Se o criticado acabamento foi aprimorado, o modelo de
Camaçari — como as concessionárias — tem onde melhorar
Texto: Luiz Fernando Wernz – Fotos: divulgação
Em fevereiro de 2005 foi publicado no Best Cars o Guia de Compra do Fiesta brasileiro de segunda geração, lançado em 2002. Àquela época, ainda era um projeto recente, que demonstrava atributos como o desenho moderno e a boa dirigibilidade, mas faltava uma evolução em acabamento interno, que chegaria dois anos mais tarde. Decorridos oito anos daquela análise, o Fiesta continua no mercado e tem grande presença entre os usados, o que justifica uma nova abordagem na seção.
Este Guia concentra-se na versão apresentada em janeiro de 2007, já como modelo 2008 (precoce, sem dúvida). Essa primeira reestilização do Fiesta produzido em Camaçari, BA, não constituiu uma mudança de geração, mas a reforma até que foi profunda. A frente foi remodelada até mesmo no capô e nos para-lamas, além de para-choque, grade e faróis, que ganharam refletores duplos. No hatch a plástica na traseira foi sutil — lanternas e para-choque — e no sedã nada foi alterado ali.
As melhores novidades ficaram reservadas ao interior. Muito criticado no lançamento em 2002 pela simplicidade excessiva, o painel foi todo remodelado, com desenho mais moderno e plástico de textura mais agradável. Na versão superior Trend, a seção central do painel e os aros dos difusores de ar vinham na cor prata. Outras melhorias eram mostradores de combustível e de temperatura do motor, que deixaram de ser digitais para voltar aos analógicos, e o comando remoto para fechar e abrir vidros. O revestimento continuava com tecido de toque áspero e aspecto simples, mas no topo de linha havia o opcional de laterais dos bancos e encostos de cabeça em couro.
A frente adotada para 2008 renovava o visual, mas a traseira pouco mudava; os
maiores avanços estavam no interior, com painel e acabamento mais agradáveis
O motor 1,0-litro flexível em combustível havia acabado de ser lançado e o 1,6-litro não teve alteração em relação ao modelo anterior, mas o tanque de combustível teve sua capacidade aumentada de 45 para 54 litros.
Sem versões de acabamento em seu sentido habitual, essa geração do Fiesta diferenciava-se por pacotes de acessórios, tanto que a tabela oficial da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) considera, em sua maioria, apenas as motorizações e tipos de carroceria. A opção básica, disponível só para o motor 1,0-litro, vinha com conta-giros, relógio, imobilizador eletrônico, iluminação no porta-luvas e no porta-malas. Aquecimento e ar-condicionado eram opcionais. A versão intermediária, batizada de First, adicionava banco traseiro bipartido, terceira luz de freio e lavador e desembaçador traseiros para o hatch. Como opcionais, podia vir com ar-condicionado, direção com assistência hidráulica e controle elétrico dos vidros dianteiros e das travas.
A frente tentava se adequar ao novo visual Kinetic da marca, mas o resto do carro permanecia no conceito de estilo anterior, resultando numa aparência discutível
O topo da linha era o pacote Trend com kit Class, que trazia de série ar-condicionado, direção assistida, vidros, travas e porta-malas elétricos, banco do motorista com regulagem de altura, cintos de segurança traseiros retráteis (nas laterais), console central com porta-objetos, espelho de cortesia para o motorista, luz de leitura dianteira, maçanetas, frisos, retrovisores e moldura da placa traseira na cor da carroceria, detalhes do painel e maçanetas internas na cor prata. Com motor 1,6, era possível adicionar o já citado acabamento parcial dos bancos em couro, faróis de neblina, rodas de alumínio de 14 pol, alarme, controle elétrico dos retrovisores, rádio/toca-CDs, freios antitravamento (ABS) e bolsas infláveis frontais. Apenas dois meses após, em março de 2007, os pacotes First e Trend tiveram os nomes modificados para Fly e Pulse, na ordem, mantendo os componentes.
