Será veículo urbano com jeito de utilitário e posição superior de dirigir, tão ao agrado dos compradores atuais
Renault e sua aliada Nissan sugerem estar inspiradas em criadores de animais, batizando cada geração ou família com letra inicial comum. Na Nissan, próximo utilitário esporte compacto, moda mundial, será o Kicks — trocadilho com quick, o significado inglês de rápido. Na Renault, de raízes latinas, Kwid. Sonoramente quid é “o que” em latim.
Em exíguo comunicado a Renault confirmou o sabido aos do ramo: o pequeno modelo lançado na Índia virá. Acróstico indica ser veículo para aventuras urbanas, com jeito de utilitário e implícita posição superior de dirigir, tão ao agrado dos compradores atuais – e tração em apenas um eixo.
Renault utilizou como referência o Kwid em produção e vendas iniciais pela marca na Índia. Produto nacional terá parte da essência e da morfologia, entretanto com muitas diferenças. Primeira, por enquadramento legal, portará bolsas infláveis e freios com ABS. Depois, por características de uso e submissão a regras biodinâmicas, sofrerá sensível aposição de reforços estruturais para resistir às tentativas de deformações impostas pelos buracos nacionais e aos testes de impacto, como o consumo oficial, crescente argumento de vendas.
Terceiro, motor será maior e, nas mudanças, o tanque de combustível com maior capacidade – e autonomia. No carro indiano, 28 litros. Aqui, entre 45 e 50. E, justificativa maior, Renault criou área de engenharia e pesquisa na América do Sul: 1.050 engenheiros distribuídos entre Brasil, Argentina, Chile e Colômbia para fazer adequações aos meio ambiente e consumidores da região.
Na prática
Deve-se imaginar o Kwid a ser feito no Brasil seja 150 a 200 kg mais pesado sobre a versão de origem, cujo mercado dispensa testes de impacto, bolsas infláveis (apenas a do motorista é oferecida lá como opcional) e ABS nos freios. Aqui, reforços, equipamentos, acessórios, tanque de combustível e motor maior serão mandatórios e autores do ganho de peso, imaginando-se tê-lo em condições de marcha com 800 kg. Na Índia 660 kg.
Motor será novo. Indiano se desloca com 800 cm³ de cilindrada. Aqui as distâncias continentais e os compradores exigem maior rendimento. Assim, por razões fiscais, arranhará os 1.000 cm³ em três cilindros, duplo comando com 12 válvulas, bloco, cárter e cabeçote em alumínio. Novo motor, dito SCE, de projeto posterior ao trazido do México para o Nissan March.
Diferenças
Novidade no cenário é motorização Renault. Marca substituirá os atuais motores 1,0 e 1,6-litro por outros de tecnologia atualizada, e desta forma, quando a Nissan iniciar produzir o Kicks brasileiro, trocará os motores pelos novos Renaults. Sendo geração mais evoluída deve oferecer mais potência, torque e menor consumo relativamente ao motor aplicado nos Nissans March e Versa, com 77 cv e 10 m.kgf. Ossatura mecânica quase padrão: suspensão frontal McPherson, traseira por eixo torcional; câmbio manual de cinco marchas.
Lançamento sem pressa. Apresentação no Salão do Automóvel, 10 a 20 de novembro, e expectativa de vendê-lo sob pressão de demanda para garantir volume e fluxo de vendas como o principal produto da empresa – hoje é o Sandero. Com a mudança de Governo, há esperanças de estabilização, e consequentemente a confiança fará crescer vendas. Resultados inicialmente mensuráveis pelas medidas para acertar a economia, daqui a uns 60 dias.
Dúvida a ser respondida pelo mercado é o convívio entre Kwid e Clio, o mais barato dos Renaults: dependerá de preço. Não haverá disputa de espaço industrial. O Clio é feito na Argentina e o Kwid será paranaense.
De novo, Araxá, o pico do antigomobilismo
Próximo e longo final de semana, dias 25 a 29, incluindo o feriado de Corpus Christi, o XXII Encontro Nacional de Automóveis Antigos na estância termal de Araxá, Triângulo Mineiro. A disposição dos veículos à frente do monumental Grande Hotel é espetáculo cênico.
Mais refinado destes eventos, marca-se pela qualidade e raridade dos veículos expostos. Dentre as atrações do evento, alguns automóveis pouco conhecidos, como o anteriormente desaparecido e ora restaurado Packard com carroceria especial da francesa Sautchik produzido em 1931; raro e extenso Lincoln Coupé com motor V12, carroceria especial Le Baron, de 1936; raridade dentre os Rolls-Royces, o Phantom V de 1965 do colecionador de Mercedes Nelson Rigotto; ampla coleção de Porsches do paulista Sérgio Magalhães, com ênfase nos modelos 356; e grupo de Alfas comandado pelo Alfa Romeo Club/MG, e no grupo duas estrelas raras, os modelos 33 e Alfetta.
