Versão 4×4 traz caixa automática de nove marchas, seletor de terrenos e controlador de velocidade em declive; comandos 4WD Low e 4WD Lock afetam tração e transmissão
Pode-se argumentar que os pneus largos e baixos favorecem a estabilidade em asfalto, mas essa suposta vantagem não convence: como o 4×4 é alto e tem amortecedores macios, sua atitude em curvas é oposta a qualquer esportividade. Falta controle de inclinação e de movimentos (longitudinais inclusive), os pneus desgarram com facilidade, o subesterço vem acentuado e surge tendência a sobresterçar quando se corta a aceleração em curvas rápidas. Nada que vá colocar o motorista em apuros, até por haver controle de estabilidade, mas fica claro que os pneus de série estariam mais apropriados à proposta.
Na faixa de preço há utilitários com mais espaço e mesmo opções de marcas de prestígio, mas sem motor a diesel ou tração integral
À parte as diferenças técnicas e de comportamento citadas, o Diesel 4×4 é o mesmo Renegade que já conhecíamos: bom acabamento interno, posição de dirigir alta e bem definida; espaço amplo em altura, adequado para pernas no banco traseiro e crítico em largura para três pessoas atrás; compartimento de bagagem dos menores da classe, apenas 260 litros, prejudicado pelo volumoso estepe integral (até com roda de alumínio) abaixo do assoalho. A sensação de grande solidez ao dirigir vem tanto da rigidez estrutural quando do volante firme em velocidades de rodovia e das colunas extralargas, que prejudicam a visibilidade.
Como no Longitude flexível, bons detalhes estão por toda parte, como ajuste elétrico do apoio lombar do motorista, alerta programável para excesso de velocidade, ar-condicionado bastante potente, cintos de três pontos para todos os ocupantes, comando elétrico do freio de estacionamento, controle elétrico de vidros com função um-toque para todos e abertura/fechamento comandado a distância, retrovisor esquerdo biconvexo (excelente), teto solar (com painéis plásticos no carro avaliado, tipo que na verdade equipa só o Trailhawk) e tomada de energia de 127 volts para os passageiros.
O motor vigoroso torna o Renegade mais agradável e, associado à tração integral, o credencia a enfrentar obstáculos fora de estrada com certa desenvoltura
O mostrador digital central é rico em informações, da pressão de cada pneu às temperaturas do óleo e da transmissão, e o sistema de entretenimento UConnect inclui comandos de voz para áudio e navegação. Mas o Diesel também preserva falhas notadas no carro anterior, como sensores de estacionamento com som exagerado (que não pode ser inibido, salvo pela desativação dos alertas) e para-brisa sem faixa degradê. Além disso, os faróis de xenônio não têm lavadores: embora a lei dispense tal item para lâmpadas até certo grau de luminosidade, abrem mão de uma importante função em veículo fora de estrada.
Afinal, o Renegade Diesel vale a pena? A resposta, claro, depende do que se espera do carro. Na faixa de R$ 120 mil a R$ 150 mil há utilitários esporte com mais espaço e conforto para a família, como o Honda CR-V EXL 4×4 (R$ 142.400), ou mesmo opções de marcas de prestígio, como Audi Q3 Attraction 1,4 turbo (R$ 137 mil) e Mercedes-Benz GLA 200 Style 1,6 turbo (R$ 143.900), mas não têm motor a diesel e apenas o CR-V traz tração integral. Ford Ecosport e Renault Duster 4×4, mais baratos, não dispõem do Diesel ou de caixa automática.
Portanto, se a economia e o torque do motor Diesel e a valentia da tração nas quatro rodas são prioritários sobre o espaço interno, o pequeno Jeep pernambucano pode ser uma boa opção. Resta saber se vale pagar tanto pelos opcionais do Longitude avaliado ou se um mais simples Sport, equipado ao redor de R$ 110 mil, seria a melhor opção em termos de custo-benefício.
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Comentário técnico
• O motor Multijet II de 2,0 litros da Fiat italiana foi lançado em 2008 no Lancia Delta e depois aplicado a modelos Alfa Romeo (159, Giulietta), Fiat (Bravo, Doblò, Freemont e outros), Jeep (também o Cherokee), Opel (Astra, Insignia, Zafira, pela antiga associação entre Fiat e General Motors), Saab (9-5, pelo mesmo processo) e Suzuki (SX4, modelo desenvolvido em cooperação com os italianos). Já foi oferecido com potência de 110 a 192 cv e torque entre 26,5 e 38,7 m.kgf, incluindo a versão com dois turbocompressores da Opel/Saab.
