Fiat Bravo: bons equipamentos com pouco desembolso

 

O hatch médio passa a imagem de um produto atual e
completo sem cobrar muito, mas alguns defeitos são críticos

Texto: Luiz Fernando Wernz – Fotos: divulgação

 

As especulações começaram em 2008. A Fiat havia lançado no ano anterior na Europa o substituto do Stilo, com um nome já usado nos anos 90 — Bravo —, e deveria trazê-lo para o Brasil em breve. Mas devido a mudanças estratégicas da marca, em decorrência de problemas de ordem financeira, o Bravo chegou depois do esperado: o mercado brasileiro só foi conhecer o novo hatchback médio em novembro de 2010, como modelo 2011. Apesar do atraso, o Bravo ainda representava um grande salto em desenho quando comparado ao Stilo, com linhas fluidas e volumes arredondados.

O Bravo foi apresentado em três versões. A básica era a Essence, que já vinha equipada de série com bolsas infláveis frontais, ar-condicionado, direção com assistência elétrica (com modo City, que amplia a assistência em baixa velocidade), rodas de alumínio de 16 pol, faróis de neblina com função de curvas (com faróis baixos ligados, acende-se o de neblina do lado para o qual o carro está sendo direcionado), freios a disco nas quatro rodas, controlador de velocidade, controle elétrico dos quatro vidros, rádio/toca-CDs com MP3, volante ajustável em altura e distância, travas e retrovisores elétricos, para-sóis com iluminação, banco traseiro bipartido 60/40 e chave com telecomando para vidros e travas.

 


Rodas de 16 pol e teto solar opcional enriqueciam o visual do Bravo na versão de
entrada Essence; o motor de 1,75 litro e 16 válvulas produzia 132 cv com álcool 

 

A extensa lista de opcionais oferecia o câmbio automatizado Dualogic com comando manual pela alavanca ou também com aletas junto ao volante, ar-condicionado automático com duas zonas de ajuste, freios antitravamento (ABS), sistema de áudio com alto-falante de subgraves, sistemas Blue & Me (interface Bluetooth para telefone celular com comando por voz) e Blue & Me Nav (que incluía navegador, mas sem exibição de mapa), volante revestido em couro com comandos de áudio, teto solar elétrico duplo Skydome, retrovisor interno fotocrômico, faróis e limpador de para-brisa automáticos, sensores de estacionamento traseiro e dianteiro, rebatimento elétrico dos retrovisores, apoios de braço à frente e atrás e bancos com revestimento parcial em couro preto ou marrom.

A versão intermediária Absolute adicionava de série ar-condicionado automático de duas zonas, Blue & Me, sensores de estacionamento na traseira, volante de couro com comandos do rádio, apoios de braço, rodas de 17 pol e acabamento interno exclusivo. Quando equipada com o câmbio Dualogic, a versão já contava com os comandos de trocas manuais no volante. O Absolute oferecia como opcionais outras cinco bolsas infláveis, teto solar Skydome, sensor de pressão dos pneus, som com subgraves, Blue & Me Nav, navegador com tela no painel, sensores dianteiros e bancos com couro parcial, entre outros itens.

 

O Bravo trouxe primazias à produção nacional: bolsa inflável para os joelhos do motorista, monitor de pressão dos pneus, assistente de saída em aclives

 

A versão de topo era o Bravo TJet, equipada com motor italiano de 1,4 litro, quatro válvulas por cilindro e turbocompressor. De série, vinha com câmbio manual de seis marchas, controle eletrônico de estabilidade, assistente de saída em aclives, rodas exclusivas de 17 pol, faróis escurecidos, saída de escapamento cromada dupla, pinças de freio vermelhas, saias laterais, defletor traseiro e volante e pedais esportivos. Seus opcionais eram faróis de xenônio e alguns itens também oferecidos no Absolute.

O Bravo trouxe primazias à produção nacional. Uma delas era a bolsa inflável para proteção aos joelhos do motorista, complementando as frontais no volante e no painel, as laterais inferiores nos bancos dianteiros e as cortinas na área envidraçada lateral. Outras novidades eram o monitoramento de pressão dos pneus, que indicava pressão insuficiente ou excessiva em cada um, e o assistente de saída em aclives (e de marcha à ré em declives), que retinha os freios por até dois segundos para o carro não rodar na direção oposta à desejada, além dos já citados faróis de neblina com auxílio em curvas. Na linha Fiat, era o primeiro a dispor de navegador com tela integrada ao painel.

