Conceitos como o Bizzarini Manta (à direita), populares como o Golf e esportivos como De Lorean: a diversidade de trabalhos da ItalDesign

O estilo "papel dobrado" que marcou Giugiaro nos anos 70 está claro nestes conceitos, Porsche-VW Tapiro (em cima) e Maserati Boomerang

A inovadora Lancia Megagamma poderia ter sido a primeira minivan, mas o projetista ouviu da Fiat que era preciso coragem para produzi-la

Ferrari GG50: comemoração de meio século de trabalho com carros

Nas décadas de 1970 e 1980, Giugiaro assinou modelos de grande sucesso como Lancia Delta (1979), Fiat Panda (1980) e Uno (1983), o Audi 80 de 1978 e a primeira geração dos Volkswagens Passat (1973), Golf e Scirocco (ambos de 1974). Seus traços também ficam evidentes em esportivos muito retilíneos como o Lotus Esprit (1972), o supercarro de motor central BMW M1 (1977) e o irlandês De Lorean DMC 12 (1981), que ganhou fama na trilogia De Volta para o Futuro. Os conceitos Bizzarrini Manta de 1968, o primeiro da empresa, e Porsche-VW Tapiro de 1970 seguem igual padrão de desenho.

Do mesmo período são o pequeno Alfasud (1972) e o médio Alfetta (1974) da Alfa Romeo, o médio de luxo Fiat Croma (1985) e seus irmãos de projeto 9000 da Saab sueca (1984) e Thema da Lancia (1985), o FSO Polonez feito na Polônia (1978), o Zastava Yugo da antiga Iugoslávia (1981), o Isuzu Piazza/Impulse (mesmo ano), o espanhol Seat Málaga (1985), os franceses 19 e 21 da Renault (1988 e 1986, na ordem), os Maseratis Bora/Merak (1971 e 1972) e Quattroporte de 1976 e vários modelos da sul-coreana Hyundai — Pony em 1974, Stellar em 1982, Excel em 1985 e Sonata em 1988.

Como conceitos, desenhou também Maserati Boomerang (1972), Audi-Karmann Asso di Picche (1973), Alfa Romeo New York Taxi (1976), Lancia Medusa (1980) e Orca (1982), Capsula (1982), Lotus Etna (1984), Marlin (1984), Ford Maya (1984), Together (1984), Oldsmobile Incas (1986), Machimoto (1986), Aztec e Asgard (1988).

É de sua autoria ainda o carro-conceito Lancia Megagamma, de 1978, considerado o precursor das minivans — a primeira lançada ao mercado, a Nissan Prairie, viria três anos depois. Feito sobre a plataforma do sedã Gamma, o estudo oferecia amplo espaço em um comprimento de 4,31 metros, graças à cabine avançada, a altura de 1,61 m e ao compacto motor boxer de quatro cilindros com tração dianteira. Curiosamente, ao apresentá-lo a Umberto Agnelli (que havia deixado a presidência da Fiat pouco antes), ouviu: "Belo carro, mas é preciso coragem para produzi-lo". Conta o projetista que, por falta dessa coragem, a empresa perdeu a oportunidade ímpar de lançar o padrão moderno para minivans com um produto feito na Itália.

Nas décadas de 1990 e 2000, em que o "papel dobrado" começou a dar lugar a linhas mais arredondadas, Giugiaro foi responsável por outros projetos de relevo na Alfa Romeo (Brera em 2002, 159 em 2006), Daewoo (Lanos, Matiz, Leganza e outros), Fiat (Punto em 1993; Croma, Sedici e Grande Punto em 2005, além de duas reestilizações na linha Palio brasileira e de participar da Idea), Lexus (GS em 1993), Maserati (3200 GT em 1998, Coupe e Spyder em 2002), Seat (Toledo em 1991, Ibiza e Cordoba em 1993) e Subaru (SVX em 1991).

Fez também carros-conceito esportivos e marcantes com base na mecânica e nos padrões de estilo da BMW (Nazca C2 em 1991 e sua versão Spider dois anos depois), Bugatti (EB 118 em 1998, EB 218 no ano seguinte e 18/3 Chiron em 1999), Ferrari (GG50 em 2005, para celebrar meio século de trabalho desde o ingresso na Fiat), Ford (Mustang Giugiaro em 2006), Lamborghini (Cala em 1995) e Volkswagen (W12 Coupe e Roadster, 1997). E estudos de carros luxuosos, o Jaguar Kensington (1990) e o Lexus Landau (1994), ou de modelos favoráveis ao meio ambiente, os pequenos Biga (1992) e Lucciola (1993).

Com 70 anos completados em agosto e aos 40 da fundação da ItalDesign, Giugiaro é, sem dúvida, um dos projetistas mais premiados da história. Entre os títulos e prêmios que recebeu destacam-se o Compasso d'Oro italiano por duas vezes, em 1980 e 1984, e o Golden Steering Wheel (volante de ouro) em 1995 e 1996. Em 1999, em Las Vegas, EUA, mais de 120 jornalistas de diversos países o elegeram o Projetista do Século XX e, dois anos mais tarde, um júri internacional o incluiu entre 13 personalidades no Mural da Fama do mundo do automóvel, no Palexpo de Genebra, Suíça.

E, ao contrário do que muitos acreditam, é mesmo Giorgetto — e não Giorgio — seu nome de batismo. Conta ele que "em pequenas cidades era comum se chamar alguém pelo nome no diminutivo, e assim Giorgio se tornaria, inevitavelmente, Giorgino ou Giorgetto. Ao me chamar de Giorgetto desde o nascimento, meus pais evitaram essa complicação. Portanto, Giorgetto é um nome de criança que mantive por toda minha vida. Ele me mantém jovem!".

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