Insólito, o único exemplar no Brasil de Vanden Plas – a grosso modo dito o Rolls-Royce da Jaguar. Marca é paralela à Daimler (a da Jaguar, não a ligada à Mercedes-Benz) e se distingue pelos refinamentos mecânicos, como a suspensão hidropneumática, e de decoração. Epicurismo vai ao ponto de mãos e braços dos usuários não tocar em plástico ou vinil, mas apenas em madeira raiz de nogueira e couro Connolly. Este, considerado o mais fino do mundo, provém de gado suíço Fleckvieh, criado especialmente para fornecê-lo. Tapetes em pelos longos de carneiro, e bancos em forma de poltrona para quatro ocupantes.
Atração paralela, a ser apresentado como Barn Find, termo universal para carros encontrados em galpão. No caso, um Lancia Asturia do pós-Segunda Guerra, resgatado à coleção do pioneiro antigomobilista Angelo Bonomi, e levado pelos paulistanos irmãos Marx, agitados no meio. Maurício, um dos Marx, pilotará a parte histórica do leilão.
Otávio Carvalho, um dos organizadores, acredita, a importância do evento releva a crise de imobilidade do país. Informação se baseia no fato de 10 dias antes do evento, 300 veículos ter sido inscritos. A capacidade, sempre selecionando os melhores, é pouco superior a este número. Neste ano a Mercedes-Benz será co-patrocinadora, projetando-se um núcleo de estelar – sem trocadilho – qualidade a representantes da marca. E sorteio de passagem aos expositores para ida à Autoclasica, Buenos Aires, outubro, maior evento do segmento na América do Sul. No evento, feira de peças e acessórios, e o único leilão de veículos antigos.
Roda a Roda
Fila – Abriu-se lista de encomendas para o novo Giulia, da ressurgente Alfa Romeo. Principia com a First Edition, assim rotulada para dar mais charme à novidade. Versões Giulia, Super, Business, Business Sport e a Quadrifoglio, com mais de 500 cv. Tema, a emoção volta à estrada. E vero. Sem previsão de vinda ao Brasil.
Bom gosto – Início da aragem de abertura em Cuba permitiu feito importante para a Mercedes-Benz. Delegação comercial foi à ilha e vendeu 199 unidades de automóveis da marca: 135 do C200 e 64 do E200 CGI, nova geração lá estreando. Serão utilizados em turismo e locação.

Cinquentão – Motor boxer da Subaru festeja 50 anos de produção desde a estreia no modelo 1000 de 1966. Bom em potência, torque, consumo e equilíbrio, colocação baixa, alinha o virabrequim com o eixo de engrenagens da caixa de marchas e, com a tração nas quatro rodas, distribuindo forças igualmente, tem resultado de excepcional estabilidade, equilíbrio e reduzido gastos em pneus.
Mais – Atualmente a configuração boxer, de cilindros horizontais e contrapostos, é utilizada apenas por Porsche e Subaru (incluindo o Toyota 86, projeto conjunto das marcas). Dela é o único diesel boxer. A corporação Fuji, de amplo espectro, produzindo de navios a aviões, adotará o nome Subaru, de expressão mundial.
Ocasião – Única dentre as dezenas de marcas de veículos operando no Brasil a se manifestar saudando o novo governo federal foi a Kia – a importadora de maiores perdas volumétricas no mercado.
Na veia – Domingo passado, anúncio de página dupla nos jornais paulistanos – com certeza lidos pelo Presidente Temer – e página inteira nos das maiores capitais. Mensagem no tema do discurso de posse: trabalho. Kia e importadores precisam abrir necessário e democrático canal de diálogo com o governo.
Foco – Governos anteriores tinham muita intimidade com a CAOA Montadora, vendedora de Hyundais, concorrentes diretos da Kia. Assim não havia diálogo e a imposição do programa Inovar-Auto segregou os carros importados e não os utilizou como parâmetro de conteúdo e preço para o consumidor.
Dança – A intimidade entre os ex-ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel e Mauro Borges com a CAOA Montadora é descrita pela Operação Acrônimo, e dentre os acusados, Carlos Alberto de Oliveira Andrade, o dr. CAOA, dono do negócio, e Antônio Maciel Neto, presidente.
