VW Tiguan é equipado e anda bem; espaço decepciona

Utilitário esporte cresceu e mudou de perfil; dotação de conforto e segurança é destaque no Comfortline

Texto e fotos: Fabrício Samahá

 

O nome é o mesmo, mas o carro está bem diferente. Na primeira geração, o Volkswagen Tiguan teve atuação tímida no mercado nacional pelo alto preço, impactado pela combinação de motor turbo de 2,0 litros, tração integral e a mais tributada importação da Europa. A versão 1,4 de tração dianteira chegou tarde, quando já havia novo modelo no exterior.

Agora temos o novo Tiguan, que chega com duas versões de motor e tração e três de acabamento. Por vir do México, o utilitário esporte fica isento de Imposto de Importação. Além disso, só recebemos a carroceria mais longa, chamada de Allspace, que abre espaço para sete lugares em duas das versões. O Best Cars colocou a intermediária Comfortline 250 TSI, com motor 1,4 turbo, na avaliação 10 Chances. O preço sugerido começa em R$ 150 mil. Veremos quais suas chances de merecer sua garagem.

 

 

Estilo
Nove longos anos depois do anterior, o novo Tiguan segue outros padrões de estilo, com mais linhas retas e ângulos. Ficou bonito? Em termos. Muitos gostariam de algo mais suave e de maior inspiração. Como todo Volkswagen, porém, ele parece apto a ficar bom tempo no mercado sem cansar os olhos. 0,5 ponto

 

 

Acabamento e conveniência
O interior tem boa aparência, com plásticos de qualidade adequada e bancos de couro. É grande a dotação de itens de conveniência, como alarme volumétrico, aquecimento dos bancos dianteiros, ar-condicionado com três zonas de ajuste e difusor para a segunda fila de bancos, câmera traseira de manobras, capô sustentado por mola a gás, controlador de velocidade, controle elétrico de vidros com abertura e fechamento a distância, espelhos com aquecimento e rebatimento elétrico, faróis e limpador de para-brisa automáticos, freio de estacionamento elétrico e retenção automática nas paradas, luz de cortesia sob os retrovisores externos, mesas atrás dos encostos dianteiros, para-sóis iluminados, porta-luvas refrigerado, quatro alças de teto, retrovisor interno fotocrômico, sensores de estacionamento à frente e atrás, teto solar de grandes dimensões e tomadas de 12 volts para segunda fila e no compartimento de bagagem.

 

O Tiguan ficou bem maior na carroceria Allspace, com a qual agora vem do México; faróis de leds e rodas de 18 pol compõem a versão Comfortline

 

A central de áudio tem ampla tela de 8 polegadas, integração a celular por Android Auto e Apple Car Play e entradas USB (duas), auxiliar e de cartão SD, além de toca-CDs e navegador. A qualidade de som é ótima, com bom peso de graves. O que pode melhorar: o forro do teto solar deixa passar parte dos raios solares, o espaço para objetos é mediano, não há faixa degradê no para-brisa e a chave deveria ser presencial por seu preço. 1 ponto

 

A capacidade de bagagem — 686 litros com cinco lugares — é das maiores em SUVs médios, mas o espaço na terceira fila de bancos só serve para crianças

 

Posto do motorista
O Tiguan acomoda muito bem quem dirige, com banco amplo e bem desenhado, regulagens elétricas até para o apoio lombar (o passageiro tem o mesmo ajuste, mas manual) e três memórias de posição. Os ajustes são guardados em um perfil de usuário e facilmente retomados quando ele entra no carro. Os instrumentos, bem fáceis de ler, incluem termômetro de óleo e indicação de pressão dos pneus na tela central. São bons os retrovisores, com lente biconvexa no lado esquerdo — padrão europeu em carro mexicano. Os faróis de leds fornecem ótima iluminação e direcionam seu facho nas curvas, e existem unidades de neblina à frente e atrás e luzes diurnas. A visibilidade geral é adequada, com colunas dianteiras um pouco grossas. 1 ponto

 

Interior bem-equipado; bancos da primeira e da segunda fila acomodam muito bem, mas o da terceira poderia ser melhor em um carro de seu tamanho

 

