Nova geração do sedã mexicano vem toda aprimorada:
vamos conferir como ele se sai em uma avaliação de 30 dias
Texto e fotos: Fabrício Samahá
Atualização inicial: 10/1/14
Nossa regra em Um Mês ao Volante — como em outras seções do site — tem sido a variedade. Depois de um sedã médio, o Citroën C4 Lounge, o habitual seria avaliarmos um carro compacto, talvez uma minivan ou um utilitário esporte. O que nos levou a quebrar esse padrão foi a importância que aquele segmento recebeu em 2013, com relevantes lançamentos além do C4. E um deles foi o Nissan Sentra.
A sétima geração do sedã da marca japonesa — terceira desde o começo das importações oficiais para o Brasil — está disponível em três versões, todas com motor de 2,0 litros e quatro válvulas por cilindro. Duas oferecem o câmbio automático de variação contínua (CVT) XTronic, e foi a mais luxuosa delas que recebemos para a análise por 30 dias: a SL, no belo tom azul Grafite metálico.
Ao preço de R$ 72 mil, o Sentra de topo vem equipado de série com freios antitravamento (ABS) com distribuição eletrônica de força entre os eixos (EBD) e assistência adicional em emergências, seis bolsas infláveis (frontais, laterais dianteiras de tórax e cortinas laterais), fixação para cadeiras infantis pelo padrão Isofix, ar-condicionado automático de duas zonas, controlador de velocidade, revestimento de bancos e volante em couro, faróis de neblina, alarme, chave presencial para acesso e partida do motor, computador de bordo, rodas de 17 pol com pneus 205/50, teto solar com controle elétrico, retrovisor interno fotocrômico, acionamento automático dos faróis, sensores de estacionamento na traseira, câmera de ré para manobras e rádio/toca-CDs com MP3, tela de 5,8 pol e navegador. A garantia é de três anos.
O novo desenho do Sentra inspirou-se no do Altima; a versão SL custa R$ 72 mil
e traz conteúdos de série como seis bolsas infláveis, navegador e teto solar
Ao contrário do anterior, que destacava seu ar jovial na publicidade, o novo Sentra assumiu um estilo conservador, ao gosto da maioria do público dos sedãs dessa categoria, com evidente inspiração no “irmão maior” Altima (que saiu antes no exterior, embora tenha chegado ao Brasil pouco depois). Mas é um desenho interessante, com curvas e arestas que chamam atenção e detalhes que o valorizam, como os leds nas luzes de posição dianteiras e nas lanternas traseiras.
O motor, de funcionamento suave e silencioso, fornece potência bastante adequada e o câmbio CVT contribui para o conforto
Mesmo sem luxo nos materiais plásticos, o interior mostra acabamento cuidadoso e bom gosto na decoração. Uma ressalva fica para o aplique das portas que tem continuidade de forma, mas não de padrão, nos difusores de ar do painel. O quadro de instrumentos, com iluminação permanente em branco, traz no centro um mostrador para as funções do computador de bordo e econômetro, que sugere ao motorista abrir pouco o acelerador — nesse caso faz sentido, pois o câmbio eleva as rotações do motor quanto mais fundo se aperta o pedal.
Além da farta dotação de itens de conforto e conveniência já descrita, o Sentra cativa por detalhes que não se vê todo dia, como extensor para os para-sóis (cobre toda a seção do vidro quando movido para a lateral), porta-luvas com tranca e estepe com pneu de medida integral (pode substituir outro em caráter permanente). Em contrapartida, só o controle elétrico do vidro do motorista tem função um-toque. O sistema de áudio traz conexões auxiliar, USB, para cartão SD (ocupada pelo do navegador) e interface Bluetooth para telefone celular; a operação de suas funções é bastante simples por toques na tela.
No interior, bom acabamento, bancos confortáveis e ótimo espaço para pernas
atrás; para-sóis trazem extensão, mas apliques de portas e painel divergem
Os bancos dianteiros acomodam muito bem, com densidade correta para não cansar em viagens, e o volante agora pode ser ajustado tanto em altura quanto em distância. Atrás, o espaço para pernas chega a impressionar, assim como a posição reclinada do encosto (poderia ser mais vertical), e há boa acomodação para ombros e cabeças, mas não um difusor de ar-condicionado. Se a capacidade de bagagem aumentou nesta geração, de 442 para 503 litros, a troca das articulações pantográficas por braços comuns agora exige reservar espaço, sob risco de amassar as malas — e não só nas laterais, pois uma armação entre elas rouba alguns centímetros em toda a parte superior.
