A evolução do Clio sedã, que chegou como opção mais
refinada ao Logan, conquistou mesmo por fatores objetivos
Texto: Luiz Fernando Wernz – Fotos: divulgação
O Renault Clio sedã criou polêmica desde seu lançamento, em 2000. Com a carroceria claramente adaptada da versão hatch, o modelo nunca fez muito sucesso de público pelo estilo pouco inspirado. Apesar disso, entregava muito espaço para bagagens, bolsas infláveis frontais de série e um bom pacote de equipamentos para a categoria.
Em março de 2009 a Renault, enfim, julgou que estava na hora de substituir o Clio sedã, mas com um investimento contido em sua reformulação. Começou a desembarcar no Brasil, vindo da Argentina, o Symbol, que na verdade aplicava uma nova carroceria à conhecida plataforma, sem novidades mecânicas. Com ele a Renault buscava oferecer a nosso mercado um sedã mais refinado e atraente que o Logan, mais acessível que o Mégane e sem ter como origem um hatchback, o que lhe conferia linhas mais equilibradas que as do sedã do Clio.
Apesar desse posicionamento de mercado, o Symbol era menor que o Logan, o que a empresa buscou compensar com o uso de motor de 1,6 litro — sem a versão de entrada de 1,0 litro do outro sedã ou mesmo do Clio — e maior conteúdo. De início, eram oferecidas duas versões. A primeira, Expression, vinha de série com bolsas infláveis frontais, ar-condicionado, direção com assistência hidráulica, controle elétrico dos vidros dianteiros, volante e banco do motorista com regulagem de altura, luz de neblina traseira, repetidores laterais das luzes de direção, trava elétrica das portas com controle remoto e alarme.
Simples no acabamento, a versão Expression vinha com bolsas infláveis, direção
assistida e ar-condicionado; o motor de 1,6 litro podia ter oito ou 16 válvulas
A versão de topo, Privilège, adicionava computador de bordo, ar-condicionado automático, retrovisores com regulagem elétrica, controle elétrico dos vidros traseiros, bancos com revestimento de veludo (superior ao tecido tipo tear da versão de entrada), volante e pomo do câmbio com revestimento em couro, rádio/toca-CDs com MP3 e comandos junto ao volante, faróis de neblina, rodas de alumínio de 15 pol e pneus de medida 185/55. Os únicos opcionais eram os freios com sistema antitravamento (ABS), para ambas as versões, e um pacote com computador de bordo e rádio para a Expression.
O Symbol Expression não tinha um posicionamento claro: custava mais que o Logan Privilège, com equipamento semelhante, tendo como vantagem o estilo mais agradável
Ambas as versões mantinham um motor já usado no Clio, o 1,6-litro de quatro válvulas por cilindro, flexível em combustível, conhecido pelo bom desempenho com sua potência de 110 cv (com gasolina) ou 115 cv (álcool). O Symbol era pouco mais leve que o Logan e bem menos pesado que o Mégane, o que contribuía para sua agilidade. As suspensões também eram as mesmas do Clio, do tipo McPherson na dianteira e por eixo de torção na traseira.
Se as linhas externas agradavam mais que as do Clio sedã, o mesmo podia ser observado no interior. Nada de linhas arrojadas, mas atualizadas em relação ao visual “cansado” do interior do Clio. O painel em dois tons saía da mesmice monocromática da categoria e criava um ambiente mais agradável na versão Privilège. O quadro de instrumentos lembrava o do Logan, mas todos os mostradores eram analógicos, de mais fácil leitura.
As rodas de alumínio identificam o Symbol Privilège, que vinha sempre com o motor
de 16 válvulas; o porta-malas para 506 litros era um ponto positivo desse Renault
Apesar de todas essas diferenças, ficava evidente a ligação do Symbol com seu antecessor, tanto por dentro quanto por fora, e características positivas do Clio foram abandonadas no Symbol, como os faróis de duplo refletor. Por outro lado, a grande capacidade do porta-malas — 506 litros — foi uma boa herança que o Symbol recebeu.
