O RS Turbo (vermelho) foi o mais forte Fiesta da época (132 cv), mas lidava mal com tanta potência; embaixo, seu sucessor RS 1800 e o XR2i de 1,8 litro (de traseira)
A Autocar & Motor aprovou o desempenho do RS Turbo, mas não o rodar e o refinamento: “Seu caráter e seu apelo estão no motor, com exuberância de 132 cv em um pacote pequeno e leve, associada a aderência forte e grande capacidade de curva. Mas não é o bastante. O RS é uma máquina crua de desempenho, que não oferece refinamento ou recompensa ao motorista. Fica a longo caminho dos brilhantes Renault 5 GT Turbo e Peugeot 205 GTI 1,9”.
O furgão Courier (mensageiro em inglês) aparecia em 1991 com carroceria longa e teto elevado para grande volume útil de carga. A suspensão traseira usava eixo rígido, apropriado para levar mais peso. Seria a base para a Ford brasileira desenvolver sua picape sob mesmo nome, em 1997, já com a parte dianteira da quarta geração.
O Fiesta Calypso vinha com teto de lona com comando elétrico; dessa geração derivou o furgão Courier, disponível com e sem vidros na parte traseira
O Turbo cedia lugar em 1992 ao RS 1800i, com motor 1,8 de nova geração (família Zeta, renomeada Zetec depois de protestos da italiana Lancia) com quatro válvulas por cilindro, 130 cv e 16,5 m.kgf. Embora não tão rápido, era mais suave e alcançava 200 km/h. O XR2i recebia o mesmo 1,8 com 105 cv, e um Zetec 1,6 de 16 válvulas e 90 cv chegava em seguida. No teste da Autocar & Motor o XR2i foi elogiado: “É o generoso torque que você detecta assim que aperta o acelerador. Não é só impressão, a flexibilidade fica ainda mais clara no papel. O novo XR2i é muito mais refinado que o anterior, mas comparado ao 205 GTI e ao Clio 16V, o repertório dinâmico do Fiesta deixa a desejar”.
Imobilizador por chave codificada e teto solar de vidro refletivo, para menor absorção de calor, eram adotados em 1993. Um amplo teto de lona retrátil com comando elétrico foi oferecido na versão Calypso. A segurança entrava em foco no ano seguinte com a adoção de bolsa inflável de série para o motorista (primeira no segmento) e opcional para o passageiro, cintos com pretensionadores e corte de alimentação em caso de colisões. Apesar do lançamento do quarto Fiesta, o terceiro se manteria à venda até 1997 com o nome Classic.
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Os conceitos
Poucos carros deram origem a tantos estudos conceituais quanto o Fiesta. O estúdio italiano Ghia, controlado pela Ford desde 1970, criou diversos modelos a partir de sua plataforma e até no Brasil o carro inspirou versões especiais.
• Fiesta Fantasy (1978) – Quase 20 anos antes de nossa Courier, o primeiro Fiesta tornou-se picape nessa proposta do departamento Advanced Vehicles Development da marca. Mais que isso: pela montagem de diferentes coberturas de plástico e fibra de vidro na traseira, podia variar entre cupê, conversível, perua e picape.
• Tuareg (1979) – Espécie de avô do Ecosport, esse derivado do Fiesta 1 sugeria um utilitário esporte compacto com ar esportivo, pneus largos e vocação fora de estrada. Foi trabalho conjunto entre a Ghia de Turim e o centro de estilo de Dearborn, EUA.
• Ghia Pockar (1980) – Denominado pela fusão de pocket (bolso) e car (carro), era um míni com a plataforma e a mecânica do Fiesta. Locais dentro das portas, sob o para-brisa e junto ao teto alojavam bagagem.
• Ghia Microsport (1983) – Visando à preservação ambiental, o pequeno esportivo era 25 cm mais curto e 10% mais leve que o Fiesta. A carroceria era de alumínio.
• Ghia Barchetta (1983) – O “barquinho” era um pequeno conversível de dois lugares e linhas esportivas com mecânica do Fiesta XR2. Embora tenha servido de base para o Mercury Capri australiano, a Ford europeia não quis produzi-lo.
• Ghia Shuttler (1986) – Outro esportivo sobre a conhecida plataforma, nesse caso encurtada. Foi depois para o Museu Nacional do Automóvel Francês, em Mulhouse.
• Fiesta Urba (1989) – Urba lembra urbano, e era essa mesma a proposta desse Fiesta 3. Havia duas portas no lado do passageiro (o da calçada) e apenas uma no do motorista, geladeira no porta-malas e controle remoto integrado para garagem.
• Ghia Fiesta Bebop (1990) – Outro pequeno utilitário: uma picape com decoração alegre e acessórios como capô do RS, cobertura e estrutura tubular na caçamba.
• Ghia Zig e Zag (1990) – Outra proposta de roadster sobre a plataforma do Fiesta, o Zig foi exposto junto do Zag, um microfurgão de dois lugares. Destaque para os faróis com fibra ótica nos dois modelos.
• Ka (1994) – Dois anos antes de lançar o Ka, a Ford mostrava um conceito arredondado até nos faróis e na linha do teto. A marca garante que não havia intenção de manter o estilo frontal no carro de produção: era só para despistar a concorrência.
• Ghia Saetta (1996) – De fato, o roadster com estrutura central ligando a frente à traseira, para maior rigidez, antecipou o desenho frontal que surgiria no Ka. Com o veterano motor 1,3-litro, o nome significa seta em italiano.
• Lynx (1996) – Outro conversível, cujo estilo originou no ano seguinte o esportivo Puma. As barras laterais eram fixas, deixando apenas a parte central do teto a céu aberto.
• Libre (1998) – Mostrado na Europa e depois no Salão de São Paulo, era um conversível com motor Zetec SE 1,25 de 75 cv.
• Courier F1 (1998) – Elaborada no Brasil, a versão fora de estrada da picape foi aos Salões de Detroit e Genebra, mas nunca foi mostrada aqui. Tinha grade e para-choque diferenciados, suspensão elevada em 5 cm, rodas de 15 pol e arco protetor atrás da cabine. O interior recebeu volante esportivo e revestimento em preto e vermelho. Não teria feito sucesso no mercado?
• Fiesta e Courier esportivos (1999 e 2000) – Versões personalizadas em amarelo com defletores e saias, grade e rodas exclusivas. Por dentro do Fiesta, couro em preto e amarelo; na Courier, aerofólio no fim da caçamba e rodas pretas de 15 pol.
• Fiesta fora de estrada (2001) – Outra versão mostrada na cidade paulista. Por fora era todo amarelo (cor combinada ao preto no interior) e trazia pneus de uso misto, para-choque de impulsão e para-lamas alargados.
• Fusion (2001): pouco antes da produção, o pequeno utilitário esporte surgia como conceito no Salão de Frankfurt com poucas diferenças visuais, como faróis e rodas, e motor com injeção direta.
• RS (2004): como previsão de um Fiesta para a classe Super 1600 de rali, a Ford aplicou à quinta geração para-lamas alargados, defletores, rodas de 18 pol e suspensão esportiva. O motor tinha 180 cv.
• Verve (2007 e 2008): a sexta geração foi antecipada por três conceitos, um hatch e dois sedãs, em salões na Europa, na China e nos EUA — o primeiro veio para o de São Paulo em 2008. Entre os detalhes que não alcançariam a produção, janelas sem moldura, rodas enormes, teto envidraçado e saídas de escapamento centrais no hatch.