Mesmo motor, suspensão melhorada
O novo Sentra preserva o motor conhecido, dotado de variação do tempo de abertura das válvulas, com ligeiras perdas de potência (3 cv) e torque (0,3 m.kgf). Novidade é o preaquecimento de álcool para partida a frio, que dispensou o tanque auxiliar de gasolina. O câmbio CVT foi aprimorado, com reduções de peso e atritos, e um reestudo da suspensão traseira buscou aumentar o conforto de marcha.
Em sua primeira semana de avaliação, na qual rodou quase 700 quilômetros entre cidade e rodovia, o médio da Nissan revelou boas qualidades. O motor, de funcionamento suave e silencioso, fornece potência bastante adequada para as condições normais de uso sem demonstrar esforço. O CVT contribui para o conforto ao substituir as trocas de marcha por uma variação contínua, que faz a rotação subir e descer de forma suave conforme a demanda por desempenho. Sua resposta está muito bem calibrada, caso do aumento gradual de giros ao pressionar mais o acelerador em uso rodoviário.
O câmbio tem duas funções para aumentar a rotação e produzir freio-motor em declives: o botão na alavanca que tira o overdrive de ação e, se não for suficiente, a posição L (low, baixa). Nenhuma impede que o carro chegue à velocidade máxima, mas ambas deixam o motor “aceso” a mais de 3.500 rpm mesmo com pouco uso de acelerador. Seria melhor, porém, haver uma simulação de marchas como no CVT do Renault Fluence, fabricado pela mesma Nissan: em certas condições, como uma aceleração de média intensidade, o ruído do motor em rotação constante ao redor de 3.000 rpm está longe de agradar.
Mesmo com 3 cv a menos que no antigo Sentra, o motor fornece boas respostas; o
câmbio CVT aprimorado cativa pela suavidade, mas poderia ter modo manual
Os testes de consumo em trajetos-padrão ainda serão efetuados, mas até agora ele tem revelado marcas apenas razoáveis, como média de 8,1 km/l de álcool em viagem à faixa de 120 km/h (incluindo trecho urbano). O consumo em cidade, com pior média em 5,5 km/l, reflete o uso intenso do ar-condicionado em um verão quente ao extremo. A redução do tanque de combustível para 52 litros é que cobra seu preço na autonomia, muito baixa com álcool. E um fato estranho: quando o ponteiro indica a entrada na reserva, o computador já aponta cerca de 20 km restantes e logo substitui essa indicação por traços, causando uma ansiedade típica de carro elétrico.
Onde o novo Sentra superou com facilidade o antigo foi no conforto da suspensão, sobretudo a traseira, antes dura demais. A calibração foi muito feliz dessa vez, pois concilia um rodar macio — mesmo que se perceba o uso de pneus de perfil baixo, 205/50 R 17 — a um comportamento dinâmico correto, com bom controle de amortecedores. A direção com assistência elétrica foi também acertada no ponto justo entre a facilidade de manobras e a precisão em velocidade.
Com o C4 Lounge ainda fresco na memória da equipe da seção, o Sentra não vai escapar de algumas comparações, mas parece apto a se sair bem nelas — e, por extensão, em sua busca por um lugar ao sol no mercado, o que terá oportunidade de comprovar nas próximas semanas.
Avaliação anterior (C4 Lounge) |
Desde o início
7 dias
693 km
Distância em cidade
373 km
Distância em rodovia
320 km
Tempo ao volante
23h 54 min
Velocidade média
29 km/h
Consumo médio (álcool)
6,3 km/l
Melhor marca média
8,1 km/l
Pior marca média
5,5 km/l
Indicações do computador de bordo
Preço
Como avaliado
R$ 71.990
Preço público vigente em 9/1/14
Teste do Leitor
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Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 4 em linha |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4, variação de tempo |
Diâmetro e curso | 84 x 90,1 mm |
Cilindrada | 1.997 cm³ |
Taxa de compressão | 9,7:1 |
Alimentação | injeção multiponto sequencial |
Potência máxima (gas. e álc.) | 140 cv a 5.100 rpm |
Torque máximo (gas. e álc.) | 20 m.kgf a 4.800 rpm |
Transmissão | |
Tipo de câmbio | variação contínua |
Tração | dianteira |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a disco |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | eixo de torção, mola helicoidal |
Rodas | |
Dimensões | 17 pol |
Pneus | 205/50 R 17 |
Dimensões | |
Comprimento | 4,625 m |
Largura | 1,761 m |
Altura | 1,50 m |
Entre-eixos | 2,70 m |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 52 l |
Compartimento de bagagem | 503 l |
Peso em ordem de marcha | 1.348 kg |
Desempenho e consumo | |
Velocidade máxima | 186 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 10,1 s |
Consumo em cidade (gas./álc.) | 10,2/6,9 km/l |
Consumo em rodovia (gas./álc.) | 12,9/9,1 km/l |
Dados do fabricante; consumo pelos padrões do Inmetro/Conpet |