A única versão considerada para efeito de cotações da FIPE para o Fiesta é a Trail, com visual aventureiro, lançada em junho de 2007. Baseada no pacote de topo e oferecida com ambos os motores, não contava com nenhum aprimoramento mecânico para o uso fora de estrada. Estava disponível apenas na carroceria hatch e trazia aplique no para-choque dianteiro (que imitava um quebra-mato), barras de teto e estribos. Os bancos contavam com uma capa de Neoprene, com o nome da versão estampada nos encostos dianteiros. Outros detalhes eram pedais de alumínio e adesivos laterais.
O sedã seguia as novidades do hatch e oferecia as mesmas opções de conteúdos
e de motores; exclusiva do hatch era a versão Trail, com um visual aventureiro
A linha 2010 foi lançada em agosto de 2009 e não apresentava novidades estéticas, mas tanto o motor de 1,0 litro quanto o 1,6 tiveram a potência e o torque reduzidos, devido a modificações necessárias para atender a novas normas de emissões de poluentes. Em abril de 2010 era apresentada a linha 2011 com mais uma remodelação, menos extensa que a do modelo 2008. Dessa vez o capô foi mantido, mas devido aos novos faróis, para-choque dianteiro e grade, os para-lamas também foram trocados.
Demonstrando clara tentativa de atualizar uma carroceria já antiga, a frente tentava se adequar ao novo visual Kinetic adotado pela marca, mas o resto do carro permanecia no conceito de estilo anterior, o New Edge, resultando numa aparência discutível. Mais uma vez a traseira não sofria modificações, exceto pelas lanternas de lentes transparentes, novo para-choque e moldura da placa traseira, itens restritos ao sedã.
A Fly era a versão básica e contava com travas elétricas com controle remoto, alarme, comando elétrico da tampa do porta-malas, ajuste de altura do banco do motorista, luz de cortesia com temporizador, conta-giros, aquecedor e desembaçador traseiro. A Pulse adicionava detalhes externos na cor do veículo, faróis com máscaras cromadas, computador de bordo e faróis de neblina. O kit Class incluía ar-condicionado, direção assistida e controle elétrico dos vidros. Havia ainda as opções de bolsas infláveis frontais, freios ABS, ar-condicionado, controle elétrico dos vidros dianteiros, rodas de alumínio, vidros elétricos combinados a direção assistida e o My Connection (rádio/toca-CDs com MP3, entradas auxiliar e USB e interface Bluetooth), em total de 28 combinações na linha.
A nova frente do Fiesta 2011 destoava do conjunto e evidenciava a adaptação; por
dentro havia poucas novidades; nas fotos a versão Fly, a mais simples do hatch
Por dentro, o modelo recebeu iluminação do painel permanente na cor branca, grafia dos instrumentos revista e novos padrões de forração. O porta-objetos do console foi ampliado e surgiam o alerta programável para excesso de velocidade e o aviso de manutenção programada. O Fiesta Trail foi descontinuado, mas em janeiro de 2012 a Ford passou a oferecer o kit Storm para o hatch, instalado nas concessionárias, com apliques nos para-choques, saias laterais, adesivos e barras de teto em alumínio. Não houve mais novidades na linha desde então.
“Espaçoso, confortável e estável”
A opinião dos proprietários do Fiesta no Teste do Leitor demonstra que o espaço e o conforto ao rodar, a dirigibilidade e o bom desempenho com motor 1,6-litro são os aspectos mais elogiados. “Possui um ótimo desempenho em estradas, mesmo com o porta-malas cheio e com quatro passageiros. Sua suspensão também é bastante confortável. É estável e responde rápido aos comandos do motorista. O que me agrada muito também é o espaço interno, sendo ele bem maior do que realmente aparenta ser”, relata Marcos Franke, de São Paulo, SP, dono de um Fiesta Class 1,6 hatch 2009.
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