Sem perder a identidade, o Punto ganhava linhas mais angulosas na segunda
geração, que adotava formas diferenciadas para três e cinco portas
Pequenas alterações vinham em 1997. Surgia o Punto 85, com o motor Fire de 1,25 litro dotado de quatro válvulas por cilindro para obter 86 cv e 11,5 m.kgf, que podia equipar também a versão Sporting, com acerto diferenciado de suspensão, o mesmo do GT. O motor aspirado a diesel saía de cena, mas aparecia um turbo menos potente com 63 cv e 12 m.kgf. No GT, o ar-condicionado tornava-se item de série e o motor perdia 3 cv para atender às normas de emissões poluentes Euro 2.
Na segunda geração, o esportivo HGT
adotava o motor de 1,75 litro e 133 cv do
Barchetta, do Coupé e do Brava HGT brasileiro
A versão Team, apenas com três portas, estreava com rodas de alumínio e bancos esportivos; direção assistida agora estava disponível em toda a linha. No ano seguinte as designações eram revistas com a chegava do Sole no lugar do S, do Star para o espaço do SX e do Stile como acabamento superior àqueles.
Redesenhado para o centenário
Depois de 3,3 milhões de unidades, o Punto passava à segunda geração em julho de 1999, época em que a Fiat comemorava seu primeiro centenário. O desenho do projeto 188 coubera ao próprio Centro de Estilo da marca, comandado pelo alemão Peter Fassbender — hoje na unidade brasileira do grupo —, que manteve a identidade do modelo original, mas aplicou vincos e ângulos acentuados para obter um desenho mais robusto. Marcas como a frente sem grade e as lanternas traseiras elevadas foram preservadas, mas o logotipo da Fiat era inédito, circular, parecido com o usado nos anos 20.
O apelo esportivo era mantido com as versões Sporting (em amarelo) e HGT,
esta dotada de motor de 1,75 litro e 133 cv para alcançar os 205 km/h
Maior em comprimento (3,84 m), largura (1,67 m), altura (1,48 m) e entre-eixos (2,46 m), o novo Punto continuava com versões de três ou cinco portas, agora mais diferenciadas em estilo: a primeira tinha vincos adicionais, linha de base das janelas mais ascendente rumo à traseira e lanternas posteriores mais angulosas. Os acabamentos básico, SX, ELX, HLX, Sporting e HGT estavam no catálogo.
Sob o capô, o antigo motor de 1,1 litro fora abandonado. A linha agora compreendia apenas o Fire 1,25, com duas válvulas por cilindro (60 cv e 10,4 m.kgf) ou quatro (80 cv e 11,6 m.kgf), e o diesel de 1,9 litro com turbo (86 cv e 20 m.kgf — primeiro motor no segmento a usar injeção eletrônica de duto único) ou sem (60 cv e 12 m.kgf). Novidades também para o esportivo, renomeado HGT, que trocava o 1,4 turbo pelo motor de 1,75 litro aspirado com variação do tempo de abertura das válvulas e da geometria do coletor de admissão, 133 cv e 16,7 m.kgf, também usado pelo conversível Barchetta, pelo Coupé e pelo Brava HGT no Brasil. Mesmo com peso adicional sobre o antigo GT (1.055 kg), fazia o 0-100 em 8,6 segundos e atingia 205 km/h. Os pneus eram 185/55 em rodas de 15 pol.
O câmbio CVT permanecia disponível, com a novidade de permitir operação manual sequencial entre seis marchas via alavanca no console — na verdade, marchas simuladas por meio de pontos de parada do mecanismo de variação. No HGT eram seis marchas na caixa manual e sete na simulação do CVT, um diferencial na categoria. Recurso interessante e inédito na classe (que os brasileiros veriam mais tarde no Stilo) era a direção com assistência elétrica em dois modos, o Dual Drive, um dos quais deixava o volante bem leve para facilitar manobras de baixa velocidade. A suspensão traseira abandonava o sistema independente em favor do eixo de torção.