Espaço
A grande novidade desse Tiguan para os passageiros — o espaço para sete pessoas — pode decepcionar. Como é comum em SUVs, a terceira fila de bancos só serve para crianças: é estreita, muito limitada em espaço para cabeça e as pernas só cabem se o colega da frente avançar seu banco, além de o piso ser alto demais em relação ao assento. E para cinco ocupantes, como ele fica? Na frente, muito bem. Atrás, excelente em vão para pernas, com o banco ajustado para trás, e adequado em altura e largura, sendo algo estreito para três adultos. O conforto do passageiro central é mediano. Para as dimensões do carro, o espaço poderia ser melhor. 0,5 ponto

Porta-malas
Um ponto alto do Tiguan é a capacidade de bagagem: 686 litros com cinco lugares, uma das maiores em SUVs médios. Nessa condição o assoalho é plano, embora alto. Com sete pessoas cabem 216 litros. O banco da segunda fila é bipartido. Ele usa estepe temporário em montagem interna. 1 ponto

Desempenho
O motor turbo de 1,4 litro agora é flexível e tem 150 cv, 10 a mais que no anterior. Com operação suave e silenciosa, ele produz ótimo torque (25,5 m.kgf de 1.400 a 3.500 rpm) e move os 1.600 kg do Tiguan com certa agilidade, mas o retardo de ação do turbo parece maior que, por exemplo, no Honda CR-V de 1,5 litro. Seu desempenho na pista foi muito bom, com 0 a 100 km/h em 10 segundos.

 

Central de áudio com tela de 8 pol e navegador; controle de pressão dos pneus; porta-malas para 686 litros com cinco lugares; ajuste elétrico e memória do banco; retenção automática; ajustes de ar, USB e mesas para a segunda fila

 

A transmissão automatizada DSG de dupla embreagem e seis marchas faz trocas bem rápidas e foi bem calibrada. Comparada a uma automática com conversor de torque, a saída normal é mais lenta, mas existe assistente que permite uma largada rápida com 3.000 rpm. Mudanças manuais são feitas pela alavanca ou os comandos no volante. Em modo manual as trocas para cima continuam automáticas, assim como as reduções quando se acelera além de um batente bem definido. O modo esportivo altera bastante a rotação de uso e deixa as respostas bem mais ágeis. 1 ponto

 

 

Consumo
O Tiguan chegou perto de 12 km/l de gasolina nos dois trajetos de teste mais favoráveis. São boas marcas para o segmento, próximas às do Peugeot 3008 e melhores que as do Jeep Compass Flex. 0,5 ponto

Comportamento dinâmico
O Tiguan está diferente no acerto de suspensão. Impactos como lombadas são bem transmitidos, e então falta carga aos amortecedores para conter os movimentos: lembra mais um carro norte-americano que um europeu, o que talvez se explique pela produção voltada aos Estados Unidos. A absorção de irregularidades menores é boa. Mesmo com suspensão traseira multibraço, a estabilidade talvez não alcance a excelência do anterior, que parecia um hatch e não um SUV, mas é bem adequada a sua proposta. Ele tem controle eletrônico de estabilidade e tração, boa calibração de direção e freios bem dimensionados. 0,5 ponto

 

Motor turbo de 150 cv e caixa de dupla embreagem dão bom desempenho ao Tiguan, embora a saída pareça lenta; acerto da suspensão está mais norte-americano

 

Segurança passiva
Não falta nada em proteção dos passageiros: o Comfortline vem com bolsas infláveis frontais, laterais dianteiras e de cortina, encostos de cabeça e cintos de três pontos para os sete ocupantes e fixação Isofix para cadeira infantil. 1 ponto

Custo-benefício
O Tiguan Comfortline vem de série com tudo o que descrevemos, salvo o teto solar, que acrescenta R$ 4 mil. Com ele são R$ 154 mil. Se sete lugares forem necessários para você, há dois concorrentes diretos. O Mitsubishi Outlander Comfort custa R$ 152 mil e tem 160 cv, mas lhe faltam controle de estabilidade e outros itens, como câmera traseira, teto solar e faróis de leds. O Peugeot 5008 Griffe é mais caro (R$ 176 mil). Usa motor turbo de 165 cv e tem mais alguns conteúdos, como massagem nos bancos e painel digital. Portanto, em seu segmento o carro da Volkswagen revela boa relação custo-benefício. 1 ponto

 

 

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