Rodas de 16 pol, detalhes em vermelho e pedais traziam ar jovial ao Sporting,
mas o motor de 114 cv não estava à altura, o que só seria corrigido em 2011
Ao contrário dos europeus, que o receberam como Abarth, os brasileiros ganhavam em março de 2009 um Punto de alto desempenho com a designação TJet. O motor turboalimentado de 1,4 litro e 16 válvulas com 152 cv e 21,1 m.kgf, já conhecido do Linea TJet, honrava a tradição da Fiat em esportivos com turbo, iniciada em 1994 com o Uno e o Tempra Turbo e seguida com o Marea Turbo em 1998.
O visual do TJet anunciava seu desempenho com para-choque dianteiro com tomadas de ar maiores, molduras nos para-lamas, rodas de 17 pol com pneus 205/50, para-choque traseiro que imitava um extrator de ar e escapamento com saída dupla. Por dentro, a versão tinha parte do painel pintada na cor do carro, quadro de instrumentos exclusivo e computador de bordo que podia ser usado como manômetro digital do turbo. Os bancos esportivos, com revestimento parcial em couro, também eram exclusivos.
Na avaliação do Best Cars, feita em paralelo ao Linea de mesmo motor, o TJet cativou: “O motor é um pouco fraco abaixo de 2.000 rpm. Passado esse patamar, o desempenho é muito bom e basta abrir o acelerador para ‘acordar’ o motor e obter rápido crescimento de velocidade. Produz poucas vibrações e mostra boa dose de ‘ronco’ da admissão de ar, medida intencional para transmitir esportividade. Com alta carga de amortecedores, o Punto chega a entusiasmar: a aderência dos pneus parece não ter limite e a atitude é praticamente neutra, sem a habitual tendência a sair logo de frente, nem reação de soltar a traseira quando se deixa de acelerar”.
O alegre painel na cor da carroceria dava o tom do Punto TJet, que trazia o
motor turbo de 1,4 litro e 16 válvulas do Abarth italiano ajustado para 152 cv
Sai o GM, entra o E-Torq
Depois de renomear a versão ELX como Attractive (a básica não mais existia), a Fiat anunciava em julho de 2010 uma mudança de motores. Já não havia sentido em usar o 1,8 da GM, anos depois da dissolução da parceria, de modo que a antiga fábrica da Tritec — associação entre BMW e Chrysler — em Campo Largo, PR, desenvolveu uma nova versão de seu motor 1,6 e uma inédita unidade de 1,75 litro, ambas flexíveis e com quatro válvulas por cilindro. E coube ao Punto estreá-las.
A antiga fábrica da Tritec desenvolveu
uma nova versão de seu motor 1,6 e uma inédita
de 1,75 litro, e coube ao Punto estreá-las
A versão Essence podia ser equipada com ambos os novos motores, chamados de E-Torq, enquanto a Sporting vinha apenas com o 1,75-litro; as duas ofereciam pela primeira vez no modelo o câmbio automatizado Dualogic. O 1,6 fornecia potência próxima à do antigo Chevrolet (115/117 cv), mas com menor torque (16,2/16,8 m.kgf); o 1,75, por sua vez, representava aumento expressivo de potência (130/132 cv), mas não de torque (18,4/18,9 m.kgf, sempre na ordem gasolina/álcool). O TJet mantinha-se como antes.
O Punto Essence 1,6 foi comparado pelo Best Cars ao Fiesta SE de nova geração e ao Polo Sportline e, apesar de se manter competitivo (foi segundo colocado), não sobressaiu sobre os oponentes em nenhum quesito avaliado. O motor E-Torq garantiu as melhores acelerações, mas obteve consumo mais alto que o do Fiesta. O site destacou a suspensão com boa estabilidade e rodar confortável, o acabamento correto e o menor preço entre os três — mas o Ford oferecia mais equipamentos de série.
Mesmo visual, novos motores: as versões de 1,6 e 1,75 litro da linha E-Torq
melhoravam o desempenho dos Puntos Essence (em prata) e Sporting
A edição especial Itália era a única novidade do Punto 2012. Derivada da versão Attractive 1,4, recebia rodas de alumínio de 16 pol, faróis com máscara negra e mais itens de série. Alterações mais abrangentes vinham em junho seguinte na linha 2013: o desenho do Punto Evo chegava ao Brasil, com frente remodelada e retoques na traseira. O TJet ganhava para-choques mais esportivos, com simulação de um difusor de ar atrás, e saias laterais. No interior o painel era redesenhado, com mostradores maiores e difusores de ar circulares, e uma ampla área vinha em diferentes padrões de cores conforme a versão.
