Viagem com colaborador e medições de consumo urbano
buscam apontar os aspectos positivos e negativos do Tendance
Texto e fotos: Fabrício Samahá
Atualização de 22/11/13
Em sua segunda semana de participação em Um Mês ao Volante, assumiu o comando do Citroën C4 Lounge Tendance um colaborador habitual da seção, Luciano dos Santos, de 38 anos, hoje proprietário de um Mercedes-Benz C180 e experiente ao volante de carros os mais diversos, de compactos a jipes e picapes. Luciano aproveitou o sedã franco-argentino para uma viagem de Pindamonhangaba a São Paulo — cerca de 300 quilômetros de ida e volta — e algum uso urbano, o que permitiu obter boas impressões. Que impressões?
“O C4 Lounge é um carro atraente, com estilo bem moderno, que não passou desapercebido por onde andei. Gostei mais de suas soluções visuais que do antecessor C4 Pallas, que era comprido demais, algo desproporcional. É bom o acabamento interno de maneira geral, mas faltou o revestimento dos bancos em couro, que vem só na versão Exclusive. O tecido que foi empregado tem aspecto simples demais para um carro dessa categoria”, ele observa.
O colaborador destacou a posição de dirigir (“muito boa, com visibilidade traseira excelente para um sedã; é fácil de manobrar”) e itens de conveniência como limpador de para-brisa automático, limitador de velocidade e ar-condicionado com duas zonas de ajuste de temperatura, “ideal para evitar desgastes com a patroa”, segundo ele. O espaço interno foi descrito como “muito bom para levar quatro adultos com conforto” e a capacidade do porta-malas lhe pareceu adequada.
Estilo, conforto e espaço agradaram ao colaborador Luciano, que viajou com o
C4 Lounge, mas houve críticas ao torque em baixa rotação e à estabilidade
Se a análise estática do Tendance indicou um conjunto acertado, quando se trata da mecânica Luciano tem ressalvas a fazer: “O motor é fraco para o peso do carro. Certo, 143 cv com gasolina não são poucos, mas a sensação é de que eles não estão todos lá. O C4 tem pouco torque em baixa rotação e demora a ganhar velocidade acima de 100 km/h. Mesmo com o bom câmbio de seis marchas, nas reduções o giro vai lá em cima e o carro não ‘decola’, parece amarrado. Mal comparando, meu C180 tem 156 cv e o patamar de desempenho é completamente outro”.
“O motor é fraco para o peso do carro. Nas reduções o giro vai lá em cima e o carro não ‘decola’, parece amarrado”, critica o colaborador da semana
Sabe-se que o turbocompressor — que o sedã alemão tem, mas que o Lounge só oferece na versão de topo THP — é o grande responsável pelas sensações tão diferentes. Enquanto o motor turbo da Citroën fornece torque máximo de 24,5 m.kgf a 1.400 rpm e o da Mercedes produz 25,5 a 1.600, no C4 de 2,0 litros o pico de 20,2 m.kgf (com gasolina) aparece a altas 4.000 rpm. O resultado é que, mesmo com 80 kg a menos que o Mercedes, o Tendance parece ter bem menos potência. Contudo, optar pela versão THP elevaria o preço do carro em R$ 11 mil.
O colaborador apontou outros inconvenientes: “O consumo é muito alto: a média do meu período de uso ficou ao redor de 9 km/l. Mesmo sem estar bem amaciado, esperava um carro mais econômico. A suspensão é muito macia, boa para a cidade, mas deixa a desejar em alta velocidade na estrada e nas curvas rápidas. Acredito que as medidas para aumentar o conforto em relação ao C4 Pallas tenham sido excessivas”.
Limitador de velocidade e ar-condicionado de duas zonas: itens de conveniência
da versão intermediária Tendance que mereceram elogios do motorista da vez
Entre pontos positivos e negativos, Luciano compraria um C4 Lounge Tendance caso procurasse um automóvel nessa faixa de preço? “Não. Ele oferece menos do que promete: nem o desempenho está de acordo com o esperado de sua potência, nem a estabilidade honra a tradição da Citroën. Oferece espaço e conforto muito bons, mas os fatores citados e a dotação incompleta de segurança, com airbags apenas frontais e sem controle eletrônico de estabilidade, tiram o C4 da lista de opções que eu teria nesse segmento”.
