Espaços na frente e para bagagem (285 litros) são bons, assim como a posição do motorista, mas atrás a acomodação é modesta; Up ganhou comandos no volante; controle elétrico de vidros continua só para dianteiros
Como aprimoramentos, a VW poderia adotar ajustes de altura dos cintos e de distância do volante, banco traseiro bipartido, comando interno da tampa do tanque, controle elétrico de vidros traseiros e função um-toque e temporizador para os dianteiros. Ainda, o Move ganhou espelho no para-sol do motorista, mas sem tampa: conforme a posição de uso, o espelho reflete muito do sol frontal que incide sobre a roupa. Os difusores de ar centrais não estão na posição ideal e nem todo mundo gosta da área de chapas exposta pelas portas.
Na Europa o Up é um carro de quatro lugares. Aqui vem com cinco, mas não se engane: o banco traseiro ainda foi desenhado para duas pessoas, com espaço bem restrito para pernas e ombros, embora adequado para cabeças. O compartimento de bagagem de 285 litros, por outro lado, não deve ao de modelos maiores como o Gol. Contudo, o acabamento das laterais é lamentável e o acesso melhoraria com base mais baixa — ficamos com o mesmo formato do europeu, cuja tampa traseira de vidro levou a um para-choque elevado. Não existe mais no Move o sistema Save, prateleira móvel que permitia deixar o assoalho mais alto. O estepe usa pneu de 14 pol, diferente dos outros.
Desempenho do motor TSI é ponto alto do Up, salvo pela hesitação abaixo de 1.500 rpm; comando de transmissão leve e preciso contribui
Desenvoltura com economia
Um dos destaques do Up é o motor TSI, um três-cilindros de 1,0 litro com turbocompressor, resfriador de ar e injeção direta. Se a potência de 101 cv com gasolina ou 105 com álcool pode não impressionar (o 1,3 aspirado do Fiat Uno oferece mais), o torque de 16,8 m.kgf disponível desde 1.500 rpm faz a diferença. Vencida leve hesitação inicial, o pequeno Volkswagen ganha uma desenvoltura que cativa até o motorista menos interessado em desempenho.
As medições apontaram aceleração de 0 a 100 km/h em 10,1 segundos e retomada de 60 a 120 em 11,8 s; o TSI é muito econômico, com marcas entre as melhores já vistas
O pequeno motor sobe de giros com rapidez e fornece sensações típicas de 1,8-litro, com a vantagem de não perder potência com a altitude. Na pista, nossas medições apontaram aceleração de 0 a 100 km/h em 10,1 segundos e retomada de 60 a 120 em 11,8 s (terceira marcha) com gasolina. Além disso, o TSI é muito econômico: fez 18,6 km/l no trajeto urbano leve e 14,9 no rodoviário, marcas entre as melhores já vistas em nossos testes.
Poderia ser melhor? Poderia. Primeiro, abaixo de 1.500 rpm quase não há resposta: ao sair de esquinas ou lombadas é preciso estar na marcha certa, sob pena de ter de aguardar a turbina “encher” e o motor reagir. Segundo, o três-cilindros manifesta certas vibrações e aspereza em médias rotações ao acelerar mais. Em uso rodoviário a 120 km/h (cumpridos com baixas 2.800 rpm em quinta) o motor pouco é ouvido, mas ruídos de rolagem e mecânicos em geral são altos.
Comportamento em curvas é muito bom, mas suspensão penaliza o conforto; para-sol sem tampa e acabamento do porta-malas podem melhorar
O comando de transmissão leve e preciso é outro ponto positivo, assim como o acerto da assistência elétrica de direção, macia em manobras e firme em velocidade. O comportamento em curvas agrada pelo fácil controle e a pouca inclinação de carroceria, mas a aderência dos pneus Hankook (chineses de marca sul-coreana) é menor do que a medida 185/60 R 15 faria esperar. Há controle eletrônico de tração, não de estabilidade. Por outro lado, a suspensão bem firme penaliza o conforto em pisos irregulares e o faz saltar em certos desníveis como entradas de pontes.
