O estilo do Fiesta dava um salto no sexto modelo, em 2008; arrojado também por dentro, podia ter a caixa de dupla embreagem Powershift
Ousada, a geração 6 volta aos EUA
Antecipado pelo conceito Verve, o Fiesta de sexta geração era apresentado em 2008. A Ford optou por um desenho ousado com frente longa e baixa quase sem grade (admitia ar pelo vão do para-choque) e linha de cintura ascendente rumo à traseira, bem diversas dos mais pacatos modelos anteriores. Estava mais longo (3,95 m), embora com entre-eixos quase igual. O hatch furgão ainda existia em mercados como o inglês.
Um Fiesta de alto desempenho reaparecia em 2013 com o ST: motor Ecoboost turbo de 1,6 litro, 180 cv, 0-100 km/h em 6,9 segundos e máxima de 220 km/h
O interior também era criativo nas formas, caso do sistema de áudio inspirado nos teclados de telefones da época, e havia conveniências como acesso por chave presencial e partida por botão, volante regulável em altura e distância e, de 2011 em diante, sistema de áudio Sync. Além de Alemanha e Espanha, o carro era fabricado na China, México, Rússia, Venezuela, Tailândia, Taiwan e, mais tarde, no Brasil. E voltava ao mercado dos Estados Unidos, de onde saíra ainda no primeiro modelo.
Dessa vez o sedã surgiu para os chineses em 2010, mas chegou também aos norte-americanos. Ao contrário do hatch, deixava clara a insuficiência do entre-eixos de 2,49 m para o comprimento de 4,41 m. A linha de motores envolvia os Sigmas a gasolina de 1,2, 1,4, 1,5 e 1,6 litro (com 80 a 120 cv) e os turbodiesels de 1,4 e 1,6 litro (até 95 cv), enquanto seis marchas podiam vir nas caixas manual e manual automatizada, a Powershift de dupla embreagem.
No ST o motor Ecoboost 1,6 com turbo produzia 180 cv, mais que no antigo 2,0-litros; a versão chegava em 2013 já com a nova frente do Fiesta
O motor Ecoboost de 1,0 litro e três cilindros com turbo, injeção direta e até 125 cv estreava em 2012, junto a uma reestilização dianteira para lhe dar o novo ar da família Ford. Mais tarde seria oferecido com 140 cv. A versão Econetic, com motor 1,6 turbodiesel de 95 cv, era anunciada como o modelo a combustão de menor emissão de gás carbônico (CO2) então em produção, capaz de 30 km/l na média dos ciclos urbano e rodoviário.
Demorou, mas o Fiesta de alto desempenho — dentro da tradição de suas gerações anteriores — reaparecia na linha 2013 com o ST, antecipado por um conceito. Com ampla grade hexagonal que lembrava a do Focus ST, usava rodas de 17 pol, anexos aerodinâmicos, bancos Recaro e painel revisto. O motor Ecoboost turbo de 1,6 litro obtinha 180 cv e 24,5 m.kgf, que se traduziam em 0-100 km/h em 6,9 segundos e máxima de 220 km/h com a caixa manual de seis marchas.
O Fiesta superava em 2014 o recorde do Escort como carro mais vendido no Reino Unido — mais de 4,1 milhões de unidades. O ST 200 de 200 cv aparecia em 2016 como Fiesta mais potente da história: com 200 cv e 29,6 m.kgf no Ecoboost 1,6, acelerava de 0 a 100 km/h em 6,7 s e atingia 230 km/h. As alterações incluíam suspensão mais baixa e firme, freios maiores e revisões ao controle de estabilidade e ao sistema de vetorização de torque.
O sétimo Fiesta lembra o anterior, mas cresce e adota novas tecnologias; versões incluem Vignale (branco), Active (amarelo) e o ST de 200 cv (azul)
“Um hot hatch espetacularmente bom”, definiu a inglesa Evo sobre o ST 200. “Sua dinâmica é tão polida quanto a dos melhores carros esporte de qualquer preço, com um caráter efervescente e viciante. O chassi mostra neutralidade. O ST 200 flui pela estrada com enormes precisão e controle. É um carro estupendamente divertido de dirigir. O Peugeot 208 GTI oferece experiência similar, mas sem seu toque de classe”.