O Punto TJet ganhava o seletor DNA, sigla para seus três programas de uso (Dinâmico, Normal e Autonomia), que alteravam a atuação do acelerador e as indicações do painel, como o momento ideal de troca para marcha superior com fins de desempenho e a pressão da turbina. Condução eficiente era o objetivo do Eco:Drive, sistema que analisava as rotas percorridas pelo motorista e podia transmitir dados sobre emissões e eficiência a um pendrive ou celular.
Nas outras versões, poucas novidades técnicas. O Attractive adotava o motor Fire Evo, com variação do tempo ds válvulas e mais 2 cv com uso de álcool (88 em vez de 86 cv). O câmbio Dualogic, agora com o sufixo Plus, trazia dois novos recursos: o Creeping, que fazia o carro se mover sem uso do acelerador ou do freio, para facilitar pequenos movimentos, e o Auto-Up Shift Abort, ou interrupção de subida de marcha automática, que evitava tal mudança quando indesejada, como ao iniciar uma ultrapassagem.
A renovação estética do Evo italiano aparecia por aqui no Punto 2013, com
visual mais esportivo no TJet (em branco) e novo painel em toda a linha
Na linha 2014 o Punto Attractive passava a ter ar-condicionado de série, enquanto o seletor DNA chegava ao Sporting com câmbio Dualogic Plus, atuando sobre o acelerador e sobre a programação do câmbio. Em todas as versões o quadro de instrumentos ganhava iluminação permanente. Em seguida estreava a série especial Blackmotion, derivada do Sporting, com os para-choques esportivos do TJet e acabamento interno em cinza e preto. O Dualogic Plus era opcional.
Aos 20 anos de Europa e quase sete de Brasil, o Punto conta em três gerações uma parte expressiva da história recente da Fiat. Nasceu para substituir o Uno, mas ganhou sofisticação e potência com o passar do tempo — durante o qual, ao menos em sua maior parcela, sobressaiu na categoria pelo desenho atraente e com identidade bem definida.
Mais Carros do Passado |
Ficha técnica
Punto GT (1994) |
Punto HGT (2003) |
Abarth Punto Evo Essesse (2014) |
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MOTOR | |||
Posição e cilindros | transversal, 4 em linha | ||
Comando e válvulas por cilindro | no cabeçote, 2 | duplo no cabeçote, 4 | |
Diâmetro e curso | 81 x 67 mm | 82 x 82,7 mm | 72 x 84 mm |
Cilindrada | 1.372 cm³ | 1.747 cm³ | 1.368 cm³ |
Taxa de compressão | 7,8:1 | 10,3:1 | 9,8:1 |
Potência máxima | 136 cv a 5.750 rpm | 133 cv a 6.300 rpm | 180 cv a 5.750 rpm |
Torque máximo | 21,2 m.kgf a 3.000 rpm | 16,7 m.kgf a 4.300 rpm | 27,5 m.kgf a 2.500 rpm |
Alimentação | injeção multiponto, turbo, resfriador de ar | injeção multiponto | injeção multiponto, turbo, resfriador de ar |
TRANSMISSÃO | |||
Tipo de câmbio e marchas | manual, 5 | manual, 6 | |
Tração | dianteira | ||
FREIOS | |||
Dianteiros | a disco ventilado | ||
Traseiros | a disco | ||
Antitravamento (ABS) | sim | ||
SUSPENSÃO | |||
Dianteira | independente, McPherson | ||
Traseira | independente, braço arrastado | eixo de torção | |
RODAS | |||
Pneus | 185/55 R 14 | 185/55 R 15 | 215/40 R 18 |
DIMENSÕES | |||
Comprimento | 3,77 m | 3,865 m | 4,06 m |
Entre-eixos | 2,45 m | 2,46 m | 2,51 m |
Peso | 1.000 kg | 1.055 kg | 1.260 kg |
DESEMPENHO | |||
Velocidade máxima | 200 km/h | 205 km/h | 216 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 7,9 s | 8,6 s | 7,5 s |