Marca chega atrasada aos SUVs compactos, mas versão Highline reúne conteúdo, desempenho e bons dotes dinâmicos
Texto: Geraldo Tite Simões – Fotos: divulgação
A Volkswagen demorou a entrar no segmento de utilitários esporte compactos no Brasil, mas parece ter reunido os ingredientes certos para compensar o atraso com o T-Cross. É a impressão deixada no Best Cars pela versão Highline 250 TSI, a única disponível para avaliação no lançamento à imprensa. Com motor turbo de 1,4 litro, transmissão automática e preço sugerido a partir de R$ 110 mil, essa é a opção de topo de uma linha que começa nos R$ 85 mil do T-Cross 200 TSI básico, turbo de 1,0 litro com transmissão manual (veja no quadro os preços e equipamentos de cada um).
O novo Volkswagen é espaçoso por dentro, mas parece compacto visto por fora. Feito em cima da plataforma MQB-AO do Polo e do Virtus, ganhou distância entre eixos de 2,65 metros na versão brasileira, o que o deixou com 4,20 m de comprimento, mais 9 cm que na europeia,. Embora fique entre os mais curtos da categoria, tem um dos maiores entre-eixos da faixa que inclui Chevrolet Tracker, Citroën C4 Cactus, Ford Ecosport, Honda HR-V, Hyundai Creta, Jeep Renegade, Nissan Kicks, Peugeot 2008 e Renault Captur, entre outros. A produção é em São José dos Pinhais, PR, na mesma fábrica de Fox e Golf.
De linhas simples e agradáveis, o T-Cross nacional tem elementos diferentes do europeu, como para-choque e entre-eixos; a plataforma MQB-A0 deriva da usada em Polo e Virtus
O desenho simples e agradável do T-Cross já era conhecido desde outubro, antes mesmo de sua apresentação no Salão de São Paulo. A versão brasileira ganhou frente com mais detalhes e tomada de ar ampliada. Nas laterais, o comprimento adicional ao europeu foi bem resolvido e parece pertencer ao projeto original. A traseira adota um acabamento por cima da placa de licença, que interliga as lanternas. Rodas de 16 e 17 pol são aplicadas, conforme a versão, e há opção por teto e colunas em preto.
O ambiente interno remete logo ao de Polo e Virtus, tanto pelo aspecto quanto pela disposição dos elementos — mesmo aquelas não ideais, como os difusores de ar centrais baixos. Os plásticos simples podem não corresponder às expectativas de um carro de seu preço. Na versão Highline estão disponíveis quadro de instrumentos digital em tela de 12,3 pol, que admite numerosas configurações, e central de áudio com tela de 8 pol e integração a celular por Android Auto e Apple Car Play.
O espaço interno é um dos pontos fortes. Mesmo com o banco do motorista regulado para uma pessoa de 1,80 metro, sobra bom vão para as pernas dos passageiros de trás. As portas traseiras abrem em grande ângulo, mas a falta de alças de apoio no teto pode incomodar — tem sido frequente em carros com cortinas infláveis, que complicam sua instalação. Quem viaja ali dispõe de saída de ar-condicionado e entrada USB.
Acabamento usa plásticos simples, mas há bom espaço e muitas conveniências; Highline oferece instrumentos em quadro digital configurável e áudio com tela de 8 pol
O motorista acomoda-se bem no banco revestido de material sintético, simulando couro, e dispõe de ajustes do volante em altura e distância. A versão avaliada oferece luxos como o amplo teto solar, sistema de áudio Beats, chave presencial, porta-luvas refrigerado e, para quem não gosta — ou tem preguiça — de manobrar, assistência de estacionamento. O T-Cross tem adequado compartimento de bagagem, variável entre 373 e 420 litros conforme a posição do encosto traseiro (não há ajuste de assento, disponível no europeu), com fácil acesso pela tampa ampla. O estepe de uso emergencial usa pneu estreito de 16 pol, diferente dos outros.
