km/l. Os pontos negativos para ele foram o sistema de áudio (quanto à qualidade de som) e os bancos dianteiros, cujas abas atrapalham os que possuem costas mais largas.
Acabamento interno e sistema de áudio da Toro não agradaram, mas há bons detalhes como a luz sob os retrovisores; o motor Diesel obteve média geral de 10,8 km/l
Outro colaborador que dirigiu a Toro na fase final foi Edison Velloni, aquele que adora Honda Civic. Apreciador de sedãs, sem ter dirigido um carro mais alto, ele gostou da experiência. Além da posição confortável, com pernas mais na vertical, Edison disse: “Não achei nada ruim na cidade. Esperava chacoalhar de um lado para outro, mas não foi isso que senti. E foi a primeira vez que não fiquei com receio de pegar o ‘bico’ do carro nas muitas valetas de São Paulo”.
Ele também não encontrou dificuldade em estacionar, apesar do maior tamanho em relação aos carros que possui — claro que a câmera traseira com indicação de trajetória e a direção elétrica leve ajudam. O principal ponto negativo em sua opinião foi o retardo na saída, já comentado aqui e um tanto comum em veículos Diesel com caixa automática. “Mas depois que se acostuma a isso, nota-se que a Toro anda muito bem”, ele ressalva. Edison achou o acabamento de painel um pouco pobre para o valor do carro, mas em nenhum momento do teste notamos ruídos (comumente comentados sobre a Toro) nos forros de porta e no painel. O colaborador obteve a pior média de consumo do mês: apenas 6,7 km/l nos 47 km rodados em quase 2,5 horas de trânsito intenso.
Concluído o mês ao volante, a Toro cumpriu em nossas mãos 2.734 km com média geral de 10,8 km/l (sem contar os trechos de trilhas, por ser um uso muito específico). Agradou de maneira geral, tanto a motoristas acostumados ao fora de estrada quanto aos que preferem carros mais baixos. Como pontos fortes ficaram o conjunto motor-transmissão e o acerto de suspensão, que mostram que muitos donos — e donas, por que não? — de sedãs e hatches poderiam se adaptar a ela sem qualquer problema.
Na próxima terça, exploraremos em vídeo os detalhes técnicos da Toro.
Semana anterior
Período final
Distância percorrida | 1.474 km |
Distância em cidade | 760 km |
Distância em rodovia | 714 km |
Consumo médio geral | 10,9 km/l |
Consumo médio em cidade | 9,7 km/l |
Consumo médio em rodovia | 12,7 km/l |
Melhor média | 14,7 km/l |
Pior média | 6,7 km/l |
Dados do computador de bordo com diesel |
Desde o início
Distância percorrida | 2.734 km |
Distância em cidade | 1.343 km |
Distância em rodovia | 1.391 km |
Consumo médio geral | 10,8 km/l |
Consumo médio em cidade | 10,0 km/l |
Consumo médio em rodovia | 11,7 km/l |
Melhor média | 15,7 km/l |
Pior média | 6,7 km/l |
Dados do computador de bordo com diesel |
Preços
Sem opcionais | R$ 120.890 |
Como avaliado | R$ 131.283 |
Completo | R$ 134.746 |
Preços sugeridos em 8/1/18 |
Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 4 em linha |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4 |
Diâmetro e curso | 83 x 90,4 mm |
Cilindrada | 1.956 cm³ |
Taxa de compressão | 16,5:1 |
Alimentação | injeção direta, turbocompressor, resfriador de ar |
Potência máxima | 170 cv a 3.750 rpm |
Torque máximo | 35,7 m.kgf a 1.750 rpm |
Transmissão | |
Tipo de caixa e marchas | automática, 9 |
Tração | integral |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a tambor |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | independente, multibraço, mola helicoidal |
Rodas | |
Dimensões | 17 pol |
Pneus | 225/65 R 17 |
Dimensões | |
Comprimento | 4,915 m |
Largura | 1,844 m |
Altura | 1,743 m |
Entre-eixos | 2,99 m |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 60 l |
Caçamba | 820 l |
Capacidade de carga | 1.000 kg |
Peso em ordem de marcha | 1.871 kg |
Desempenho | |
Velocidade máxima | 188 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 10,0 s |
Consumo em cidade | 9,0 km/l |
Consumo em rodovia | 11,2 km/l |
Dados do fabricante; consumo conforme padrões do Inmetro |