Mil e uma utilidades: pelo controle no console usa-se a grande tela para
áudio, navegador, computador de bordo, estado do carro, suas
configurações, manual do proprietário e indicadores de potência e torque
De boa capacidade para um hatch de seu porte (360 litros), o compartimento de bagagem tem acesso puxando-se o emblema BMW, pode ser ampliado pelo rebatimento do encosto traseiro em três seções (40:20:40) e traz redes no assoalho e na lateral, cinta para garrafa e ganchos para sacola. Abaixo do assoalho não se encontra um estepe — o carro usa pneus do tipo roda-vazio —, mas sim a grande bateria de 80 Ah.
Quatro programas de uso
O seis-em-linha de 3,0 litros que impulsiona o M 135i é uma unidade conhecida, em amplo uso nas mais variadas linhas da BMW, neste caso ajustado para potência de 320 cv entre 5.800 e 6.400 rpm e torque de 45,9 m.kgf na ampla faixa entre 1.300 e 4.500 rpm. No Brasil ele vem associado de série a uma caixa de câmbio automática ZF de oito marchas (em outros mercados existe versão manual de seis marchas) para lidar com o peso de 1.445 kg, ou seja, relação de apenas 4,5 kg/cv.
Esportividade sem abrir mão da conveniência: o M 135i é vendido
no Brasil com cinco portas e tem bom porta-malas, 360 litros
O câmbio admite mudanças manuais de marcha tanto pela alavanca (subindo para trás e reduzindo para frente, padrão introduzido pela marca e hoje seguido por várias outras) quanto por aletas junto ao volante. A posição S da alavanca mantém a operação automática, mas aciona um programa esportivo que mantém o motor em rotações mais altas.
Os programas afetam a atuação do acelerador
e do câmbio automático, a assistência de direção,
sua relação e até a carga dos amortecedores
Em modo manual o câmbio opera de fato como manual: nada de reduções automáticas no fim de curso do acelerador, nada de trocas para cima por conta própria — o motor permanece a 7.300 rpm aguardando sua decisão. No entanto, como os bávaros costumam pensar em tudo, ninguém precisará tirar as mãos do volante em uma retomada de velocidade urgente: basta manter o pé a todo acelerador e acionar o comando esquerdo do volante, o que traz a caixa à marcha mais baixa possível.
Habitual em um BMW, o seletor de programas de condução tem quatro modos no M 135i: Eco-Pro, voltado à economia de combustível e redução de emissões; Comfort, que prioriza o conforto; Sport, para comportamento mais dinâmico; e Sport+, que em relação ao anterior coloca o controle eletrônico de estabilidade em modo mais permissivo quanto a pequenos desvios de trajetória.
Configuração clássica, motor moderno: o seis-em-linha de 3,0 litros esbanja
torque em baixa e “casa” bem com o câmbio automático de oito marchas
Além desse parâmetro, os programas afetam a curva de atuação do acelerador (mais rápida em Sport e Sport+), a operação automática do câmbio (tais modos colocam-na em programa esportivo), o sistema de parada/partida automática do motor (atua menos em Sport e Sport+), a assistência de direção (maior em Comfort e Eco-Pro), sua relação variável (fica mais rápida nos programas esportivos) e até a carga dos amortecedores com controle eletrônico (mais firmes em Sport e Sport+).
Ainda, em Eco-Pro o ar-condicionado trabalha com menor intensidade, o indicador de consumo instantâneo no painel torna-se um mostrador da potência consumida e o câmbio aciona o modo roda-livre: ao deixar de acelerar, o carro roda solto como em ponto-morto, desde que não esteja com o controlador de velocidade acionado. Basta tocar um dos pedais ou comandos de câmbio para que ele engrene novamente.
Em termos de plataforma esse é o conhecido Série 1, só que amplamente revisto. As suspensões — dianteira McPherson, traseira multibraço — são recalibradas e adotam nova geometria, as rodas de 18 pol usam pneus Pirelli PZero MO de medidas diversas entre frente (225/40) e traseira (245/35) e os freios adotam grandes discos.
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Desempenho e consumo
Embora os 320 cv não sejam expoentes diante de carros de mais de 500 cv que já passaram por aqui, o M 135i conquistou seu lugar entre os melhores desempenhos de nossos 17 anos de avaliações, incluindo o período de simulações anterior ao de medições práticas. Para conferir o potencial do esportivo estendemos as acelerações e retomadas além dos 120 km/h — e ele não decepcionou.
