Pesquisa indica que espaço e conforto agradam, mas donos querem mais equipamentos e menos ruídos na suspensão
Texto: Fabrício Samahá – Fotos: divulgação
Em franca expansão na década de 2010, o mercado nacional de utilitários esporte compactos ganhou um representante da Honda em 2015: o HR-V, derivado da plataforma do Fit, mas com maiores dimensões e o motor de 1,8 litro então usado pelo Civic. Seu êxito foi imediato, colocando-o entre os mais vendidos da categoria, e hoje ele tem grande presença no mercado de usados — razão para o analisarmos no Guia de Compra com base nas opiniões de proprietários emitidas no Teste do Leitor.
A linha inicial do HR-V compreendia as versões LX (com transmissão manual ou automática de variação contínua, CVT), EX e EXL (apenas CVT), todas com o motor 1,8, que produzia 140 cv com gasolina e 139 com álcool. O acabamento superior Touring era adicionado em 2017 com faróis de leds, bolsas infláveis de cortina e outros equipamentos. A linha 2019 trazia retoques de estilo, novos faróis, mais equipamentos (incluindo nova central de áudio) e ajustes na CVT e na suspensão. O Touring voltava à linha meses depois, trazendo ao modelo o motor turbo de 1,5 litro do Civic de mesma versão (173 cv e 22,4 m.kgf), faróis de leds e itens como chave presencial e teto solar panorâmico.
O modelo inicial do HR-V, produzido de 2015 a 2018, usava o motor 1,8-litro em todas as versões; a EXL (fotos) era a de topo até a chegada da Touring em 2017
Questionados sobre os maiores pontos positivos do carro, os donos de Honda HR-V que opinaram no Teste do Leitor citaram em primeiro lugar o estilo (58%), seguido de perto pelo consumo de combustível (54%) e pelo espaço interno (50%). Outros pontos destacados com frequência foram conforto ao dirigir (29%), modularidade de posições do banco traseiro (25%) e desempenho do motor (21%). Estabilidade e transmissão CVT foram elogiadas por 13% cada item.
Rodrigo Arena, de Ivoti, RS, tem um HR-V EXL 2019 e destaca “o rodar muito suave. Ajustes do câmbio CVT melhoraram a resposta e o isolamento acústico. Ótimo compromisso entre desempenho e economia. Os bancos ficaram ótimos e o acabamento muito melhor que Creta, Tracker e T-Cross, entre outros. Sistema de bancos Magic Seat não tem comparação”. As qualidades já vinham desde os modelos iniciais, como comprova Jorandir Gomes, de Francisco Beltrão, PR, dono de HR-V EXL 2016: “Desenho muito bonito, bom espaço interno, excelente estabilidade, o som é muito bom. O sistema de rebatimento dos bancos é muito útil”.
Que aspectos são negativos no SUV da Honda? O mais comentado é a escassez de equipamentos de conforto e conveniência (25%), enquanto quatro itens foram citados com a mesma frequência de 17%: conforto da suspensão, falta de chave presencial, limitações da central de áudio (caso do sistema de navegação de algumas versões) e rotação elevada ao pisar um pouco mais no acelerador — aspecto que foi revisto no modelo 2019, sendo criticado nos mais antigos. Há ainda 13% de menções aos faróis do modelo até 2018.
Além de retoques visuais, o HR-V 2019 trazia nova central de áudio, faróis mais eficientes e evoluções na transmissão CVT e na suspensão
Cosme Lima, de Santos, SP, opina sobre seu HR-V Touring 2018: “Ausência de itens tecnológicos (chave presencial, Apple Car Play, teto solar, painel moderno, ar-condicionado bizona) com valor alto sem os itens mencionados”. Rodrigo Arena, citado acima, complementa: “Merecia um painel mais moderno, um ponto USB atrás, uma central multimídia mais integrada e não essa que parece acessório. A câmera de ré piorou demais em nitidez e falta de guias móveis, que havia antes do facelift”.