Entre acertos e pendências, o Move Up Connect convence como a opção mais rápida e esportiva que se pode ter nesse segmento. Anda muito bem, consome pouco, diverte pelo motor e pelo conjunto. Tem bom espaço dianteiro e para bagagem, transmite impressão de qualidade e agora, além do visual mais robusto, oferece um sistema de áudio como gosta o público jovem. Só não é barato: na faixa de R$ 55 mil há alternativas variadas com maiores dimensões, mais conforto e motor de 1,6 litro.
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Comentário técnico
• O motor do Up, parte da linha EA-211, passou por grandes alterações ao receber o turbocompressor, que usa válvula de alívio (que libera a pressão considerada desnecessária) com abertura variável e controle eletrônico. A turbina opera com pressão máxima de 0,8 a 0,9 bar acima da atmosférica. A injeção direta trabalha com altíssima pressão de injeção, até 250 bars.
• Comparado ao motor aspirado, a VW redimensionou bloco, virabrequim (agora forjado), bielas, pistões, anéis e pinos e adotou variação contínua do tempo de abertura das válvulas também para o comando de escapamento (apenas para admissão no aspirado). Há ainda trocador de calor para o óleo lubrificante e três circuitos de arrefecimento, um deles dedicado ao resfriador de ar e ao conjunto do turbo. Uma bomba elétrica assegura seu arrefecimento após desligar o motor. A transmissão foi revista em fixação, embreagem e relação do diferencial, os freios dianteiros usam discos maiores e foi revista a calibração de molas e amortecedores.
• O TSI usa um escalonamento aberto de caixa, com relações baixas (longas) e espaçadas, ideais para o torque máximo em baixo regime do motor turbo. A velocidade máxima é atingida em quarta com o motor a pleno, perto de 5.400 rpm, mas a quinta pode ser usada com pequena perda, de acordo com a VW.
Fotos: divulgação
Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 3 em linha |
Material do bloco/cabeçote´ | alumínio |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4, variação de tempo |
Diâmetro e curso | 74,5 x 76,4 mm |
Cilindrada | 999 cm³ |
Taxa de compressão | 10,5:1 |
Alimentação | injeção direta, turbocompressor, resfriador de ar |
Potência máxima (gas./álc.) | 101/105 cv a 5.000 rpm |
Torque máximo (gas./álc.) | 16,8 m.kgf a 1.500 rpm |
Potência específica (gas./álc.) | 101,1/105,1 cv/l |
Transmissão | |
Tipo de caixa e marchas | manual / 5 |
Relação e velocidade por 1.000 rpm | |
1ª. | 3,77 / 8 km/h |
2ª. | 2,10 / 15 km/h |
3ª. | 1,28 / 25 km/h |
4ª. | 0,93 / 34 km/h |
5ª. | 0,74 / 42 km/h |
Relação de diferencial | 3,63 |
Regime a 120 km/h (5ª.) | 2.800 rpm |
Regime à vel. máx. informada (gas./álc.) | 5.400/5.450 rpm (4ª.) |
Tração | dianteira |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado (256 mm ø) |
Traseiros | a tambor (200 mm ø) |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica |
Diâmetro de giro | 9,8 m |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | eixo de torção |
Estabilizador(es) | dianteiro |
Rodas | |
Dimensões | 5,5 x 15 pol |
Pneus | 185/60 R 15 H |
Dimensões | |
Comprimento | 3,689 m |
Largura | 1,645 m |
Altura | 1,504 m |
Entre-eixos | 2,421 m |
Bitola dianteira | 1,423 m |
Bitola traseira | 1,424 m |
Coeficiente aerodinâmico (Cx) | ND |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 50 l |
Compartimento de bagagem | 285 l |
Peso em ordem de marcha | 987 kg |
Relação peso-potência (gas./álc.) | 9,8/9,4 kg/cv |
Garantia | |
Prazo | 3 anos sem limite de quilometragem |
Carro avaliado | |
Ano-modelo | 2018 |
Pneus | Hankook Optimo K415 |
Quilometragem inicial | 4.000 km |
Dados do fabricante; ND = não disponível |