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Os conceitos
Nos anos 90 a Fiat manteve uma parceria com construtores de veículos especiais, de modo a apresentar no Salão de Turim — voltado, por tradição, ao estilo dos automóveis — diferentes propostas conceituais para um modelo recém-lançado. Foi o que aconteceu em 1994 com o primeiro Punto.
A empresa Maggiora, ali mesmo de Turim, preparou o Grama 2, um Punto mais esportivo: para-lamas bem alargados, novos para-choques, quatro faróis auxiliares. O desenho das rodas denunciava a origem da mecânica: o motor turbo de 2,0 litros e 162 cv do sedã de alto desempenho Lancia Dedra Integrale, também do grupo Fiat.
O estúdio Bertone apresentou o Racer, um cupê de 2+2 lugares com perfil de teto esportivo baseado na versão conversível de fábrica — cuja carroceria saía, na verdade, da linha de produção dessa empresa. O nome vinha da versão cupê criada nos anos 60 pela Bertone a partir do 850 Spider, também um modelo aberto. Dotado do motor 1,4-litro turbo do Punto GT, o Racer mantinha o visual de traseira do Cabrio e ganhava um aerofólio que “nascia” em saliências nas laterais.
Outro estúdio tradicional no país, Zagato, revelou o Monomille: era um dois-lugares com teto baixo, frente redesenhada e uma estranha forma arredondada nas janelas dianteiras. O grande aerofólio traseiro permitia ajuste para assumir diferentes efeitos aerodinâmicos, conforme a condição de uso.
Mais longe foi o estúdio I.DE.A — criador do Fiat Palio em seu desenho inicial — com o Lampo. De estilo bastante esportivo, usava frente baixa com faróis alongados que quase alcançavam o para-brisa, teto baixo (altura total de 1,27 metro), vidro traseiro inclinado e lanternas posteriores em uma faixa horizontal elevada.
A ItalDesign de Giugiaro também optou por um redesenho completo. Seu Firepoint destacava-se pela cabine em forma de bolha, quase um círculo quando vista por cima, e toda envidraçada. O teto podia ser removido. Frente e traseira também recorriam a formas bem diversas das que o mesmo estúdio havia concebido para o modelo de produção.
A Giannini, fabricante de acessórios (veja seu Punto no quadro Os especiais), sugeriu uma versão com tração nas quatro rodas para aventuras. O 4×4 TL — para Tempo Libero, ou tempo livre — recebeu um sistema de tração da especialista Steyr-Puch, empresa austríaca responsável pelo Fiat Panda 4×4. O modelo mostrava ainda estrutura frontal (quebra-mato), molduras laterais e nos para-lamas, defletor traseiro, barras de teto com faróis auxiliares e rodas esportivas.
Também com vistas ao lazer fora do asfalto era o Spunto, desenhado pelo estúdio Pininfarina. Com redesenho integral da carroceria, o Punto tornava-se um hatch com linhas esportivas e jeito fora de estrada, incluindo proteção frontal inferior, faróis auxiliares integrados, molduras laterais e rodas de 16 pol com grandes pneus 215/65.
Inusitado era o Punto Doblone elaborado pela Boneschi: uma picape de cabine estendida com dois eixos traseiros e dois pequenos bancos atrás, montados um de frente ao outro, como usual em modelos médios com esse tipo de cabine. A empresa imaginava variações como furgões de carga e de passageiros ou mesmo ambulância. O nome, que vinha de uma antiga moeda italiana, inspirou um furgão posterior da Fiat que conhecemos bem: o Doblò.
A Coggiola também optou pelo tema picape, mas seu Punto Surf teve toda a carroceria redesenhada, com linhas retas que não lembravam as do carro de origem. Nas janelas dianteiras, uma seção superior fixa aproveitava a mesma ideia aplicada pouco antes ao esportivo Subaru SVX, a fim de reduzir a turbulência com vidros abertos.
Duas gerações depois, o Grande Punto servia de base para o conceito Skill da Fioravanti. As novidades estavam no teto, com um vidro retrátil que se guardava na parte de trás, e na seção traseira com peças removíveis, o que permitia escolher entre o uso como picape (com capacidade para 750 litros de carga e tampa de caçamba) e o de conversível.
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