Apesar das menções positivas, o Honda HR-V alcançou índice apenas razoável de aprovação: 58% dos donos estão muito satisfeitos com ele, bem atrás do Jeep Renegade
O HR-V mostrou baixa incidência de defeitos em geral, salvo um: ruídos na suspensão aparecem em 38% dos depoimentos. Sua menção por donos de modelos 2019 em diante mostra que a recalibração não surtiu efeito quanto a esse aspecto. Outros problemas foram raros: ruídos no limpador de para-brisa e pintura frágil constam de 8% dos relatos.
Alexandre Átila Vieira de Lima, de Fortaleza, CE, dono de um HR-V EX 2019, reclama: “Suspensão é dura e barulhenta, não condiz com um carro que custa mais de R$ 100 mil. Três concessionárias não resolveram o barulho da suspensão e da coluna de direção. Dizem que é característico do modelo”. Sérgio José de Oliveira, que roda de HR-V EX 2020 por Brasília, DF, confirma: “A suspensão ainda não é das melhores. Em terrenos irregularidades vez ou outra apresenta estalos leves. Disseram que era normal, que acabaria com o tempo”.
O HR-V Touring foi relançado em 2019 com motor turbo de 173 cv e opções inéditas, como teto solar panorâmico, chave presencial e interior em dois tons
Apesar das menções positivas bem mais comuns que as negativas, o Honda HR-V alcançou índice apenas razoável de satisfação dos donos: no Teste do Leitor, 58% disseram estar muito satisfeitos com ele. Entre os SUVs analisados no Guia de Compra, ele ficou bem atrás do arquirrival Jeep Renegade (90%), perdeu para o Jeep Compass (74%), empatou com o Ford Ecosport até 2017 (58%) e venceu por pouco o antigo Renault Duster (56%).
Nem mesmo a rede de concessionárias da Honda obteve grande aprovação: deixou muito satisfeitos só 42% dos donos, mesmo percentual dos que têm satisfação parcial com a rede. Entre os SUVs a assistência da marca perdeu para a da Jeep (63% de donos muito satisfeitos no Renegade e 60% no Compass) e para a da Ford (58% no Ecosport), vencendo a da Renault (30% no Duster). Os índices foram obtidos para cada Guia de Compra e podem não refletir a situação atual de cada modelo.
Mais Guias de Compra
Satisfação com o carro
Muito satisfeitos | 58% |
Parcialmente satisfeitos | 21% |
Insatisfeitos | 21% |
Pesquisa com 24 donos |
Satisfação com a rede de concessionárias
Muito satisfeitos | 42% |
Parcialmente satisfeitos | 42% |
Insatisfeitos | 16% |
Não usam | 0 |
Pesquisa com 24 donos |
Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 4 em linha |
Comando de válvulas | no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4, variação de tempo e levantamento |
Diâmetro e curso | 81 x 87,3 mm |
Cilindrada | 1.799 cm³ |
Taxa de compressão | 11,9:1 |
Alimentação | injeção multiponto sequencial |
Potência máxima (gas./álc.) | 140 cv a 6.500 rpm / 139 cv a 6.300 rpm |
Torque máximo (gas./álc.) | 17,3 m.kgf a 4.800 rpm / 17,4 m.kgf a 5.000 rpm |
Transmissão | |
Tipo de caixa e marchas | automática de variação contínua, simulação de 7 marchas |
Tração | dianteira |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a disco |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | eixo de torção, mola helicoidal |
Rodas | |
Dimensões | 17 pol |
Pneus | 215/55 R 17 |
Dimensões | |
Comprimento | 4,294 m |
Largura | 1,772 m |
Altura | 1,586 m |
Entre-eixos | 2,61 m |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 51 l |
Compartimento de bagagem | 431 l |
Peso em ordem de marcha | 1.276 kg |
Desempenho e consumo | |
Velocidade máxima | ND |
Aceleração de 0 a 100 km/h | ND |
Consumo em cidade (gas./álc.) | 10,5/7,1 km/l |
Consumo em rodovia (gas./álc.) | 12,1/8,5 km/l |
Dados do fabricante para versão EXL; ND = não disponível; consumo conforme padrões do Inmetro |