Novo desde o chassi, o Catalina 1961 retomava a grade bipartida e adotava linhas
mais retas; o motor V8 de 6,4 litros era oferecido em numerosos níveis de potência
Mantido como única opção, o motor V8 390 continuava com diversos níveis de potência: 215 cv com caixa manual, 230 ou 267 cv com a automática e os mais esportivos de 303 e 318 cv como opcionais. Com maior taxa de compressão, obtinham-se 333 cv com carburador quádruplo e 348 cv com três carburadores duplos. Na transmissão, o câmbio manual podia vir com trambulador Hurst na alavanca no assoalho e, para os adeptos do automático, um Roto Hydramatic de três marchas mais leve e compacto tomava o lugar do antigo quatro-marchas.
Meses mais tarde o Catalina recebia o primeiro motor de cilindrada superior: o Super Duty V8 de 421 pol³ ou 6,9 litros, restrito a competições, cuja produção em pequena quantidade foi necessária para homologação para provas de arrancada (leia boxe na página anterior). Com pistões e bielas forjados, tuchos mecânicos e dois carburadores quádruplos Carter de 500 pés³/min, ele desenvolvia 405 cv declarados, mas a potência real é estimada entre 450 e 500 cv. No teste da revista Motor Trend, o Super Duty acelerou de 0 a 96 km/h em 5,4 segundos e cumpriu o quarto de milha (0 a 400 metros) em 13,9 s.
Reestilizada outra vez, a linha 1962 crescia entre os eixos; no ano-modelo seguinte
os faróis vinham na vertical e havia uso mais amplo do motor 421 de 6,9 litros
Logo chegava a linha 1962 e, dentro do programa de rápida renovação da indústria norte-americana, o estilo dos grandes Pontiacs mudava outra vez: estava mais arredondado e com novo perfil de teto nos hardtops de duas portas. A divisão da grade vinha protuberante e as lanternas traseiras lembravam parênteses. O entre-eixos crescia em 25 mm, para 3,05 m, com exceção da perua Safari.
“O HO leva tudo em um estilo puro-sangue: reúne conforto, desempenho e comportamento que devem satisfazer qualquer um”, disse a Car Life
Faróis em linha vertical, um arranjo que se tornaria comum nos EUA nos anos seguintes, eram a maior novidade estética do Catalina 1963. A reestilização incluía para-brisa menos envolvente e traseira simples, sem os “parênteses”; por dentro vinham as opções de rádio AM/FM, controlador de velocidade, volante ajustável em altura e — só para o cupê — bancos individuais na frente. Sob o capô, as versões mais potentes do V8 389 davam lugar ao 421 em pacotes de 338 cv (carburador quádruplo), 353 cv (três duplos) e 370 cv (High Output ou HO, também com três duplos). O de 405 cv durou pouco tempo mais, pois a ordem da GM foi de deixar de prestar apoio oficial a competições.
Se a maior parte da linha 1964 mal podia ser reconhecida — mudavam apenas detalhes como a grade, outra vez com a parte central protuberante, e lanternas —, o Catalina estreava uma atraente versão: a 2+2, oferecida como hardtop de duas portas e conversível. Com bancos dianteiros individuais e um banco traseiro menor para duas pessoas, o pacote esportivo incluía suspensão mais firme e podia vir associado a qualquer dos motores.
O cupê revela as linhas do Catalina para 1965; o carro estava maior, ganhava opção de
ar-condicionado automático e oferecia o pacote 2+2, com bancos dianteiros individuais
Naquele ano ele foi testado pela Motor Trend em duas versões: cupê hardtop de seis lugares com motor V8 389 e caixa automática e o 2+2 com motor V8 421 e câmbio manual. O 389 foi elogiado pelo motor “suave e potente”, mas revelou subesterço excessivo em curvas rápidas. O 412 agradou mais: “A suspensão para serviço pesado deu ao 2+2 uma atitude quase neutra, mesmo em altas velocidades em curva. O Catalina ‘quente’ tinha um rodar notavelmente mais duro, direção mais pesada e freios mais firmes que a versão familiar, mas era muito mais controlável e nos deu confiança bem superior quando encaramos estradas sinuosas e curvas rápidas. Ele transmitia uma sensação de certeza, de resposta imediata”.
Claro que as diferenças iam além da estabilidade: o carro mais potente acelerou de 0 a 96 km/h em 6,6 segundos, contra 10 s do outro, e alcançou a velocidade máxima de 193 km/h, ante 182 do menos potente. “Três carburadores Rochester e 421 pol³ significam que ele acelera mesmo, embora seja um carro dócil no trânsito. A tração foi seu maior problema durante os testes de aceleração. Os freios opcionais dão ao Catalina um forte poder de frenagem, uso após uso, em uma agradável linha reta e com pouco mergulho da frente. Um grande aprimoramento em relação ao carro com tambores de série”, observou a revista.
