O Palio recebia os faróis duplos e opção de caixa automatizada; o Siena EL mantinha os faróis simples
O Best Cars observou sobre a Strada Cabine Dupla: “Os amortecedores estão um pouco mais macios e as molas foram revistas para aumentar o conforto de marcha. As alterações foram acertadas. A suspensão traseira absorve com mais suavidade as imperfeições. O comportamento em curvas cumpre bem sua função. Na terra, seu desempenho é exemplar. O bloqueio de diferencial se tornou opcional para reduzir o preço básico. O acréscimo de peso representa discreta piora em aceleração e consumo, mas o motor com elevado torque continua bem disposto”.
A linha Palio de 1,8 litro (exceto Strada) recebia para 2010 a opção da transmissão automatizada Dualogic, fornecida pela Magneti Marelli e lançada antes no Stilo. Era uma caixa manual que assumia as funções de trocas de marcha e comando da embreagem, solução que teve seu período de uso em várias marcas — Chevrolet, Renault e Volkswagen também ofereceram — como alternativa à caixa automática tradicional, com benefícios ao desempenho, consumo e custo do sistema. A maior desvantagem estava na operação menos suave, em que os ocupantes sentiam o intervalo sem aceleração durante as mudanças de marcha. A do Palio oferecia modos manual e automático e programas normal e esportivo.
Comparado pela Quatro Rodas ao novo Gol Power 1,6 com sistema similar I-Motion, o Palio ELX 1,8 mostrou vantagens: “O motor gera mais potência e obteve melhor rendimento na pista. Ele acomoda bem quatro ocupantes e tem mais itens de série, como computador de bordo. Ele é mais equipado, custa menos e seu seguro tende a ser mais barato que o do Gol”. Por outro lado, “o câmbio tem reações mais bruscas, os freios mostraram-se menos eficientes que os do Gol, o visual dá sinais de cansaço e o acabamento é menos cuidadoso”, além de ter consumo mais alto.
O motor E-Torq de 1,75 litro deixou a Strada Adventure com 132 cv; a Palio Trekking foi uma das versões a ganhar a unidade de 1,6 litro e 117 cv
Com a dissolução da sociedade com a GM em 2005, a Fiat passou a procurar um substituto para o motor 1,8 de origem Chevrolet. A solução foi comprar a fábrica da Tritec — associação entre BMW e Chrysler — em Campo Largo, PR, e adotar o motor 1,6 antes fornecido a modelos como o Mini da primeira e o PT Cruiser da segunda. Revista, essa unidade deu origem a uma versão ampliada para 1,75 litro, ambas chamadas de E-Torq, algo como torque eletrônico.
Depois de tantas reestilizações, a Fiat enfim apresentava a segunda geração do Palio, o projeto 326, com três acabamentos (Attractive, Essence e Sporting), três motores e sempre com cinco portas
A linha Palio recebia a novidade em setembro de 2010. O motor 1,6 equipava Palio e Siena Essence e Palio Weekend Trekking, enquanto o 1,75 vinha em Palio Adventure e Strada Adventure — as demais versões mantinham o Fire de 1,0 ou 1,4 litro. O motor de menor cilindrada fornecia 115 cv/16,2 m.kgf com gasolina e 117 cv/16,8 m.kgf com álcool, enquanto o outro produzia 130 cv/18,4 m.kgf e 132 cv/18,9 m.kgf, na ordem. No caso do Palio, trocar o 1,8 pelo 1,6 trazia perda sutil em velocidade máxima e aceleração de 0 a 100 km/h, mantendo o consumo urbano e perdendo um pouco no rodoviário. Já a Palio Adventure mostrava ganho importante em máxima e aceleração, com leve aumento de consumo em cidade e um pouco mais na estrada. O Palio 1.8R saía do mercado.
Números à parte, o Best Cars observou que o Palio 1,6 “de certo modo recupera o tempero esportivo do antigo 1,6 16V usado entre 1996 e 2003: com agilidade apenas mediana até a faixa de 3.000-3.500 rpm, então ganha fôlego e giros com facilidade. Os níveis de ruído e vibração são contidos. Na Palio Adventure o 1,75 mostra bom desempenho, mas nada extraordinário levando-se em conta os 132 cv. O motor parece apenas justo e é preciso recorrer a rotações de média para alta para obter agilidade”.
O tratamento estético era semelhante no Siena e na Strada Sporting, mas só a picape tinha cintos vermelhos; ambos usavam suspensão mais baixa e firme
Apesar do bom motor, o Palio Dualogic não se saiu bem em comparativo da Quatro Rodas com Renault Sandero 1,6 automático, Gol e Fox 1,6 I-Motion: “O Palio fez valer a força do E-Torq, sendo o mais rápido nas provas de desempenho e em empate técnico com os dois Volkswagens como os mais econômicos. Poderia ter se saído melhor nos testes de frenagem. Além do visual defasado, o Palio revelou pontos fracos e problemas de qualidade no acabamento”.
