A frente era o ponto alto da reestilização do Palio 2004, que também adotava novo painel e o primeiro motor flexível da Fiat: o 1,25-litro, seguido pelo 1,8
O veterano Fiasa 1,5 voltava ao mercado em versão a álcool de 77 cv para toda a linha, em acabamento básico e com o painel antigo. A esse tempo a Fiat alcançava o marco de dois milhões de unidades produzidas da família Palio, que já chegava a 40 países. Para 2004 a Strada Working e a Adventure recebiam o motor 1,8 e o Fire 1,25. A LX saía de cena. O Powertrain encontrava seu melhor resultado na picape, em que a força em baixa rotação é mais importante do que a suavidade em alta.
O começo dos excessos
O Palio já não parecia tão atual em um segmento repleto de novidades como Citroën C3, Volkswagen Polo e as novas gerações de Corsa e Fiesta. A equipe de Giugiaro foi mais uma vez requisitada para elaborar a terceira versão de estilo da família, mantendo a seção central da carroceria original. Não é tarefa fácil atualizar um desenho pela segunda vez sem gerar desequilíbrio de linhas, mas o estúdio do mestre italiano até que se saiu bem.
A reestilização do Palio estreava em novembro de 2003; a do Siena e da Weekend, em março seguinte; e a da Strada, em junho. Todos exibiam uma frente moderna e com formas arrojadas, enquanto as traseiras dividiam-se entre as linhas simples e angulosas do hatch, as arredondadas do sedã e as congestionadas da perua, com exagero nas lanternas.
A reforma foi bem-sucedida no Siena, mas controversa na Weekend com seu exagero de lanternas; a linha recebia motor Fire 1,4 em 2005
As versões Adventure começavam a ter excesso de adornos nos itens plásticos em preto fosco (agravado mais tarde) e tinham quatro faróis auxiliares no para-choque, mas abandonavam o quebra-mato em favor da segurança em caso de atropelamento. Por dentro, painel atual e novos materiais conferiam ar mais sofisticado e havia opcionais raros ou inéditos na categoria, como rádio/toca-CDs com MP3, computador de bordo, configurador de funções, retrovisor interno fotocrômico e acionamento automático dos faróis e limpadores de para-brisa.
A equipe de Giugiaro foi mais uma vez requisitada: não é tarefa fácil atualizar um desenho pela segunda vez sem gerar desequilíbrio de linhas, mas o estúdio do mestre italiano se saiu bem
Entre os motores, duas novidades: mais potência para o 1,0-litro (agora 65 cv e 9,1 m.kgf) e o primeiro flexível em combustível da Fiat, o 1,25-litro de oito válvulas, que produzia 70 cv/11,4 m.kgf com gasolina e 71 cv/11,6 m.kgf com álcool. Em março o 1,8 também se tornava flexível, passando a 106 cv/17,5 m.kgf e 110 cv/19,4 m.kgf, na ordem. A linha oferecia as versões EX, ELX e HLX, além da Palio Adventure. A perua não vinha mais como EX nem com motor 1,0 e os antigos hatch e Siena sobreviviam como Fire, apenas com painel renovado e motor de 65 cv. Para a Strada havia a Fire (com desenho anterior), a renascida Trekking e a Adventure.
Apesar do desempenho inferior, a Auto Esporte considerou o Palio ELX 1,3 uma opção melhor que Chevrolet Celta 1,4 e Peugeot 206 1,4: “O motor não desaponta. A ergonomia é perfeita e o acabamento não compromete o conjunto. O estilo rejuvenesceu o modelo: impossível não reconhecer que o carro evoluiu. O grande trunfo é a tecnologia flex”. O Fiat apresentou o menor consumo e ganhou melhores notas em freios, segurança e custo-benefício.
Palio e Siena Fire adotavam motor flexível, mas com o desenho antigo; na Palio Adventure começava certo excesso de adornos nas seções plásticas em preto fosco
O sistema flexível era estendido ao motor de 1,0 litro em 2005, com leve aumento de desempenho para 66 cv e 9,2 m.kgf com álcool (65 cv e 9,1 m.kgf com gasolina). Logo depois o motor 1,25 dava lugar ao inédito 1,4-litro, que trazia 10 cv a mais e melhor torque: 80 cv/12,2 m.kgf com gasolina e 81 cv/12,4 m.kgf com álcool. Ele usava acelerador eletrônico, que o 1,25 menos potente não tinha, e era o primeiro motor lançado no Brasil já com a capacidade de rodar com os dois combustíveis.
O Best Cars apontou “aumento de potência em toda a faixa de uso, devido ao maior torque. A curva de torque se tornou bem mais plana do que antes e, sobretudo, demora mais a cair após atingir o pico. Inexplicável foi a redução da taxa de compressão, na contramão do interesse em aproveitar as características antidetonantes do álcool. Mas o novo motor, mesmo com pior relação r/l, mantém a sensação de suavidade do anterior”.
O motor 1,4 deixou a Palio Weekend ELX mais rápida que a Peugeot 206 SW 1,4, embora menos econômica, no comparativo da Quatro Rodas: “A Weekend é mais esperta no trânsito. Venceu em todas as provas de desempenho. A direção é leve e a suspensão tem bom acerto, com um pouco mais de firmeza nas curvas. Seu porta-malas é o maior do segmento e só ela oferece opção de ABS. Além de ter melhor relação custo-benefício, seu pacote de peças é mais em conta”.