Garrafas de Coca-Cola
A Pontiac mandava seus carros grandes de volta às pranchetas para formular a linha 1965, que chegava com maiores dimensões (5,45 m de comprimento, 3,07 m entre eixos, incluindo a perua), formato fastback nos cupês sem coluna central e para-lamas traseiros com ondulações, conhecidos como “garrafas de Coca-Cola”. Mesmo que a frente mantivesse a disposição dos faróis, seu aspecto estava mais imponente; atrás as lanternas vinham em linha horizontal. O interior recebia novas comodidades, como ar-condicionado com controle automático, e na perua o banco da terceira fila de assentos ganhava 7,5 cm em largura.
Sedã, conversível e a perua Safari continuavam a compor a ampla linha do grande
modelo da Pontiac; em 1966 vinham pequenas alterações na carroceria e no interior
Os motores 389 e 421 vinham aprimorados e continuavam com vastas opções de potência: para o primeiro, 256, 265, 290, 325, 333 ou 338 cv; para o segundo, 338, 353 ou 376 cv, este o valor obtido pelo HO com três carburadores duplos. Na versão 2+2 estava disponível apenas o motor 421, com os três patamares de desempenho. O câmbio automático passava a ser o Turbo-Hydramatic de três marchas, no qual um conversor de torque cumpria o papel antes feito por um acoplamento de fluido, e adotava o padrão de posições que ainda hoje vigora, P-R-N-D-S-L, em vez do antigo P-N-D-S-L-R, que colocava a ré na última posição.
A versão 421 HO foi testada pela revista Car Life, que obteve 0-96 em 7,2 segundos e o quarto de milha em 15,5 s. “Contudo, não foi a aceleração que mais nos impressionou nesse 2+2; foram seus modos na estrada, que dão ao motorista a sensação de um carro esportivo. Muitos carros norte-americanos grandes comportam-se mal em condução mais vigorosa, mas o HO leva tudo em um estilo puro-sangue. Ele reúne conforto, desempenho e comportamento que devem satisfazer qualquer um que não seja um piloto de corridas”, acrescentou.
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Nas telas
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Grande, potente e acessível, o Catalina ganhou numerosos papéis no cinema, em alguns casos como carro de polícia. Modelos iniciais de 1959 podem ser vistos no filme de ação The Abductors (1972), um cupê, e na ficção científica Nude on the Moon (1961), um conversível. Na ação Sádicos de Satã (Satan’s Sadists,1969) aparece um conversível de 1961.
O modelo 1964 rendeu boas presenças, como o sedã da ação Fighting Mad (1976), o cupê da ação Death Machines (1976), o conversível do filme de terror Color Me Blood Red (1965) e um cupê modificado na comédia The Kings of Mykonos (2010). De 1966 são os Catalinas cupês da ação The Art of a Bullet (1999) e da comédia Enid Is Sleeping (1990), que usa uma versão 421.
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Outra leva é de modelos 1967, com um sedã hardtop no drama Tony Rome (1967), um cupê na comédia Loucos de Dar Nó (Stir Crazy, 1980) e conversíveis no drama Showgirls (1995), na ação Blood, Guts, Bullets and Octane (1998) e no terror Jovens Amaldiçoados (The Hazing, 2004).
A grade exagerada de 1970 pode ser vista em vários filmes. Há cupês desse ano na comédia O Âncora: A Lenda de Ron Burgundy (Anchorman: The Legend of Ron Burgundy, 2004) e no policial Em Busca de um Assassino (Texas Killing Fields, 2011), um conversível na comédia Totalmente Selvagem (Something Wild, 1986) e outro carro na ação Punhos de Aço – Um Lutador de Rua (Any Which Way You Can, 1980). Já o modelo da ação Hangar 18 (1980) é de 1971.
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Nos anos 70 o Catalina perdeu esportividade, mas não os empregos nas telas. Um sedã 1973 está no romance Paixão Eterna (Made in Heaven, 1987), um 1975 na comédia Meus Vizinhos são um Terror (The ‘Burbs, 1989), um 1976 na comédia Sem Jeito Para Morrer (Short Time, 1990) e modelos 1977 na ficção científica Alien – O Terror do Espaço (Deep Space, 1987) e no drama Poder Paranormal (Red Lights, 2012).
A lista segue pelas peruas Safari do drama Anti-Herói Americano (American Splendor, 2003), modelo 1977, e da comédia Admiradora Secreta (Secret Admirer, 1985), do ano-modelo seguinte. Um sedã 1979 pode ser visto no drama Réquiem para um Sonho (Requiem for a Dream, 2000) e uma Safari 1980 está no suspense Estranhos Invasores (Strange Invaders, 1983).
Entre os usos como carro policial, destacam-se os modelos 1969 do suspense italiano Uma Sobre a Outra (Una Sull’altra, 1969) e da ação O Medo é a Chave (Fear Is the Key, 1972), além do carro de 1977 visto na comédia Heavy Metal do Horror (Trick or Treat, 1986).
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