Segunda semana de avaliação aponta qualidades internas e mecânicas, ao lado de pontos que merecem correção
Texto e fotos: Felipe Hoffmann
Em sua segunda semana em Um Mês ao Volante, o Volkswagen Polo Highline 200 TSI fez sua estreia em rodovia. O período começou com mais trânsito em São Paulo e uma visita à Rack Brazil (http://rackbrazil.com.br), loja especializada em racks e bagageiros para veículos, para que pudéssemos levar nossos “brinquedos” para o litoral paulista.
Mais uma vez a construção e o acabamento da carroceria do novo Polo chamaram atenção, nesse caso durante a instalação dos racks. Erivaldo Costa, da Rack Brazil, salientou que o modelo não possui canaletas de teto, devido ao processo de solda a laser da carroceria, que garante melhor acabamento entre a lateral e o teto. O que ele traz para esse fim são pontos-guia nas portas dianteiras e traseiras, além de um ponto de fixação em cada porta traseira, que permitem a instalação ideal dos racks da marca Thule, dotados de chave para proteção contra roubo.
Instalação do rack usa pontos-guia nas portas, pois o Polo não tem canaletas no teto; falta de guarnição na terceira janela causa estranheza
A instalação ficou perfeita, sem surpresas como o rack interferir com a antena — caso da Fiat Toro avaliada no mês anterior. O único ponto levantado por Erivaldo foi a falta de harmonia no acabamento entre a porta traseira e o último vidro lateral: parece que falta a continuação da borracha da porta. Ainda em carroceria, tem incomodado a falta de botão ou maçaneta na tampa traseira — ela só abre pelo controle remoto ou por um botão ao lado da alavanca de transmissão.
Como a tampa possui dois estágios de fechamento, se batida devagar ela fica mal fechada, sendo preciso reabri-la para fechar com maior força. Só que às vezes a chave está dentro do carro ou num bolso qualquer. O jeito é ir lá no console e apertar o bendito botão, que não fica em local apropriado: está junto ao botão que desativa os sensores de estacionamento. Estes comumente emitem alerta no trânsito intenso, toda vez que motos passam pelo “corredor” entre os carros. Ao tentar desligar os apitos, o motorista pode acabar apertando o botão do porta-malas, que faz sua função mesmo em movimento (até 5 km/h). Como há espaços vazios para outros botões, a Volkswagen poderia tê-los separado melhor ou inibido o do porta-malas até que as portas fossem destravadas.
Ainda sobre os sensores, o sistema do Polo os traz na dianteira e na traseira, além de contar com câmera posterior de manobras. Na tela de áudio vê-se a projeção de obstáculos dos sensores e, quando se roda para frente, também a projeção do raio de curva que o veículo fará ao esterçar o volante — interessante e útil. Contudo, tal efeito não ocorre ao engatar a marcha à ré, onde seria mais oportuno: a imagem da câmera usa apenas linhas retas.
Viagem ao litoral mostrou desempenho e estabilidade corretos, mesmo com o prejuízo à aerodinâmica pelo transporte de prancha e bicicleta no teto
O conjunto do painel chama atenção de quem entra no Polo. Muito bonito e harmonioso, passa a impressão de um conjunto único entre o quadro de instrumentos e a tela de áudio e navegação. O quadro na verdade é uma tela de TFT com as informações projetadas, amplamente configurável, exceto os marcadores de combustível e temperatura do motor. Pode-se, por exemplo, deixar conta-giros e velocímetro em formato de ponteiros e usar o restante para informações como mapa de navegação, computador de bordo, dados de áudio e do telefone. A tela pode mostrar em seu todo a informação que antes era apenas central, assim como selecionar itens — da autonomia à altitude do local — no centro dos instrumentos. E toda vez que se desliga o carro, os dados da última viagem são mostrados no painel.
O painel bonito e harmonioso usa como quadro de instrumentos uma tela de TFT com as informações projetadas, colorida e amplamente configurável
Já a central de áudio se mostrou fácil de usar e com qualidade de som muito boa. Há até opção de apagar a tela depois de 10 segundos sem acionamento. O apoio de celular logo acima do painel tem uma entrada USB, de grande valia, mas que só funciona como carregador: para conectar o telefone pelos sistemas Apple Car Play e Android Auto, precisa-se conectar o fio na entrada USB no vão inferior do console e cruzar o fio bem na frente da tela e dos comandos de ar-condicionado. Por que não fazer a entrada superior com essa função?
A conexão com Car Play apresenta alguns incômodos. O aplicativo Whatsapp permite enviar e receber mensagens pelo comando da Siri da Apple, mas não se veem as mensagens na tela — a única coisa que se pode receber são mensagens de texto, que são faladas pela Siri. Se receber algum áudio, terá que ir ao aplicativo no celular.
Bom conjunto entre instrumentos e tela de áudio; quadro pode ser configurado de várias formas e mostra dados da viagem quando se desliga o motor
Enquanto o telefone está conectado via cabo, caso o motorista pressione o botão Phone, receberá a mensagem de que não pode se conectar via Bluetooth: deve então entrar no Car Play e selecionar o telefone para tal função. De resto, não há como usar o celular do passageiro via Bluetooth, para tocar alguma música ou fazer ligação, enquanto o do motorista estiver conectado via cabo. E mesmo na conexão com Android Auto, ao usar o Waze o mapa do quadro de instrumentos permanece o do navegador do carro — o do aplicativo aparece apenas na tela de áudio.