Aula – Casual, didático, Luiz Alberto Veiga, 63, diretor de Design da Volkswagen, falou a lotado e atento auditório no II Mopar, encontro de Dodges em Brasília, último final de semana. Contou casos, exibiu propostas de modelos nunca adotados, mostrou exemplos e tirou numerosas dúvidas. Larga experiência em Chrysler, VW Caminhões e de automóveis, falou por duas horas, instruiu e fez amigos.
Ciclo – Passou o general Adelbert de Queiroz, 93. Ex-diretor da Mercedes, e último remanescente da pioneira turma de engenheiros automobilísticos formados pela ETE, a Escola Técnica do Exército, no distante 1955. Incrível iniciativa, formar engenheiros de automóveis em país onde meia dúzia de empresas apenas agregava partes importadas das matrizes. Coisas do Brasil, um sonho para o futuro. Entretanto, com a chegada da indústria automobilística, quase todos os formandos foram contratados como interface com gentes com outras formações e informações, necessitados de conhecimento do tema, e da ordem dos fundamentos militares.
Desafio – Fazer o correto, a tempo, dar exemplo e colocar ordem na multivariada feição da mão de obra sem vivência ou experiência, integram o desafio de construir carros sem existir auto peças. Mais, ajudar viabilizar o sonho nacionalista de implantar a indústria da mobilidade no país.
Nacionalidade – Todas as fabricantes tinham um engenheiro militar da ETE, de fundamental importância no desenvolver fornecedores, ante a dificuldade monumental de cumprir índices de nacionalização em apenas três anos. Muitas pequenas oficinas e fundições receberam visão de negócios, orientações técnicas, funcionais, de lay out operacional para dar um salto: deixar, por exemplo, de ser torneiro para ser fornecedor de autopeças.
Queiroz – Foi contratado pela Mercedes nos primeiros anos e, com a Revolução em 1964, quase todos os ex-ETE se transformaram em diretores, ampliando funções para incluir o relacionamento com os colegas militares exercendo comando, burocracia do país, e falando verde-oliva.
Fé – Nem a chuva, responsável por duas transferências de data, inibiu participantes e visitantes à Expo Auto Argentino, Moreno, beiradas de Buenos Aires, domingo passado. É para festejar e manter vivo o orgulho pelos veículos argentinos, e neste ano comemorava meio século do Ika Torino, melhor carro do continente à época – e assim eleito na exposição, em votação popular. Foco cultural, educativo, cresce de importância a cada ano.
Gente – Richard Christian Schwarzwald, 47, carioca, engenheiro, novo diretor de qualidade da FCA – Fiat Chrysler Automobile América Latina. Larga experiência no Brasil, na Fiat SpA e amizade com o CEO da empresa. Trabalharam juntos na VW do Brasil na fase Demel e na Fiat Itália. Fama de detalhista o precede. / Rodrigo Borer, CEO do Buscapé, sítio de comparação de preços, mudança. Idêntica função no Webmotors, maior sítio de classificados de veículos do país.
Actros, o caminhão do patrão
Melhor dotado em evolução, tecnologia e confortos, o Actros é chamado Caminhão do Patrão, um reconhecimento não apenas às suas características e conteúdo, mas ao fato de as grandes transportadoras nacionais terem começado e crescido com motoristas que se tornaram empresários. Bem dotado, o Actros é para condutores no topo da escala profissional.
Habilidades tem ganho novos operadores, e sua característica de ambientar-se às estradas permite uso em asfalto e nas vias de terra do agronegócio. Transportadoras de referencia, como a Budel Transportes, Grupo Cereal e Lontano Transportes, passaram a utilizar o extrapesado em versão 2651, no topo da linha de produtos Mercedes-Benz, todas ligadas ao agronegócio, onde se demanda estiradas de grandes distâncias, oferecendo excelente desempenho e produtividade, aliado a elevado conforto e segurança para o motorista.
Roberto Leoncini, Vice Presidente de Vendas, trata o Actros como Gigante de Tecnologia, e explica, “o Actros foi desenvolvido para enfrentar as características das estradas brasileiras e atender ao atual perfil do transporte, o mais preparado para enfrentar qualquer percurso”. Philipp Schiemer, presidente da Mercedes no Brasil e CEO para a América Latina, conduzindo a companhia com forte dedicação a alterar os produtos a partir da indicação dos clientes, sintetiza as boas vendas em meio à pior crise já vista no setor: “As estradas falam, a Mercedes-Benz ouve.“
Clientes Budel, Cereal e Lontano veem características comuns: confiança na marca; robustez e conforto; tecnologia; redução de consumo.
A coluna expressa as opiniões do colunista e não as do Best Cars