Agora todo Jetta é turboalimentado: saiba como anda o Comfortline com a vigorosa unidade de 150 cv
Texto: Fabrício Samahá e Edison Ragassi – Fotos: divulgação
Desde o lançamento da atual geração do Jetta, em 2011, a Volkswagen havia deixado uma carência: era muito grande o intervalo em tecnologia e desempenho entre a versão Comfortline, com motor de 2,0 litros e aspiração natural, e a Highline TSI, com o turboalimentado de mesma cilindrada. Enquanto o primeiro limitava-se à potência de 120 cv (com álcool), o segundo oferecia 211 cv: nenhum se encaixava na faixa mais comum da categoria, entre 140 e 160 cv.
A solução para isso ficou à mostra com o lançamento do novo Golf, em 2013, com um eficiente motor turbo de 1,4 litro e 140 cv. Favorecido pelo alto torque dessa unidade — superior aos de seus adversários aspirados de 2,0 litros —, o Jetta “comum” ficaria certamente um carro muito mais agradável de dirigir e atualizado do ponto de vista técnico. Mas foi preciso esperar mais de dois anos até que, afinal, chegasse ao mercado o Jetta 1,4 TSI.
A esperada substituição ocorre na linha 2016, depois da nacionalização da versão Comfortline, mantendo-se a importação do México da opção de entrada Trendline (também com o novo motor) e da Highline, que preserva o 2,0-litros turbo. Pela melhoria paga-se cerca de R$ 10 mil a mais que pelo sedã com o antigo 2,0 aspirado, mas foram acrescentados controle eletrônico de estabilidade e tração, bloqueio eletrônico de diferencial, assistência elétrica de direção (todos restritos até então ao Highline) e novos sistemas de entretenimento. No topo de linha o aumento foi de R$ 3 mil.
Única versão nacionalizada, o Comfortline ganha 34 cv e controle de estabilidade
Causa surpresa o motor estrear movido apenas a gasolina, sendo a versão flexível em combustível já oferecida pelo Golf e pelo Audi A3 Sedan nacionais. A VW explica que, por causa das dificuldades econômicas pelas quais passa o País, optou por importar o motor e não oferecer tal recurso, que exigiria desenvolvimentos e calibrações adicionais — um investimento alto para o atual volume de vendas do modelo em um mercado em crise. Mesmo assim, o fabricante não descarta para o futuro a adoção da flexibilidade.
O ganho bem maior em aceleração que em máxima reflete uma característica do novo motor: alto torque em baixas rotações
O motor 1,4 é similar ao que vinha no Golf importado, mas com calibração para obter 150 cv (mais 10 que no hatch), mantendo o torque máximo em 25,5 m.kgf desde 1.500 rpm. São ganhos expressivos em relação ao 2,0-litros com gasolina: 29% em potência (eram 116 cv) e nada menos que 44% em torque (antes, 17,7 m.kgf), que também aparece bem mais cedo no novo propulsor. Com álcool o Jetta anterior oferecia 120 cv e 18,4 m.kgf. O peso do carro está pouco menor, baixando de 1.305 para 1.298 kg no Comfortline.
Suas soluções técnicas são bastante atuais, como variação contínua de tempo de abertura das válvulas de admissão e escapamento, duplo circuito de arrefecimento (a fim de manter o bloco mais quente, para redução de atritos do óleo lubrificante, sem elevar demais a temperatura do cabeçote) e coletor de escapamento integrado ao cabeçote (abrevia a fase de aquecimento do motor, na qual o consumo e as emissões são maiores). A transmissão automática de seis marchas permanece, enquanto o Highline fica com a automatizada DSG de seis marchas e dupla embreagem.
O sistema de topo, Discover Media, inclui navegador e leitura/resposta de SMS
Assim equipado, o Jetta 1,4 acelera de 0 a 100 km/h em 8,6 segundos e alcança velocidade máxima de 203 km/h, ante 11,3 s e 197 km/h do antigo 2,0 com gasolina (10,6 s e 200 km/h com álcool). O ganho bem maior em aceleração que em máxima reflete uma característica do novo motor: alto torque em baixas rotações, embora sem tanto destaque em altas. Tanto que seu tempo se aproximou do obtido pelo Highline (7,2 s), embora em máxima (241 km/h) o topo de linha continue muito à frente.
Motor a parte, a VW implantou nas três versões os novos sistemas de entretenimento que têm sido adotados em vários modelos, do Fox ao Passat. A tecnologia VW App-Connect, oferecida nas duas versões superiores do Jetta, permite espelhar a tela de um telefone celular compatível na tela do carro por meio das plataformas Mirror Link (sistemas Android), Car Play (Apple) e Android Auto (Google).