 

 
No interior de aspecto moderno, o Essence podia ter câmbio automatizado,
ar-condicionado de duas zonas e sistema de áudio com navegador e Bluetooth

 

Um recurso que o Bravo não oferecia — e que pôde ser considerado uma perda em relação ao Stilo — era o teto solar Sky Window, com lâminas que abrangiam quase toda a área do teto. Em seu lugar o Bravo oferecia o Skydome, igual ao do Punto e da Idea, com parte traseira fixa e a dianteira que podia se inclinar ou deslizar por fora, tendo cada parte um forro próprio. Por dentro o Bravo apresentava a evolução esperada, adotando linhas curvas, bancos envolventes com bons apoios laterais e cintos de segurança de três pontos para todos os passageiros.

 

 

A mecânica das versões Essence e Absolute era exclusiva do Brasil. O motor FPT E-Torq de 1,75 litro e 16 válvulas, fabricado em Campo Largo, PR, era baseado no 1,6 fornecido pela antiga Tritec para equipar o Mini Cooper da BMW e fornecia potência de 130 cv com gasolina e 132 com álcool. O leque de novidades chegava ao motor 1,4 turbo de 152 cv da versão TJet com o Overbooster, sistema acionado pelo botão OVB no painel que alterava a curva de comando do pedal do acelerador (tornando-o mais rápido), a central eletrônica (para elevar a sobrepressão máxima de 0,9 para 1,3 bar) e a assistência elétrica da direção (que diminuía, ficando mais pesada). O esportivo também tinha a suspensão rebaixada em 20 mm e calibração específica, além do câmbio com marcha à ré sincronizada.

Em maio de 2012 era lançada a linha 2013 do Bravo. As maçanetas internas passavam a ser cromadas e o volante de couro, o apoio de braço central com espaço refrigerado e os comandos do rádio no volante passaram a vir na versão Essence. O TJet ganhava teto solar Skydome de série. Mas a maior novidade foi a melhoria no sistema do câmbio automatizado, que passou a se chamar Dualogic Plus. Além de evolução para trocas de marchas mais suaves, na posição Drive o veículo se movimentava lentamente (função creeping, ou rastejar), passando a funcionar de forma mais parecida com um câmbio automático de verdade.

 

 

 
Na versão Absolute, de mesmo motor, o Bravo tinha rodas 17 e interior mais luxuoso,
com opções como navegador com tela, sete bolsas infláveis e o teto solar Skydome

 

No mês seguinte a Fiat acrescentava a versão Sporting, situada entre a Essence e a Absolute. Com visual mais esportivo, trazia faixas esportivas nas portas dianteiras e na tampa do porta-malas, filete vermelho contornando a grade frontal, defletor acima do vidro traseiro, saias laterais e faróis com máscara negra. As rodas vinham do Bravo Absolute, mas com acabamento diferenciado. O teto solar era item de série, assim como costuras vermelhas nos bancos, no volante e na alavanca do freio de estacionamento.

Bancos de couro, sistema de navegação (sem mapa), Blue & Me, sensores de estacionamento na traseira, rebatimento elétrico dos retrovisores, câmbio Dualogic Plus e ar-condicionado automático de duas zonas eram opcionais. Na mecânica o Bravo Sporting era idêntico ao Absolute, exceto pela suspensão, que recebeu a calibração e a altura da versão TJet.

 

“Desperta paixão”

O Bravo registra opiniões muito divergentes entre seus proprietários, segundo as opiniões enviadas ao Teste do Leitor: agradou muito a uns e não a outros, mas a modernidade, o acabamento e a dirigibilidade são seus pontos fortes.

Próxima parte

 

 

 

 
Detalhes de estilo mais esportivos diferenciavam o Bravo TJet, versão de topo do hatch
da Fiat, que trazia motor turbo de 1,4 litro e 16 válvulas com 152 cv e até 23 m.kgf

 

Um dos proprietários muito satisfeitos é José Emerson Padilha de Melo, de Maceió, AL, dono de um Bravo Essence Dualogic 2012: “Design moderno, equilibrado. O acabamento é muito bom, com bons materiais. O porta-malas é o maior da categoria, porém à custa de um menor espaço no banco traseiro sem que isso diminua o conforto de quem anda atrás. O conforto ao rodar é bom. O motor é bem dimensionado e econômico. Optei pelo Bravo por ter tido experiências muito boas com Unos e Palios, além de ser o mais atualizado”.

