Versão “aventureira” só com dois pedais repete qualidades da LTZ manual, mas caixa perde em eficiência
Texto e fotos: Felipe Hoffmann
A terceira semana do teste Um Mês ao Volante do Chevrolet Onix marca a troca de versões: sai a LTZ com transmissão manual, chega a Activ com caixa automática de seis marchas. A opção “aventureira” vem com os mesmos equipamentos de série descritos no começo do teste, mas traz pneus pouco mais largos e altos (195/65 R 15 em vez de 185/65 R 15) e altura de rodagem levemente maior. Também conta com bancos com parte central em tecido e bordado da versão, apliques e barras de teto, incluindo uma travessa traseira com influência à aerodinâmica. Na cor azul Infinity metálico, com os acessórios externos e rodas pretas, o visual ficou bem agradável e o faz chamar a atenção por onde passa.
Na primeira de suas duas semanas conosco, o Activ rodou 613 quilômetros pela capital paulista com média geral de 13,1 km/l de gasolina. A melhor marca foi de 16,4 km/l, no percurso-padrão de 70 km pelas marginais dos rios Tietê e Pinheiros, com média de velocidade de 48 km/l (acima de nosso costume, indicando trânsito mais leve). Levando em conta um dia mais típico, com velocidade média de 36 km/h, o consumo ficou em 14,8 km/l. A pior média foi de 8,6 km/l em percurso de 5 km pelo bairro com média de 20 km/h.
Rodas pretas com pneus mais largos, maior altura de rodagem e alguns adereços diferenciam a aparência do Onix Activ da versão LTZ, avaliada antes
De maneira geral, não se nota diferença no acerto de suspensão em relação à versão LTZ — apenas melhor aderência dos pneus Michelin em dias de chuva se comparados aos da Bridgestone que equipavam o Onix anterior. Contudo, nota-se bem a diferença de desempenho pela transmissão automática, passando a impressão de carro mais “amarrado”. Embora as perdas desse tipo de caixa sejam inerentemente maiores que as da versão manual, no caso do Onix a diferença parece ser maior que a média, exigindo que o motor trabalhe com rotações e cargas mais altas que na mesma condição com a manual.
Uma das formas que a Chevrolet adotou para diminuir essa sensação foi usar relações de marchas bem curtas, sobretudo nas três primeiras marchas, a ponto de o sistema quase não recorrer ao conversor de torque. Mesmo em velocidades de estacionamento, como 10-15 km/h, a caixa já se encontra em segunda com o conversor bloqueado. Também usou-se a estratégia de reter mais as marchas, fazendo com que o motor trabalhe com rotações mais altas o tempo todo. Em declive, mesmo sem usar os freios, percebe-se o intuito de obter freio-motor reduzindo marchas. Ao frear — como ao diminuir para virar numa esquina — a caixa reduz rapidamente as marchas, o que auxilia os freios, mas com o carro vazio passa a impressão de ser excessivo.
Trocas manuais são possíveis apenas quando se desloca a alavanca para a posição “M”, não havendo opção de modo esportivo. Nesse caso as trocas são feitas com o dedo em botão na própria alavanca, assim como no Ka Freestyle avaliado antes — o Ford, porém, admite seu uso mesmo na posição “D” e oferece modo esportivo. O Onix também não permite que se acelere ao fundo em marcha alta em baixa rotação, pois reduz a marcha após o pedal do acelerador chegar a 80%. Apesar de ser um recurso útil em emergência, não há como o motorista saber o ponto exato de troca: seria melhor haver um batente definido no fim de curso do pedal, como nos Volkswagens, por exemplo. Já o controlador de velocidade é fácil e intuitivo de usar.
Interior ganha apliques prateados em lugar dos pretos do LTZ; bancos usam tecido na parte central; sistema de áudio My Link tem tela de 7 pol e imagens de câmera
Como resultado da calibração escolhida pela GM, a diferença de consumo em relação ao Onix manual foi de 11%: na mesma condição de uso citada pelas marginais, com velocidade média igual, o LTZ manual fez 16,6 km/l enquanto o Activ automático obteve 14,8 km/l (no Ka o rendimento do automático foi igual ao do manual, com gasolina, e 8% pior com álcool). Mesmo assim, o carro da GM foi um pouco mais econômico na mesma situação, pois com gasolina o Ka automático fez 14,6 km/l, apesar do motor bem mais moderno.