O que mais chama atenção é a retomada de velocidade: as respostas rápidas e consistentes do motor fazem do T-Cross um SUV prazeroso para quem gosta de acelerar
Desempenho do 1,4 é destaque
Os motores e transmissões do T-Cross são bem conhecidos na linha Volkswagen nacional, os mesmos aplicados a Polo, Virtus e, no caso do 1,4, ao Golf. No Highline, a unidade de 150 cv com torque de 25,5 m.kgf lida com um peso de 1.292 kg, aerodinâmica menos eficiente que no Golf (Cx 0,364) e maior área frontal. Mesmo assim, o desempenho anunciado está entre os melhores da classe: aceleração de 0 a 100 km/h em 8,7 segundos e velocidade máxima de 198 km/h com gasolina ou álcool. A caixa automática de seis marchas oferece programas normal e esportivo, mudanças manuais (via alavanca ou comandos no volante) e controle de ponto-morto, para poupar combustível em paradas no trânsito.
A avaliação de imprensa foi realizada na região de Brumadinho, MG, na Serra da Rola Moça. Trata-se de uma estrada estreita, muito sinuosa e sem acostamento que alcança cerca de 1.000 m de altitude. O que mais chamou atenção foi a retomada de velocidade, sobretudo com a transmissão no modo esportivo. As respostas rápidas e consistentes do motor fazem do T-Cross um SUV prazeroso para quem gosta de acelerar. Embora com menos potência que Ecosport e Creta nas versões de 2,0 litros, o motor 250 TSI dispõe de torque superior e em regime mais baixo, além de não perder desempenho com a altitude. O desenho do banco ajuda a fixar o corpo nas curvas.
Motor de 150 cv, exclusivo da versão de topo, tem alto torque na faixa média; estabilidade e conforto de rodagem também convenceram na avaliação do T-Cross Highline
O Highline oferece ainda seletor de programas de condução, que afeta itens como resposta do acelerador e assistência elétrica de direção — Sport deixa a direção mais firme e a curva de resposta do pedal mais rápida. O modo mais econômico faz o motor trabalhar em rotação muito baixa. A 120 km/h constantes em sexta marcha são cerca de 2.200 rpm, mas ele pode ser levado a 6.500 em operação manual da caixa. Deve-se elogiar o trabalho de redução de ruídos e vibrações.
Outra boa impressão foi causada pelo conjunto de suspensão. A estabilidade transmite confiança e o carro tem um rodar confortável, que absorve bem e de forma silenciosa as irregularidades. Em um trecho com muitas lombadas, passamos direto sem ver uma delas e o T-Cross absorveu com naturalidade. Um pequeno trecho de terra (na verdade, minério de ferro) bem irregular ratificou sua vocação para entreter o motorista. Aproveitamos para conferir os freios a disco nas quatro rodas em terreno crítico, cheio de pedras soltas, e foi uma boa surpresa ver como ele consegue frear e desviar em uma condição de baixo atrito.
Pelo que revelou nesse primeiro contato, o T-Cross Highline tem tudo de que a Volkswagen precisava para competir no “andar de cima” dos SUVs compactos — de cima mesmo, pois o preço da versão pode chegar a R$ 126.490 com todos os opcionais. Ficamos na expectativa pelo 200 TSI de 1,0 litro, que deverá ser dirigido em evento separado antes que o carro chegue a nossas mãos para a avaliação completa.
Mais Avaliações
Versões, preços e equipamentos
• T-Cross 200 TSI manual (R$ 85 mil) – Alarme antifurto, ar-condicionado, assistente de saída em rampa, banco do passageiro dianteiro rebatível, banco traseiro com encosto bipartido, barras de teto, bloqueio eletrônico do diferencial, bolsas infláveis laterais nos bancos dianteiros e de cortina, cintos traseiros de 3 pontos (inclusive o central), computador de bordo, controle eletrônico de estabilidade e tração, faróis com temporizador, faróis de neblina com função de curvas, fixação Isofix para cadeira infantil, luzes de direção nos retrovisores, luzes de leitura dianteiras e traseiras, luzes diurnas e lanternas traseiras em leds, para-sóis com espelhos iluminados, retrovisores com ajuste elétrico, rodas de alumínio de 16 pol, sensores de estacionamento traseiros, sistema de áudio Media Plus com rádio/MP3, Bluetooth e entradas USB e SD, volante com ajuste de altura e distância e comandos.