“Um carro que desperta uma paixão instantânea, principalmente ao entrar no carro. O acabamento é primoroso, sem rebarbas e feito com materiais de alta qualidade. O carro em si tem um motor adequado, mas pelo seu peso deveria ter um pouco mais de potência. O ESP deveria estar disponível na versão Absolute. Estou satisfeito”, relata o apaixonado, mas racional Stéfano Maviega, de Campinas, SP, dono de um Bravo Absolute Dualogic 2012.

 

 
O interior mudava pouco no TJet, mas o conteúdo de série era superior; a mecânica
incluía câmbio de seis marchas, suspensão mais firme e controle de estabilidade

 

Outro dono muito satisfeito é Matheus Morandi de Almeida, que roda por Belo Horizonte, MG, a bordo de seu Bravo TJet 2012: “É impressionante como um mesmo carro pode ser tão diferente de uma versão para outra. Esqueça tudo que você leu sobre a versão aspirada. O TJet é um carro para entusiastas! Motor potente e econômico, suspensão afinadíssima, acabamento muito bom, posição de dirigir muito confortável e esportiva, direção precisa e direta, rápido e divertido. Comprei o carro com todos os opcionais, que tornam o carro ainda mais agradável e estiloso. Acho o desenho maravilhoso, atemporal e muito bem resolvido. O motor sobe de giro com rapidez e é suave, e o câmbio mantém o motor sempre na rotação perfeita. É impossível acionar o Overbooster e não soltar palavrões misturados com risadas! Garante muita diversão ao volante”.

Daniel, de Porto Alegre, RS, tem um Bravo Sporting 2013 e também elogia seu hatchback: “Desenho muito charmoso, elegante e esportivo na medida certa. O acabamento interno é muito bom. A sensação é de muita estabilidade, mesmo em altas velocidades. O conforto da direção elétrica supermacia é destaque. Gosto muito do ronco do motor, um tanto esportivo, mas sem ser muito chamativo. O carro traz visual mais esportivo sem custar muito mais. No entanto, acho que faltam mais itens de segurança (ESP e mais bolsas infláveis)”.

 

“O TJet é um carro para entusiastas! Motor potente e econômico, suspensão afinadíssima, acabamento muito bom, direção precisa e direta”, diz o leitor

 

O Bravo também possui proprietários que se arrependem de o terem comprado. Isabel Cristina, de Alfenas, MG, tem um Sporting Dualogic 2013 e com apenas 1.000 km rodados já não estava satisfeita: “O câmbio Dualogic é lento nas trocas de marchas, confuso e deveria ter uma posição de freio, como o P nos automáticos. A Fiat deveria desistir desse câmbio e partir para o verdadeiro automático. Meu carro saiu de fábrica com ar-condicionado que não esfria e com um barulho na suspensão dianteira, que foi diagnosticado como defeito no amortecedor. Falta controle de qualidade na Fiat. Como um carro sai assim? Estou decepcionada e, se pudesse voltar atrás, não compraria”.

Os defeitos relatados por seus proprietários foram vários. Os mais importantes foram problemas elétricos (vidros e travas que não obedecem a comandos de acionamento, problemas com os alto-falantes, nos lavadores dos faróis e do para-brisa e até mesmo panes que chegam a parar o carro), ruído ao frear com o carro dando marcha à ré, falhas na vedação do teto solar, direção travada com o carro em movimento, ruídos nas portas traseiras, falta de eficiência do ar-condicionado, infiltração de água nos faróis, alertas de avarias nas bolsas infláveis, câmbio Dualogic com funcionamento irregular e sistema de áudio lento para a leitura de pendrives.

 

 

 
Último a chegar, o Bravo Sporting combinou o motor E-Torq, com opção pelo câmbio
Dualogic, a um visual externo e interno esportivo e à mesma suspensão do TJet

 

A rede de concessionárias Fiat é criticada pelos donos. Rodrigo Galon de Lima, de Francisco Beltrão, PR, que tem um Bravo Essence 2012, relata: “A felicidade foi para o buraco… O pós-venda da Fiat é ruim, demoram seis meses para resolver problemas e a fábrica alega que não tem peças básicas, como uma manopla do câmbio, retrovisor, guarnição do reservatório de água do limpador, botão de encaixe do carpete… Todos itens que vieram com defeito de fábrica. A Fiat está deixando acontecer como no Tipo e Marea, que tiveram a imagem queimada pela falta de assistência. Não compre!”.