Apenas um mês após o lançamento, em abril de 2009, a Renault acrescentava o motor de 1,6 litro e oito válvulas, com 92/95 cv, para a versão Expression. A versão não tinha um posicionamento claro: custava mais que o Logan Privilège, com pacote de equipamentos semelhante, tendo como vantagem apenas o estilo mais agradável. Talvez por isso esse motor tenha sido retirado da linha Symbol já no modelo 2011.
Com base em tal versão foi desenvolvida a série especial Connection, lançada em outubro de 2010 e limitada a 2.000 unidades. Como o nome fazia supor, o principal atrativo era o sistema de áudio com rádio/toca-CDs da marca Sony com MP3, interface Bluetooth para telefone celular e entradas USB e para Ipod. A série trazia ainda retrovisores e maçanetas na cor da carroceria, faróis de neblina e as mesmas rodas de alumínio do Privilège.
Revestimento aveludado, computador de bordo, ar-condicionado automático,
rádio com MP3 e comandos junto ao volante: diferenças a favor do Privilège
Sem nenhuma mudança visual desde o lançamento, o Symbol chegou ao modelo 2013 oferecido só na versão Privilège com motor 1,6 16V. Um novo Symbol foi lançado na Europa em 2012, com estilo bem agradável. Feito na Turquia, ele é baseado na nova versão do Dacia Logan, com desenho frontal próprio, e seria uma opção interessante para a Renault trazer a nosso mercado, no qual o Symbol nunca teve grande representatividade.
“Espaçoso e econômico”
Um destaque do Renault Symbol é unânime entre seus donos (o espaço para bagagem), mas também são apontados como aspectos positivos pelos participantes do Teste do Leitor o consumo, o desempenho e o conforto ao rodar.
“O carro tem ótimo custo-benefício. Acho o visual meio antiquado, mas é confortável, tem nível de acabamento muito bom, a suspensão absorve bem as imperfeições das estradas esburacadas. Com 60 mil km rodados o carro não se bate todo por dentro. O consumo é um show à parte: médio urbano de 11,5 km/l e rodoviário de 14 a 14,5 km/l. O porta-malas é imenso, porém possui a boca de abertura um pouco limitada. Os itens de série são excelentes, o tecido dos bancos (veludo) é muito agradável e de limpeza razoavelmente fácil”, elogia Carlos Costa, que roda por Florianópolis, SC, a bordo de um Symbol Privilège 2010.
A série limitada Connection era equipada com rádio com interface Bluetooth e
conexões; embora fosse derivada da versão Expression, tinha as rodas da Privilège
Chrystyan Dresley C. Pinto, de Frutal, MG, também tem um Privilège 2010 e elogia o carro: “O carro é muito potente, até parece um 2.0 16V. O giro sobe muito rápido! Muito econômico, na estrada, carregado, com gasolina e ar ligado, a 130 km/h, costuma fazer 13,5 km/l. Com álcool, 9,5 a 10 km/l. Muito confortável e gostoso de dirigir, sempre convidando a pegar estrada pelo desempenho e conforto que oferece. O carro também é completo. O toque do revestimento interno é de excelente veludo. O controle de som junto ao volante completa o prazer ao dirigir. O porta-malas é um exagero de espaço”.
Outro proprietário muito satisfeito é Laurimar José Zenevich, que roda por Lagoa Vermelha com um outro Privilège 2010: “Conforto, custo-benefício, motor e acabamento muito superiores aos dos concorrentes, a altura em relação ao solo (não raspa em nada) e o porta-malas leva o que você imaginar. Tem itens que carros de categoria superior não têm, como ar-condicionado automático, duas bolsas infláveis, controle de som no volante, tecido dos bancos aveludado e computador de bordo altamente preciso. A economia é grande para um carro com essa motorização”.
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