A versão Sporting estendia-se na linha 2011 a mais dois modelos, oferecidos por tempo limitado: o Siena e a Strada de cabine estendida, ambos com motor 1,6 16V. A fórmula visual era a mesma nos dois, com saias laterais, defletor dianteiro, rodas exclusivas e retrovisores em tom prata. O sedã tinha rodas de 15 pol e defletor de porta-malas, e a picape, rodas de 16 pol e molduras dos para-lamas na cor do carro. Por dentro, ganhavam volante de couro, bancos com tecido exclusivos e pedais esportivos, e a Strada incluía cintos vermelhos como no Palio 1.8R. O Siena oferecia a caixa Dualogic como opção. Ambos vinham com suspensão recalibrada e rebaixada e diferencial pouco mais curto para maior agilidade. Na linha 2012 a Fiat lançava a opção de caixa Dualogic na picape Adventure de cabine dupla.
Enfim, uma nova geração
Depois de tantas reestilizações, a Fiat enfim apresentava a segunda geração do Palio em novembro de 2011. O projeto 326 chegava com importantes evoluções, três acabamentos (Attractive, Essence e Sporting), três motores e caixa manual ou automatizada, sempre com cinco portas. O Attractive podia ter motor Fire de 1,0 ou 1,4 litro, enquanto o E-Torq 1,6 16V equipava Essence e Sporting — o Palio voltava a ter uma versão esportiva. O Fire mais uma vez continuava com o desenho antigo, mas não adotava o controverso lançado em 2007: seguiu até o fim com o mais agradável de 2003.
O Palio 2012 trazia carroceria toda nova e maiores dimensões, com leves evoluções nos motores de 1,0 e 1,4 litro; o Essence (fotos) usava o E-Torq 1,6
Entre os detalhes do novo estilo, os frisos cromados da frente pareciam os “bigodes” do Fiat 500 e, na traseira, as lanternas subiam pelas colunas como no Punto. Comparado ao antigo, o comprimento aumentara 28 mm, a largura em 31 mm, a altura em 60 mm e a distância entre eixos em 47 mm. O coeficiente aerodinâmico (Cx) 0,33, mediano para o porte do modelo, estava 5% melhor. O interior, sem inovar, mostrava aspecto moderno e uma faixa no painel com tom diferente em cada versão.
Na arquitetura do novo Palio, a Fiat destacava o uso de aços de alta resistência em 35% da estrutura e a redução de peso da carroceria em 15%. Dos motores, os de 1,0 e 1,4 litro da série Fire Evo recebiam as novidades já aplicadas ao Uno, como bielas mais longas para operação mais suave (1,0) e variação do tempo de abertura de válvulas (1,4). A suspensão — toda reprojetada, garantia o fabricante — assumia diferentes calibrações entre as versões, com molas e amortecedores mais firmes no Sporting, que vinha também com rodas de 16 pol.
Para o Best Cars, “o Palio Attractive 1,0 mostrou razoável agilidade, bom revestimento contra ruídos e operação suave do motor, mas nas subidas o motor perde fôlego. A suspensão é bastante macia, embora com a impressão de melhor controle de amortecimento que no Palio antigo. Essas qualidades são preservadas no Attractive 1,4, cujo motor faz valer sua maior cilindrada em baixas rotações, com respostas bem mais prontas. O Essence 1,6 agradará com facilidade, com agradável tempero esportivo em alta rotação e o melhor acerto de suspensão da linha. No Sporting a direção ganha respostas mais precisas e o acerto de suspensão, ideal para a proposta, chega a causar algum desconforto em pisos irregulares”.
Suspensão firme e pneus de 16 pol favoreciam a estabilidade do Palio Sporting, dotado do mesmo motor 1,6; como o Essence, ele podia vir com caixa automatizada
Se o primeiro Palio rendeu uma família de quatro modelos, a descendência do segundo não passou do sedã Grand Siena, que estreava em março de 2012. Dessa vez a Fiat optou por clara diferenciação de estilo e maior distância entre eixos (2,51 metros ante 2,42 m do Palio) para combater novidades do segmento como Chevrolet Cobalt, Nissan Versa e (já não tão novo assim) VW Voyage. A versão Attractive tinha motor Fire Evo 1,4, enquanto a Essence trazia o E-Torq 1,6 16V com opção de caixa automatizada. De olho em frotas e taxistas, a Fiat fez também a versão Tetrafuel, capaz de usar gasolina, álcool, gasolina sem álcool — comum em países vizinhos — e gás natural com instalação de fábrica.
A frente trocava as formas arredondadas do Palio por ângulos mais marcantes, com certa influência asiática. Todas as dimensões aumentavam: 134 mm em comprimento, 61 mm em largura, 53 mm em altura e 137 mm em entre-eixos. O Cx melhorava pouco de 0,33 para 0,32. O interior tinha algumas diferenças para o do Palio e mais espaço para pernas no banco traseiro; o porta-malas aumentava de 500 para 520 litros.
Próxima parte