• Opcional – Pacote Interactive I (câmera traseira de manobras, sensores de estacionamento dianteiros, sistema de áudio Composition Touch com tela de toque de 6,5 pol e integração a celular por Android Auto e Apple Car Play).
• T-Cross 200 TSI automático (R$ 94.490) – Como o manual, mais controlador de velocidade e sistema Composition Touch.
• Opcional – Pacote Interactive II (câmera traseira, rebatimento elétrico dos retrovisores, sensores de estacionamento dianteiros).
• T-Cross Comfortline 200 TSI (R$ 100 mil) – Como o 200 TSI automático, mais ar-condicionado automático, banco do motorista com ajuste lombar, câmera para manobras, monitor da pressão dos pneus, porta-luvas refrigerado, rodas de alumínio de 17 pol, sensores de estacionamento dianteiros, sistema de Frenagem Automática Pós-Colisão, volante com comandos de marchas.
• Opcionais – pacotes Design View (bancos em padrão couro e apliques na cor bronze), Exclusive & Interactive (chave presencial para acesso e partida do motor, rebatimento elétrico dos retrovisores, seletor de modos de condução, sistema de áudio Discover Media com tela de 8 pol), Premium (assistente de estacionamento, faróis de leds, sistema de áudio Beats) e Sky View II (faróis e limpador de para-brisa automáticos, retrovisor interno fotocrômico, teto solar panorâmico).
• T-Cross Highline 250 TSI (R$ 110 mil) – Como o Comfortline, mais bancos em padrão couro, chave presencial, detector de fadiga do motorista, faróis e limpador de para-brisa automáticos, motor de 1,4 litro, parada/partida automática do motor, retrovisor interno fotocrômico.
• Opcionais – pacotes First Edition I e II (quadro de instrumentos digital, rodas de 17 pol, seletor de modos de condução, sistema de áudio Beats com Discover Media, teto em preto), Innovation (quadro de instrumentos digital, seletor de modos, sistema Discover Media), Sky View (teto solar panorâmico) e Tech & Beats (assistente de estacionamento, faróis de leds, sistema de áudio Beats).
• Garantia – Três anos sem limite de quilometragem.
Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 4 em linha |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4, variação de tempo |
Diâmetro e curso | 74,5 x 80 mm |
Cilindrada | 1.395 cm³ |
Taxa de compressão | 10:1 |
Alimentação | injeção direta, turbocompressor, resfriador de ar |
Potência máxima (gas./álc.) | 150 cv a 5.000 rpm/150 cv de 4.500 a 6.000 rpm |
Torque máximo (gas./álc.) | 25,5 m.kgf de 1.500 a 3.800 rpm/de 1.500 a 4.000 rpm |
Transmissão | |
Tipo de caixa e marchas | automática, 6 |
Tração | dianteira |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a disco |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | eixo de torção, mola helicoidal |
Rodas | |
Dimensões | 6,5 x 17 pol |
Pneus | 205/55 R 17 |
Dimensões | |
Comprimento | 4,199 m |
Largura | 1,76 m |
Altura | 1,57 m |
Entre-eixos | 2,651 m |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 52 l |
Compartimento de bagagem | 373 a 420 l, conforme posição do encosto |
Peso em ordem de marcha | 1.292 kg |
Desempenho e consumo (gas./álc.) | |
Velocidade máxima | 198 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 8,7 s |
Consumo em cidade | 11,0/7,7 km/l |
Consumo em rodovia | 13,2/9,3 km/l |
Dados do fabricante; consumo conforme padrões do Inmetro |