Em meio a tantas telas, gostamos do acionamento do ar-condicionado com botões físicos e giratórios, que não demandam maior atenção para o uso. Os botões secundários, porém, são pequenos e de difícil visualização. Na tela de áudio, uma opção mostra o quanto o ar-condicionado está aumentando o consumo, assim como ao ligar os faróis de neblina. É interessante notar que, tendo compressor variável, o sistema diminui sua atuação no caso de não se haver incidência solar, como num túnel. Ao sair dele, a barra aumenta devido à incidência de maior calor na cabine.
Para não se dizer que gostamos de tudo no Polo, há algo irritante nele: a buzina. Seu acionamento parece ser controlado pela central eletrônica, não com um botão direto ao volante, e impede um toque rápido de agradecimento. Caso tente buzinar rápido, nada sai. Então o motorista pressiona mais até que, de repente, sai um toque longo que passa a impressão de se estar reclamando com quem lhe deu passagem no trânsito e não agradecendo.
Áudio fácil de usar e ampla tela para a câmera traseira; conexão USB no suporte serve só para recarga; botões de sensores e porta-malas ficam próximos
Fica difícil entender essa estratégia, mas conhecidos que moram na Alemanha dizem que não há na cultura local buzinar rápido para agradecer uma gentileza — afinal, é “obrigação cultural” ser gentil por lá. Quando eles usam a buzina, é justamente com vigor para mostrar a indignação por alguém que fez algo errado no trânsito… Pode ser que para o país de origem do projeto do Polo o toque rápido seja dispensável, mas na cultura brasileira faz falta.
Na semana o Polo rodou quase tanto em cidade quanto em rodovias, com média de consumo geral de 14,8 km/l de gasolina. Interessante notar que o consumo rodoviário foi pior que o urbano (14,4 ante 15,3 km/l), por levarmos prancha e bicicleta em cima do carro, o que causa um enorme arrasto a 120 km/h — sentia-se claramente o efeito no desempenho e no ruído de vento. Na ida, com descida de serra, fizemos 16,7 km/l. Na volta, uma viagem que deveria durar em torno de 2h durou 4h20, e o engarrafamento piorou a média total para 13 km/l. Em trechos da rodovia Rio-Santos, com muitas lombadas e seções de baixa velocidade, a média foi de 14 km/l.
Considerados o prejuízo à aerodinâmica e a elevação do centro de gravidade, tanto o desempenho do motor turbo de 116 cv (com gasolina) quanto a estabilidade e os freios se mostraram muito competentes. A parte mecânica do Polo será mais explorada nas próximas atualizações do teste. Aguarde.
Semana anterior
Segunda semana
Distância percorrida | 724 km |
Distância em cidade | 340 km |
Distância em rodovia | 384 km |
Consumo médio geral | 14,8 km/l |
Consumo médio em cidade | 15,3 km/l |
Consumo médio em rodovia | 14,4 km/l |
Melhor média | 17,3 km/l |
Pior média | 10,2 km/l |
Dados do computador de bordo com gasolina |
Desde o início
Distância percorrida | 1.103 km |
Distância em cidade | 719 km |
Distância em rodovia | 384 km |
Consumo médio geral | 14,3 km/l |
Consumo médio em cidade | 14,2 km/l |
Consumo médio em rodovia | 14,4 km/l |
Melhor média | 17,3 km/l |
Pior média | 6,7 km/l |
Dados do computador de bordo com gasolina |
Preços
Sem opcionais | R$ 69.190 |
Como avaliado | R$ 73.990 |
Completo | R$ 76.240 |
Preços sugeridos em 27/2/18 |
Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 3 em linha |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4, variação de tempo |
Diâmetro e curso | 74,5 x 76,4 mm |
Cilindrada | 999 cm³ |
Taxa de compressão | 11,5:1 |
Alimentação | injeção direta, turbocompressor, resfriador de ar |
Potência máxima (gas./álc.) | 116/128 cv a 5.500 rpm |
Torque máximo (gas./álc.) | 20,4 m.kgf de 2.000 a 3.500 rpm |
Transmissão | |
Tipo de caixa e marchas | automática, 6 |
Tração | dianteira |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a disco |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | eixo de torção, mola helicoidal |
Rodas | |
Dimensões | 6,5 x 17 pol* |
Pneus | 205/50 R 17* |
Dimensões | |
Comprimento | 4,057 m |
Largura | 1,751 m |
Altura | 1,468 m |
Entre-eixos | 2,565 m |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 52 l |
Compartimento de bagagem | 300 l |
Peso em ordem de marcha | 1.147 kg |
Desempenho (gas./álc.) | |
Velocidade máxima | 187/192 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 10,1/9,6 km/l |
Consumo em cidade | 11,6/8,0 km/l |
Consumo em rodovia | 14,1/9,8 km/l |
Dados do fabricante; consumo conforme padrões do Inmetro; *opcionais |