Apesar de algumas limitações e das concessionárias, sua
primeira geração obteve êxito e ampla liquidez no mercado
Texto: Luiz Fernando Wernz – Fotos: divulgação
Poucos são os carros que podem ser considerados criadores de tendências ou, até mesmo, de uma nova categoria. Para que isso ocorra, deve ser aplicada uma fórmula simples: saber exatamente o que o público-alvo espera desse carro.
Num país em que ter um utilitário esporte virou sinônimo de status, esse tipo de veículo passou a ser mais desejado pelo público, em que pese suas desvantagens em relação a automóveis convencionais — em regra são mais caros, pesados e beberrões de combustível, além de grandes demais para uso diário. A fórmula para o sucesso, portanto, seria tornar o utilitário menor e mais econômico, para que passasse a ser mais acessível e utilizável no dia a dia das grandes cidades.
Foi assim que a Ford lançou em 2003 um de seus produtos de maior sucesso em nosso mercado, o EcoSport, usando como base o hatchback pequeno Fiesta. O carro conseguiu fazer com que o consumidor médio chegasse mais perto dos desejados utilitários esporte sem que seu planejamento financeiro sofresse um “rombo”, trazendo a tão desejada sensação de se ver o trânsito “de cima”, como muitos de seus fãs gostam de enfatizar. O EcoSport fez tanto sucesso que gerou uma corrida entre os principais fabricantes, desde seu lançamento, no sentido de oferecer algo que se aproximasse de sua proposta, em geral adaptando adereços fora de estrada a modelos de outras categorias.
O EcoSport 2008 ganhou uma remodelação na frente e no interior que o deixou mais
agradável de dirigir; a versão XLT (fotos), a mais luxuosa, tinha motor de 2,0 litros
A primeira versão do EcoSport já foi avaliada no Guia de Compra em novembro de 2005. Sendo assim, este Guia tem como foco o modelo lançado em outubro de 2007 como modelo 2008. Redesenhado, o “Eco” adotava uma parte frontal com novos faróis, para-choque, grade, capô e para-lamas. Na traseira as modificações limitaram-se a para-choque e lanternas com seções internas circulares.
A versão Freestyle destacava-se pelo acabamento diferenciado, com os mesmos apliques externos do EcoSport 4WD, e o tipo de pneus
Atendendo a pedidos do público, o EcoSport mudou mais por dentro. Com reclamações à primeira versão quanto a desenho interno e qualidade do acabamento, o modelo 2008 recebeu novo painel e outros padrões de plásticos e tecidos. Os bancos vinham mais envolventes, segurando melhor o corpo em curvas, e o quadro de instrumentos passou a apresentar termômetro do motor e indicador de nível de combustível analógicos. No geral, o carro também ficou mais silencioso e a porta traseira teve seus ruídos amenizados.
As versões do EcoSport eram cinco. A básica, XL, usava o motor Zetec Rocam flexível de 1,6 litro, com potência de 105 cv (com gasolina) e 111 cv (com álcool), e oferecia de série ar-condicionado, direção com assistência hidráulica, banco do motorista e volante com regulagem de altura, espelho de cortesia no para-sol para o motorista e o passageiro, compartimento refrigerado no painel, conta-giros e banco traseiro bipartido; as rodas de 15 pol usavam calotas. Seus opcionais eram bolsa inflável para o motorista e rádio/toca-CDs.
O Freestyle combinava motor 1,6 (mais tarde com opção pelo 2,0-litros, mas só com
câmbio manual) e tração dianteira ao mesmo pacote visual e aos pneus do 4WD
A versão intermediária XLS adicionava barras transversais no teto, controle elétrico de vidros, travas e retrovisores, faróis de neblina, iluminação no porta-luvas e controle remoto das travas das portas. Além da bolsa inflável para o motorista e do rádio/toca-CDs, podia vir equipada com motor Duratec de 2,0 litros a gasolina, com quatro válvulas por cilindro e 143 cv, unido ao câmbio automático de quatro marchas, em vez do 1,6 com caixa manual.
O EcoSport de topo de linha era o XLT, disponível com motores 1,6 flexível e 2,0-litros a gasolina, este com câmbio manual ou automático. Adicionava ao pacote da XLS para-choques pintados na cor do carro, sistema de áudio com toca-CDs/MP3, rodas de alumínio de 15 pol, volante revestido em couro, ajuste lombar do banco do motorista, luz de cortesia com temporizador, console no teto com luz integrada e alarme antifurto com acionamento a distância. Seus opcionais, além do câmbio automático, eram bolsas infláveis para motorista e passageiro (que descartava o compartimento refrigerado do painel), bancos de couro, computador de bordo, controle de áudio na coluna de direção, espelho de cortesia iluminado no para-sol do passageiro e freios com sistema antitravamento (ABS).
Feita a partir do XLT, também estava disponível a versão Freestyle, na época apenas com motor 1,6. Destacava-se por um acabamento diferenciado, com os mesmos apliques externos do EcoSport 4WD (para-choques, grade, rodas de alumínio, barras de teto, retrovisores externos e estribos em cinza, molduras laterais mais largas, lanternas traseiras com seção na cor fumê, inscrições dos pneus na cor branca), assim como o tipo de pneus, mais apropriado para uso misto que apenas para asfalto.
O EcoSport 4WD mantinha o conteúdo do XLT, mas trazia tração integral sob demanda e
suspensão traseira independente; na linha 2010 o motor de 2,0 litros tornava-se flexível
Havia, por fim, a versão 4WD, baseada na XLT e oferecida apenas com motor 2,0-litros e câmbio manual. Seu destaque era o sistema de tração integral sob demanda: as rodas traseiras recebiam torque apenas quando fosse detectada perda de aderência das dianteiras. A suspensão posterior também era diferente, um sistema independente multibraço, em vez do eixo de torção do restante da linha.
Em novembro de 2008 a Ford apresentou a linha 2009 do EcoSport, quando o motor de 2,0 litros também passou a ser flexível e tornou-se disponível para a versão Freestyle, sempre com câmbio manual. A potência cresceu para 145 cv com álcool, mas caiu em 2 cv (para 141) com gasolina. O sistema de áudio da versão XLT ganhava conexões para Ipod, USB e Bluetooth. Nada mais mudou no modelo até fevereiro de 2010, quando foi lançada a linha 2011 e o carro recebeu modificações leves — apenas um “sopro de sobrevivência” até a chegada da segunda geração, em 2012. As versões XLT, Freestyle e 4WD receberam a inscrição EcoSport no capô seguindo a moda Land Rover, retrovisores em duas cores e novas barras longitudinais no teto. Freestyle e 4WD adotaram faróis com máscara negra.
Por dentro, o painel recebeu nova grafia dos instrumentos, mais informações (portas abertas, faróis ligados e manutenção programada) e iluminação permanente. Os revestimentos dos bancos foram redesenhados, tanto nas opções de tecido quanto de couro, e na versão XLT com câmbio automático foi adicionado apoio para o pé esquerdo. A partir da XLS a chave passou a ser do tipo canivete; tanto o Freestyle quanto o XLT 1,6 receberam computador de bordo e controles de áudio na coluna de direção. Por fim, todos passaram a contar com garantia de três anos.
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