 

 

Camila Souza, de Brasília, DF, tinha um Absolute 2011 e lamenta: “Apresentou diversos problemas como avarias dos airbags. Levei inúmeras vezes à concessionária e não foi resolvido. O sistema elétrico apresentava inúmeros problemas. Cansei do carro e acabei vendendo. Além disso, em função do atendimento precário da rede autorizada, desisti da marca”.

A incidência de problemas faz com que o índice de satisfação dos donos de Bravo seja apenas razoável: 67,5% dos participantes do Teste do Leitor declaram-se muito satisfeitos com o carro, resultado inferior aos de Hyundai I30 (90,9%), Nissan Tiida (87,5%) e Ford Focus (76,6%, incluindo sedã), mas melhor que o do Chevrolet Vectra hatch (62,8%). A rede de concessionárias da Fiat mereceu a mesma avaliação de 40% dos proprietários, contra 58% da Nissan, 50% da Ford e da GM e 31,8% da Hyundai (os índices foram computados para cada Guia de Compra e podem não refletir a situação atual).

 

Custos de manutenção

Concessionária Mercado paralelo
Discos de freio (par) R$ 270 R$ 160
Pastilhas de freio dianteiras (jogo) R$ 320 R$ 70
Amortecedores (jogo de 4) R$ 940 R$ 1.000
Pneus (Goodyear Eagle Excellence, 215/45 R 17, cada) R$ 610
Para-lama dianteiro (cada) R$ 600 R$ 330
Para-choque dianteiro R$ 710 R$ 390
Farol (cada) R$ 790 R$ 280
Mão de obra (hora) R$ 170
Preços médios para Bravo Absolute 1,75 16V Flex 2012 obtidos pelo Sistema Audatex (concessionária) e lojas de autopeças, em pesquisa em abril de 2013; não envolvem instalação e pintura quando cabível

 

Cotações de seguro

Custo médio Franquia média
  • Bravo Absolute Dualogic 1,75 16V Flex 2012
Perfil de alto risco R$ 10.700 R$ 2.925
Perfil de médio risco R$ 3.065 R$ 2.685
Perfil de baixo risco R$ 1.675 R$ 2.490
  • Bravo TJet 1,4 16V 2012
Perfil de alto risco R$ 12.295 R$ 3.770
Perfil de médio risco R$ 4.125 R$ 3.500
Perfil de baixo risco R$ 2.070 R$ 3.270
Custos médios obtidos em pesquisa da Depto Corretora de Seguros em abr/13; conheça os perfis

 

Satisfação dos proprietários

Com o carro Com as concessionárias
Muito satisfeitos 67,5% 40%
Parcialmente satisfeitos 15% 37,5%
Insatisfeitos 17,5 20%
Não utilizam 2,5%
Estatística obtida no Teste do Leitor com 40 proprietários até abr/13

 

Compare as versões

Versão Faixa de preço Anos-modelo disponíveis
Bravo Essence 1,75 16V Flex R$ 42.400 a R$ 48.900 2011 a 2013
Bravo Essence Dualogic 1,75 16V Flex R$ 44.100 a R$ 51.500 2011 a 2013
Bravo Absolute 1,75 16V Flex R$ 45.000 a R$ 49.700 2011 e 2012
Bravo Absolute Dualogic 1,75 16V Flex R$ 48.200 a R$ 55.900 2011 a 2013
Bravo Sporting 1,75 16V Flex R$ 53.900 2013
Bravo Sporting Dualogic 1,75 16V Flex R$ 54.200 2013
Bravo TJet 1,4 16V gasolina R$ 51.400 a R$ 61.000 2011 a 2013
Preços fornecidos pela FIPE e válidos para abr/13
Versão Comb. Potência Torque Vel. máxima 0 a 100 km/h Cons. cidade Cons. estrada
Motor 1,75 16V Flex gas. 130 cv 18,4 m.kgf 191 km/h 10,3 s 11,3 km/l 16,1 km/l
álc. 132 cv 18,9 m.kgf 193 km/h 9,9 s 7,9 km/l 11,2 km/l
Motor 1,4 16V turbo gas. 152 cv 21,1 / 23,0 m.kgf* 206 km/h 8,7 s ND ND
Dados do fabricante; ND= não disponível; *Overbooster acionado

 

 

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