O Trendline usa um aparelho mais simples, o Composition Touch, com espelhamento via Mirror Link, tela sensível ao toque de cinco polegadas, toca-CDs e conexões Bluetooth, auxiliar, USB e para cartão SD. Nos Jettas Comfortline e Highline vem de série o Composition Media com tela de 6,3 pol. Como opcional essas versões oferecem o Discover Media, que inclui navegador, duas entradas SD, locução de mensagens de texto (SMS) do celular por meio dos alto-falantes e resposta às mensagens pelo comando de voz.
No Highline muda apenas o aparelho: motor de 211 cv e caixa DSG são os mesmos
Ao volante
O Best Cars dirigiu o Jetta 1,4 no Rodoanel Sul, a partir da fábrica de São Bernardo do Campo, SP, em trecho aproximado de 50 quilômetros. O propulsor mostra-se vigoroso, com boas respostas desde baixas rotações, e tem funcionamento suave e silencioso. À velocidade de 120 km/h permanece ao redor de 2.600 rpm, regime confortável para viagens.
A caixa automática está bem ajustada, com trocas feitas nos momentos certos e operação suave, mesmo quando se exige um pouco mais para uma ultrapassagem. Responde bem às demandas de aceleração e desaceleração, de modo que não é necessário recorrer à troca manual para segurar o carro em giros altos em direção mais vigorosa. Bom também o acerto de suspensão para as condições de rodovia, em que passa segurança ao motorista. No interior ele permanece sendo o Jetta: confortável, com painel de fácil visualização, várias opções de informações disponíveis — inclusive velocímetro digital — e acabamento mais simples do que se espera na categoria.
A atualização técnica do Jetta demorou, mas é bem vinda mesmo assim. Ficou no passado sua defasagem técnica nas versões de maior volume, a suspensão traseira multibraço foi mantida (ao contrário do Golf 1,4) e houve ainda avanço em segurança com os novos recursos de série, em especial o controle de estabilidade. O aumento de preços das versões Trendline e Comfortline é que parece um tanto salgado, pois coloca o segundo em concorrência direta com o Toyota Corolla XEi 2,0 em valor: não é a situação mais confortável para quem pretende desafiar o líder dominante da categoria.
Versões, preços e equipamentos
• Trendline (R$ 78.230 com caixa manual, R$ 83.630 com automática): controle eletrônico de estabilidade, bloqueio eletrônico de diferencial, bancos revestidos em tecido, direção com assistência elétrica, ar-condicionado, rodas de alumínio de 16 pol com pneus 205/55, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, alarme com comando remoto, porta-luvas refrigerado, sistema Composition Touch, volante com ajustes de altura e distância, freios ABS com distribuição eletrônica e assistência em emergência, bolsas infláveis laterais dianteiras, fixação Isofix para cadeiras infantis.
• Comfortline (R$ 89.750 com caixa automática): acrescenta volante revestido de couro com hastes para troca de marcha e comandos, bancos revestidos em couro sintético (preto ou bege), controle automático de velocidade e sistema Composition Media. Opcionais: teto solar e pacote Exclusive (sistema Discover Media, limpador de para-brisa automático, rodas de 17 pol com pneus 225/45, chave presencial para acesso e partida), ar-condicionado automático de duas zonas.
• Highline (R$ 104 mil com caixa DSG): adiciona motor de 2,0 litros, rodas exclusivas, bolsas do tipo cortina e retrovisor interno fotocrômico. Opcionais: pacote Exclusive (bancos de couro preto ou bege com aquecimento para os dianteiros e faróis/limpadores automáticos) e pacote Premium (os itens do Exclusive mais sistema Discover Media, com navegador e comando de voz, e chave presencial), faróis bixenônio com luzes diurnas de leds e ajuste elétrico do assento do motorista.
Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 4 em linha |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4, variação de tempo |
Diâmetro e curso | 74,5 x 80 mm |
Cilindrada | 1.395 cm³ |
Taxa de compressão | 10:1 |
Alimentação | injeção direta, turbocompressor, resfriador de ar |
Potência máxima | 150 cv a 5.000 rpm |
Torque máximo | 25,5 m.kgf a 1.500 rpm |
Transmissão | |
Tipo de caixa e marchas | automática, 6 |
Tração | dianteira |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a disco |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | independente, multibraço, mola helicoidal |
Rodas | |
Dimensões | 6,5 x 16 pol ou 7 x 17 pol |
Pneus | 205/55 R 16 ou 225/45 R 17 |
Dimensões | |
Comprimento | 4,659 m |
Largura | 1,778 m |
Altura | 1,473 m |
Entre-eixos | 2,651 m |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 55 l |
Compartimento de bagagem | 510 l |
Peso em ordem de marcha | 1.298 kg |
Desempenho e consumo | |
Velocidade máxima | 203 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 8,6 s |
Dados do fabricante para versão Comfortline; consumo não disponível |