Quando o Best Cars noticiou sobre monitor de pressão de pneus no VW Fox 2018, houve perguntas de leitores sobre o tipo de sensor utilizado. Gostaria de saber mais sobre isso. Existe um sensor de pressão, propriamente dito, ou a informação é medida de outra maneira?
Luciano Rocha – Belo Horizonte, MG
Tanto uma coisa quanto outra — depende do sistema adotado pelo fabricante. O monitoramento de pressão de pneus pode ser direto ou indireto. No sistema direto existe, de fato, um sensor dentro de cada pneu (montado na roda, próximo da válvula) que detecta a pressão de enchimento e, em alguns casos, mede também a temperatura do pneu. Essas informações são transmitidas a um módulo de controle, que analisa se os dados estão dentro dos parâmetros normais. Se não estiverem, o painel de instrumentos alerta o motorista para a baixa pressão, em geral com a informação precisa para cada pneu.
Esse sistema é mais sofisticado e preciso que o indireto, que veremos adiante. Sua medição não é afetada pelo desgaste do pneu ou por rodízios, além de não precisar ser reiniciado ao verificar a pressão. Caso a pressão individual seja mostrada no painel, ele aponta até mesmo se o calibrador do posto estiver desajustado, antes de se começar a rodar. A bateria do sensor tem vida útil prevista de mais de 10 anos. Sua maior desvantagem é o custo, mas há outras: o sensor pode ser danificado em serviços menos especializados nos pneus e, em regra, deve ser substituído quando a bateria perder carga, pois ela não pode ser trocada.
Para contornar essas desvantagens e reduzir o custo, surgiu o monitoramento indireto. Não se trata de sensor de pressão: os sensores de rotação de cada roda, necessários para o sistema de freios antitravamento (ABS), é que informam à central se um dos pneus estiver girando mais rápido que os demais (ou que o outro do mesmo eixo) ao dirigir em linha reta, o que indica menor pressão, pois nessa condição diminui o raio dinâmico do pneu.
Esse sistema não usa equipamentos adicionais e dispensa bateria. A manutenção resume-se a manter em ordem os sensores de rotação que, de qualquer modo, levariam o ABS a acusar anomalia caso falhassem. Menos preciso, o sistema indireto deve ser reiniciado (em geral por uma tecla Set) toda vez que se verifica a pressão, se troca o pneu ou se altera sua posição no carro.
Cabe ao usuário “ensinar” ao monitoramento a pressão correta. Portanto, se o pneu for enchido com valor inadequado (por erro humano ou imprecisão do calibrador), ao reiniciar o sistema a pressão errada será tomada como certa. Ainda, se a pressão dos quatro pneus cair gradualmente, o sistema pode não detectar a perda porque as rodas continuam a girar à mesma velocidade aproximada.
O monitoramento de pressão de pneus tem sido adotado por mais fabricantes no Brasil, até em modelos mais acessíveis como o VW Fox citado, o Chevrolet Onix e o Fiat Uno. Nesses casos o sistema é indireto. O sensor direto é usado, entre outros, na Fiat Toro e em importados de luxo como o VW Touareg. Nos Estados Unidos o monitoramento é obrigatório para automóveis e utilitários leves vendidos de 2007 em diante. O motorista deve receber alerta em caso de perda de 25% da pressão ou mais.
As razões para esse cuidado são conhecidas. Um pneu com pressão abaixo da recomendada flexiona-se mais com prejuízo da estabilidade e da precisão de direção, pode afetar controles eletrônicos e aumenta o consumo de combustível e seu próprio desgaste. Como os atuais pneus sem câmara perdem pressão devagar em caso de furo, o motorista menos habilidoso pode rodar por longo tempo sem perceber tal anomalia. Além disso, já se constatou em diversos países que uma minoria dos motoristas atende à recomendação de verificar a pressão dos pneus pelo menos uma vez por mês.
Texto: Fabrício Samahá – Fotos: divulgação