O Onix automático parece mais “amarrado”, exigindo que o motor trabalhe com rotações e cargas mais altas que na versão manual
Também notamos que este Onix não possui a proteção inferior do motor, usada pela versão manual, o que entrega a necessidade de o sistema de transmissão trocar mais calor com o meio — sua menor eficiência gera mais calor. Em alta velocidade o Activ apresenta isolamento acústico adequado à categoria, tanto de ruído como de rolagem dos pneus. Já o isolamento térmico modesto indica a contenção de custos: mesmo em dias de temperatura amena, o carro exige que se ligue o ar-condicionado para manter a cabine agradável.
Ambas as versões contam com o sistema On Star, que pode ser tanto acionado via central de áudio como por botões de acesso rápido no retrovisor interno. Esse sistema conta com comunicação a uma central e, pelo contato diretamente com uma pessoa — e não um robô —, pode auxiliar o motorista em diversas situações: informar pontos de interesse próximos, reservar restaurantes e hotéis, pedir auxílio em caso de pane ou acidente, caso em que o sistema se encarrega de informar os órgãos públicos de emergência. Pode até ser usado para localizar o carro em caso de roubo ou furto. Embora exija o pagamento de mensalidade, mesmo sem que se pague oferece avisos como estar dentro da zona do rodízio paulistano perto do horário de entrada em vigor.
Pneus e suspensão do Activ mudam pouco no rodar do Onix, mas a caixa automática desta versão afetou desempenho e consumo: poderia ter maior eficiência
O Onix também compartilha uma boa solução vista antes no Equinox: toda vez que se abre alguma porta traseira e se dirige por algum tempo, ao estacionar, caso tal porta não seja mais aberta o motorista é alertado para verificar se algo pode estar no banco traseiro. Além do risco de esquecer um bebê (já ocorreram vários casos) ou animal, há inconvenientes menores que podem ser evitados pelo aviso, como deixar no carro até o dia seguinte uma carne ou um laticínio que tenha sido comprado e colocado atrás.
Na segunda semana do Activ, última da dupla de Onix, reportaremos resultados dos testes dinâmicos, dados de consumo com álcool e aferição do computador de bordo em relação à bomba de combustível. Até lá.
Semana anterior
Terceira semana
Distância percorrida | 613 km |
Distância em cidade | 613 km |
Distância em rodovia | – |
Consumo médio geral | 13,1 km/l |
Consumo médio em cidade | 13,1 km/l |
Consumo médio em rodovia | – |
Melhor média | 16,4 km/l |
Pior média | 8,6 km/l |
Dados do computador de bordo com gasolina |
Preços
Sem opcionais | R$ 68.490 |
Como avaliado | R$ 68.490 |
Completo | R$ 69.980 |
Preços sugeridos em 12/11/18 com caixa automática |
Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 4 em linha |
Comando de válvulas | no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 2 |
Diâmetro e curso | 77,6 x 73,4 mm |
Cilindrada | 1.389 cm³ |
Taxa de compressão | 12,4:1 |
Alimentação | injeção multiponto sequencial |
Potência máxima (gas./álc.) | 98/106 cv a 6.000 rpm |
Torque máximo (gas./álc.) | 13,0/13,9 m.kgf a 4.800 rpm |
Transmissão | |
Tipo de caixa e marchas | automática, 6 |
Tração | dianteira |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a tambor |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | eixo de torção, mola helicoidal |
Rodas | |
Dimensões | 6 x 15 pol |
Pneus | 195/65 R 15 |
Dimensões | |
Comprimento | 3,958 m |
Largura | 1,737 m |
Altura | 1,554 m |
Entre-eixos | 2,528 m |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 54 l |
Compartimento de bagagem | 280 l |
Peso em ordem de marcha | 1.092 kg |
Desempenho (gas./álc.) | |
Velocidade máxima | ND |
Aceleração de 0 a 100 km/h | ND |
Consumo em cidade | 11,2/7,7 km/l |
Consumo em rodovia | 12,6/8,6 km/l |
Dados do fabricante; consumo conforme padrões do Inmetro; ND = não disponível |