Próxima parteAs séries especiais
A Fiat produziu grande número de edições limitadas da família Palio nesses 25 anos. Algumas foram meros pacotes de equipamentos a preço promocional, para ajudar as vendas em tempos de crise, mas outras tiveram acabamento ou recursos realmente diferenciados.
• Palio EDX (1998) – Sem nome definido, ficou conhecida como “cinco estrelas” por trazer tais elementos em adesivo no para-lama. A versão de 1,0 litro ganhava rodas de alumínio de 14 polegadas, faróis de neblina, para-choques na cor da carroceria e novos tecidos nos bancos.
• Siena MTV (1998) e Strada MTV (2000) – A parceria com a emissora de TV resultou primeiro no sedã, com acabamento externo e interno semelhante ao da Palio Weekend Sport e motor 1,6 16V, e depois na picape, de aparência simples e motor 1,5, com base na versão Working.
• Palio e Siena 500 Anos (1999) – Em comemoração ao aniversário do descobrimento do Brasil em 2000, eram derivados das versões ELX (Palio) e 6 Marchas (Siena) com motor de 1,0 litro. Adicionavam rodas de alumínio de 14 pol, para-choques e retrovisores na cor da carroceria, conta-giros e acabamento interno mais luxuoso. Um adesivo com cinco estrelas nos para-lamas indicava a série.
• Palio e Siena 25 Anos (2001) – Fórmula similar à da edição 500 Anos foi repetida para celebrar 25 anos da Fiat no mercado nacional. O sedã veio em julho e o hatch em novembro, ambos com motor Fire 1,0 16V, acabamento interno similar ao do Stile, rodas de alumínio de 14 pol, faróis de neblina e detalhes na cor da carroceria.
• Palio Century (2001) – Combinava o padrão do EX ao motor 1,0 de 16 válvulas, além de conta-giros, saias laterais, rodas de 14 pol, para-brisa degradê e faróis de neblina.
• Palio Five (2002) – Para comemorar o pentacampeonato do Brasil na Copa do Mundo de futebol, a série derivada do Palio EX de cinco portas com motor 1,0 16V tinha detalhes como retrovisores, maçanetas e saias laterais na cor da carroceria.
• Palio, Siena e Palio Weekend 30 Anos (2006) – Depois de certo intervalo, para marcar três décadas da Fiat no Brasil, os três modelos em versão ELX vinham com rodas de alumínio, faróis e tecidos diferenciados e o logotipo da série nos para-lamas e nos tapetes. Os motores 1,0 e 1,4 podiam equipá-los.
• Palio Try On Adventure e Strada Try On Adventure (2007) – Edição em parceria com a Try On, marca de produtos para aventuras, com acessórios como bolsa porta-objetos impermeável e removível.
• Palio Weekend 35 Anos (2011) – Mais uma celebração de aniversário da marca, dessa vez com uma Weekend Attractive 1,4, que vinha com rodas de alumínio, tecido superior nos bancos e mais equipamentos.
• Palio Itália (2012) – Após novo hiato, as edições voltavam com o novo Palio, com detalhes de acabamento e itens de série adicionais sobre a versão Attractive 1,0 ou 1,4.
• Palio Sporting Interlagos (2013) – Alusão ao autódromo paulistano José Carlos Pace, antigo Interlagos. Vinha apenas na cor exclusiva Amarelo Interlagos com tom preto brilhante nos retrovisores e no defletor traseiro. Por dentro trazia costura amarela no tecido dos bancos e no volante. Teto solar com comando elétrico era de série e havia opção pela caixa automatizada.
• Palio Fire Itália (2013) – A edição oferecida para diversos Fiats chegava ao Fire com mais acessórios.
• Palio Fire Rua (2014) – Mais uma vez, a conhecida fórmula de oferecer itens adicionais por valor promocional.
Grand Siena Sublime
• Grand Siena Sublime (2014) – O sedã ganhava um ar luxuoso com parte dos bancos e do volante revestida em couro nos tons marrom e marfim, além de cor branca exclusiva e retrovisores em cinza metalizado. Derivado da versão Essence, mantinha o motor 1,6 e podia ter caixa Dualogic.
• Palio Best Seller (2015) – Comemorava sua liderança de vendas em 2014. Era um Attractive com revestimento em tecido exclusivo, rádio Connect e outros itens, dotado de motor de 1,0 ou 1,4 litro.
• Palio Sporting Blue Edition (2015) – O esportivo ganhava itens em azul na grade, rodas diferenciadas, retrovisores em cinza e faixas no capô, nas portas e na tampa traseira. O interior recebia o azul nos instrumentos, na costura dos bancos e do volante e nas maçanetas. A série vinha com teto solar.
• Strada Adventure Extreme (2015) – Ganhava itens de tecnologia: central de áudio com tela sensível ao toque de 6,2 pol, TV digital, navegador, câmera de manobras na traseira e toca-DVDs, além de rodas de alumínio de 16 pol e grade em tom escuro. Oferecida com cabines estendida e dupla.