• Dotado de turbina de geometria variável, o motor usa injeção eletrônica Bosch de duto único, que dispõe de acumulador de alta pressão (1.600 bars) e capacidade para injeções múltiplas, até oito injeções por ciclo de combustão. Recursos de controle de emissões poluentes incluem recirculação de gases de escapamento e filtro de partículas (saiba mais sobre os modernos motores a diesel).
• A transmissão automática de nove marchas usa um escalonamento bastante aberto: a relação da primeira dividida pela da última marcha resulta em 9,8, ante 6,6 da caixa de seis marchas do Renegade flexível. A primeira marcha não passa de 28 km/h, com a troca automática para segunda a 4.300 rpm, e para alcançar 100 km/h é preciso colocar a quinta.
• A tração integral é um sistema sob demanda que trabalha com repartição de torque variável entre 100% à frente (em condições normais de aderência) e 60% à traseira. O seletor de modos de tração, porém, afeta essa divisão: os programas para neve, lama e areia enviam mais torque às rodas de trás, além de afetar a atuação do sistema antitravamento (ABS) de freios e do controle de tração.
• Ao contrário de concorrentes como Ecosport e Duster, o Renegade usa basicamente a mesma suspensão traseira independente McPherson nas versões de tração dianteira e 4×4. A diferença é que há um subchassi para a fixação de dois elos laterais e das semiárvores de transmissão no 4×4. Naqueles rivais, modelos 4×2 adotam eixo traseiro de torção, que dificulta a aplicação das semiárvores para a tração suplementar (embora não impeça: era assim no Suzuki SX4). Assim, ambos os fabricantes optaram por suspensão independente multibraço em suas versões com tração nas quatro rodas.
• A versão Trailhawk, mais voltada ao uso fora de estrada, tem diferenças para a Longitude como pneus de uso misto (a medida 215/60 R 17 é a mesma para ambos, mas o Longitude pode vir com 225/55 R 18), altura mínima do solo de 207 mm (no Longitude, 195 mm) e mais um programa de uso no seletor de modos de condução, o Rock (rocha). Há ainda placas inferiores de proteção e ganchos de reboque vermelhos na frente (dois) e atrás (um). As relações de transmissão são as mesmas para ambos.
• A suspensão elevada credencia o Trailhawk a bons ângulos de entrada (31,3°), de rampa (22,8°) e de saída (33°), com altura livre de 223 mm entre eixos. No Longitude os valores são pouco mais modestos: 29,7°, 21,5° e 32,3° e 218 mm, na ordem.
Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 4 em linha |
Material do bloco/cabeçote | ferro fundido/alumínio |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4 |
Diâmetro e curso | 83 x 90,4 mm |
Cilindrada | 1.956 cm³ |
Taxa de compressão | 16,5:1 |
Alimentação | injeção direta de duto único, turbocompressor, resfriador de ar |
Potência máxima | 170 cv a 3.750 rpm |
Torque máximo | 35,7 m.kgf a 1.750 rpm |
Potência específica | 86,9 cv/l |
Transmissão | |
Tipo de caixa e marchas | automática, 9 |
Relação e velocidade por 1.000 rpm | |
1ª. | 4,70 / 6 km/h |
2ª. | 2,84 / 11 km/h |
3ª. | 1,91 / 16 km/h |
4ª. | 1,38 / 22 km/h |
5ª. | 1,00 / 31 km/h |
6ª. | 0,81 / 38 km/h |
7ª. | 0,70 / 44 km/h |
8ª. | 0,58 / 53 km/h |
9ª. | 0,48 / 64 km/h |
Relação de diferencial | 4,33 |
Regime a 120 km/h | 1.900 rpm (9ª.) |
Regime à vel. máxima informada | 3.600 rpm (8ª.) |
Tração | integral sob demanda |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado (305 mm ø) |
Traseiros | a disco (278 mm ø) |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica |
Diâmetro de giro | 10,8 m |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Estabilizador(es) | dianteiro e traseiro |
Rodas | |
Dimensões | 18 pol |
Pneus | 225/55 R 18 V |
Dimensões | |
Comprimento | 4,242 m |
Largura | 1,798 m |
Altura | 1,716 m |
Entre-eixos | 2,57 m |
Bitola dianteira | 1,55 m |
Bitola traseira | 1,552 m |
Coeficiente aerodinâmico (Cx) | ND |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 60 l |
Compartimento de bagagem | 260 l |
Peso em ordem de marcha | 1.636 kg |
Relação peso-potência | 9,6 kg/cv |
Garantia | |
Prazo | 3 anos sem limite de quilometragem |
Carro avaliado | |
Ano-modelo | 2016 |
Pneus | Pirelli Scorpion Verde |
Quilometragem inicial | 15.000 km |
Dados do fabricante; ND = não disponível |