Informado de que a versão Exclusive traria o couro, o controle e outras quatro bolsas infláveis — duas laterais dianteiras e duas de cortina — por mais R$ 5.500, mantendo o motor de 2,0 litros, Luciano não se convence: “As marcas francesas ainda não desfrutam muito boa fama no mercado, apesar dos bons produtos que têm lançado. Como contornar isso? Oferecendo carros bem equipados por preços menores que as japonesas. Mas não é o que a Citroën fez nesse caso, pois ele custa tanto quanto Civic, Corolla ou Sentra. Se o Exclusive com motor turbo fosse oferecido por R$ 70 mil, o C4 seria muito atraente. Mas passar de R$ 72 mil para receber os itens de segurança e continuar com esse motor fraco e beberrão… Não, obrigado”.
Consumo urbano: novo trajeto
Rodando apenas com gasolina — álcool será usado na segunda metade do período — o C4 Lounge obteve a média de 8,8 km/l até agora em toda a avaliação, na qual 70% da distância foi de trajetos rodoviários, e já cumpriu seu teste de consumo em ciclo urbano leve, o mesmo aplicado aos anteriores C3 Exclusive e Fiat Bravo Sporting. O resultado, 10,4 km/l, ficou dentro do esperado para um carro que não vinha se mostrando econômico (a medição em ciclo rodoviário será feita nos próximos dias).
Apesar da eficiente atuação da caixa automática de seis marchas, o motor de 2,0
litros não convenceu o colaborador pelo desempenho nem pelo consumo
Submetemo-lo também a uma novidade: o ciclo urbano pesado, que visa a simular a forma de condução comum em cidades congestionadas. Não seria o caso de colocá-lo no tráfego real, tão sujeito a variações conforme dia e hora; em vez disso, traçamos um percurso de 11 quilômetros em um bairro tranquilo com parada total a cada esquina e a cada meio de quarteirão, voltando a rodar à faixa de 30 km/h em seguida, todo o tempo com ar-condicionado ligado. A repetição de para e anda, com média pouco acima de 20 km/h, fica próxima à que se enfrenta no dia a dia dos grandes centros; além disso, o trajeto prevê aclives e declives. A média de 5,5 km/l (a pior do modelo até agora) ilustra a severidade do teste, que passa a ser feito com todos os carros da seção.
Por falar em consumo, pudemos notar que o marcador digital de nível de combustível nunca indica cheio: sempre falta um segmento, mesmo após um abastecimento “até a boca” para testá-lo (procedimento desaconselhado, que pode encharcar o filtro de vapores se o carro ficar parado sob sol intenso, mas não havia tal risco por estarmos para iniciar viagem). O instrumento em si está correto, pois preenche todos os dígitos ao se acionar a ignição: o problema é na medição dentro do tanque. Teria algum outro dono de C4 Lounge notado a mesma anormalidade? Com a palavra, os proprietários.
Atualização anterior |
Último período
7 dias |
448 km |
Distância em cidade | 168 km |
Distância em estrada | 280 km |
Tempo ao volante | 10h 53min |
Velocidade média | 41 km/h |
Consumo médio (gasolina) | 8,5 km/l |
Melhor marca média | 10,4 km/l |
Pior marca média | 5,5 km/l |
Indicações do computador de bordo |
Desde o início
12 dias |
946 km |
Distância em cidade | 276 km |
Distância em estrada | 670 km |
Tempo ao volante | 20h 7min |
Velocidade média | 47 km/h |
Consumo médio (gasolina) | 8,8 km/l |
Melhor marca média | 10,8 km/l |
Pior marca média | 5,5 km/l |
Indicações do computador de bordo |
Preço
Sem opcionais | R$ 66.990 |
Como avaliado | R$ 68.680 |
Preços públicos vigentes em 13/11/13 |
Teste do Leitor
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Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 4 em linha |
Comando de válvulas | no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4, variação de tempo |
Diâmetro e curso | 85 x 88 mm |
Cilindrada | 1.998 cm³ |
Taxa de compressão | 10,8:1 |
Alimentação | injeção multiponto sequencial |
Potência máxima (gas/álc.) | 143/151 cv a 6.250 rpm |
Torque máximo (gas./álc.) | 20,2/21,7 m.kgf a 4.000 rpm |
Transmissão | |
Tipo de câmbio e marchas | automático / 6 |
Tração | dianteira |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a disco |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | eletro-hidráulica |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | eixo de torção, mola helicoidal |
Rodas | |
Dimensões | 17 pol |
Pneus | 225/45 R 17 |
Dimensões | |
Comprimento | 4,621 m |
Largura | 1,789 m |
Altura | 1,505 m |
Entre-eixos | 2,71 m |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 60 l |
Compartimento de bagagem | 450 l |
Peso em ordem de marcha | 1.414 kg |
Desempenho | |
Velocidade máxima (gas.) | 211 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h (gas.) | 9,5 s |
Dados do fabricante; consumo não disponível |