Depois de completar 40 anos em produção, o Fiesta aparecia na sétima geração em novembro de 2016 com início de produção marcado para o ano seguinte. Apesar da semelhança de estilo com o anterior, havia sido todo reprojetado, com maiores dimensões (mais 7 cm em comprimento, 3 cm em largura e só 4 mm entre eixos) e lanternas traseiras horizontais. Com adereços “aventureiros” e suspensão elevada, a versão Active era inédita, assim como a luxuosa Vignale. O interior trazia materiais mais nobres e grande tela de 8 pol do sistema Sync 3.
Recursos de segurança e auxílio ao motorista eram abrangentes: controlador da distância à frente com detecção de pedestre e frenagem automática, assistentes de faixa da via e para estacionar, alerta de ponto cego, comutação automática de faróis. O Cx da versão mais favorável, 0,286, surpreendia para seu porte. Motores aspirados (incluindo um inédito 1,1-litro de 70 ou 85 cv) e turbo compunham a linha. Anunciado para 2018, o esportivo ST recebia um três-cilindros turbo de 1,5 litro com 200 cv.
Importar o Fiesta espanhol foi a solução da Ford, em 1994, para competir entre os pequenos até que começasse a produção do quarto modelo por aqui
O Fiesta no Brasil, 20 anos depois
Embora houvesse rumores de sua produção brasileira desde os anos 70, o Fiesta demorou a chegar até nós. Foi em 1994 que a Ford, em vias de dissolver a associação de sete anos com a Volkswagen na Autolatina, encontrou nele a solução para crescer no mercado. O segmento de carros pequenos era cada vez mais significativo e o Escort Hobby, seu menor modelo, estava defasado. Diante da inesperada redução do Imposto de Importação para 20% pelo governo federal naquele ano, a marca de São Bernardo do Campo, SP, optou por trazer da Espanha a terceira geração, já em fim de produção.
Apresentado no Salão de São Paulo, as vendas iniciaram-se em fevereiro de 1995. Usava o motor Kent (renomeado Endura-E) de 1,3 litro e 60 cv, com moderna injeção multiponto, mas defasado em projeto. Embora não fosse o carro mais atual do segmento — o Chevrolet Corsa e o novo VW Gol haviam acabado de chegar —, reunia qualidades e oferecia opção de cinco portas. Contudo, com a elevação do imposto para 70% logo que o carro chegou ao mercado, evidenciava-se a importância de fazê-lo aqui. Isso também permitiria aplicar um motor de 1,0 litro — que na Europa não mais existia — para usufruir o benefício fiscal aos carros “populares”.
Próxima parte
Pelo mundo
Além dos muitos países em que foi vendido com a marca e o nome originais, o Fiesta chegou a alguns mercados rebatizado. Na Europa a quarta geração foi vendida também como Mazda 121, pois a Ford tinha grande participação acionária na empresa japonesa. Essa troca de identidade não atingia o próprio Japão, onde a Mazda tinha um 121 bem diferente.
Uma picape derivada do quarto modelo do hatch foi fabricada na África do Sul de 2002 a 2011 sob o nome Bantam — aquele, assim como o Brasil, é um dos poucos países com boa aceitação a utilitários dessa categoria. Embora parecida com nossa Courier, usava as portas mais curtas do Fiesta de cinco portas (as da brasileira, maiores, vinham do hatch de três) e traseira específica. Mais tarde ganhou uma frente renovada que não tivemos.
Da mesma geração foi derivado o Ikon, o primeiro Fiesta sedã, com produção iniciada em 1999 na Índia, em 2001 no México (de onde era trazido ao Brasil) e em 2003 na China. Motores de 1,3 e 1,6 litro a gasolina e de 1,4 e 1,8 litro a diesel foram empregados no modelo, que em alguns países podia ter caixa automática de quatro marchas.
O sedã Fiesta Classic indiano da quinta geração, com desenho frontal e traseiro diferente do brasileiro, substituiu esse Ikon em 2005. Mas tal nome não foi abandonado pela Ford: o modelo da Índia foi assim chamado na África do Sul.
Também com produção indiana, o quinto Fiesta ganhava em 2009 o nome Figo. A frente era bem diversa do europeu ou do brasileiro, mas laterais e traseira não escondiam a origem. Motores 1,2 a gasolina e 1,4 turbodiesel estavam disponíveis.
O sedã brasileiro de 2004, que alcançou outros mercados da América Latina, retomava no México em 2011 o nome Ikon, o mesmo aplicado ao hatch indiano Figo quando vendido naquele mercado. Frente e acabamento interno eram diferentes entre as duas carrocerias, assim como os motores de 1,6 litro. Contudo, já em 2012 o sedã deixava de ser vendido por lá.