Depois de cumprir o 0-100 km/h em 5,2 segundos, o hatch passou pela marca de 400 metros em 12,6 s e em seguida alcançou 180 km/h em 13,9 s — ainda um tempo menor que o de 0-100 para muitos automóveis. Foi medido com e sem ativação do controle de arrancada, cujo uso não resultou em ganho perceptível (alguns dos melhores tempos considerados no cálculo da média foram sem o dispositivo).
Desativar o controle de tração leva os pneus traseiros a acentuada patinação, mesmo com o baixo estol da caixa automática, 2.200 rpm. As trocas automáticas para cima são feitas em rotação variável conforme a marcha, como 6.500 rpm em primeira e 7.000 da terceira em diante. O BMW mostrou-se muito vigoroso também nas retomadas. Iniciada a medição, bastava afundar o pé direito para o câmbio responder de imediato e o banco empurrar as costas, cumprindo em 6,1 s a prova de 80 a 150 km/h.
Ainda que economia não seja o objetivo de quem compra um carro como esse, o M 135i foi econômico no trajeto rodoviário (12,9 km/l), mérito das oito marchas e da eficiência geral do motor em condições de baixa solicitação. Nos trajetos urbanos o consumo foi mais alto, mas ainda aceitável para suas características.
Aceleração | |
0 a 80 km/h | 3,9 s |
0 a 100 km/h | 5,2 s |
0 a 120 km/h | 6,7 s |
0 a 150 km/h | 9,7 s |
0 a 180 km/h | 13,9 s |
0 a 400 m | 12,6 s |
Retomada | |
60 a 100 km/h (D) | 2,9 s |
60 a 120 km/h (D) | 4,3 s |
60 a 150 km/h (D) | 7,5 s |
80 a 120 km/h (D) | 3,1 s |
80 a 150 km/h (D) | 6,1 s |
Consumo | |
Trajeto leve em cidade | 9,9 km/l |
Trajeto exigente em cidade | 5,3 km/l |
Trajeto em rodovia | 12,9 km/l |
Autonomia | |
Trajeto leve em cidade | 463 km |
Trajeto exigente em cidade | 248 km |
Trajeto em rodovia | 604 km |
Testes efetuados com gasolina; conheça nossos métodos de medição |
Dados do fabricante
Velocidade máxima | 250 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 4,9 s |
Consumo em cidade | ND |
Consumo em rodovia | ND |
ND = não disponível |
Comentário técnico
• O motor do M 135i, de código N55, apareceu em 2009 no 535i Gran Turismo e hoje equipa grande parte dos modelos de automóveis e utilitários esporte da BMW. É produzido em três versões, uma com potência de 306 cv e torque de 40,8 m.kgf, outra com 320 cv e 45,9 m.kgf (a deste hatch) e uma com 340 cv e o mesmo torque, mas dotada de sobrepressão temporária do turbo para o levar a 50 m.kgf. Ao contrário de seu antecessor N54, que usava dois turbocompressores, o N55 tem uma só turbina de duplo fluxo — que a BMW chama de Twin Power Turbo, causando a impressão de ainda haver dois.
• O motor adota o sistema Valvetronic, que varia o levantamento das válvulas para determinar a quantidade de mistura ar-combustível admitida pelos cilindros. Isso dispensa a borboleta de aceleração, que causa perdas quando entreaberta. Também está presente o Double Vanos, que promove a variação do tempo de abertura das válvulas de admissão e escapamento.
• Acionar o Launch Control ou assistente de arrancada requer uma série de medidas. Deve-se rodar ao menos 10 quilômetros para aquecer a transmissão. Então desativa-se o controle de tração, coloca-se o câmbio em programa S, freia-se a pleno com o pé esquerdo e acelera-se até o fim, superando o batente próximo ao fim de curso. Se fez tudo certo, uma bandeira surge no painel — aguarde três segundos e libere os freios para obter a arrancada mais rápida que o M 135i pode proporcionar. Antes de novo uso, recomenda-se aguardar cinco minutos para a transmissão esfriar.
• O M 135i conta com a Variable Sports Steering ou direção esportiva variável, que varia não só a assistência conforme a velocidade, mas também a relação de transmissão entre volante e rodas. Em baixa velocidade a relação é mais baixa, ou direta, para manobras mais rápidas; em alta a relação torna-se maior, menos direta, para menor sensibilidade aos movimentos aplicados ao volante e maior estabilidade direcional.
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