Mesmo abrindo mão de certas peculiaridades, os franceses
conseguiram um sedã mais competitivo entre os médios
Texto: Fabrício Samahá – Fotos: divulgação
Tem novo sedã médio na praça: depois de seis anos, o Citroën C4 Pallas despede-se e chega o C4 Lounge, nome que sugere um espaço amplo e confortável. Como no modelo anterior, a fábrica francesa foi buscar no mercado chinês a solução para ocupar esse segmento do brasileiro, pois sua linha europeia não inclui um sedã desse porte. Apresentado aos orientais no ano passado, o Lounge deriva do C4 hatch de segunda geração (que apareceu em 2010 na França) e é fabricado em Palomar, na Argentina.
Não é por falta de opções que alguém deixará de comprar o novo Citroën: três versões de acabamento (que seguem as denominações estreadas pelo C3), dois motores e duas caixas de câmbio estarão disponíveis em pré-venda, a partir de 26 de agosto, com lançamento oficial em 22 de setembro. O C4 Lounge de entrada é o Origine, que vem apenas com câmbio manual de cinco marchas e o conhecido motor flexível de 2,0 litros e 16 válvulas, com potência de 143 cv com gasolina e 151 cv com álcool e torque de 20,2 e 21,7 m.kgf (na ordem). Custa R$ 60 mil.
Modificado nos para-choques em relação ao chinês, o C4 Lounge tem estilo atual e faz uso
de vincos marcantes; os faróis direcionais de xenônio são opcionais no Exclusive THP
Seus principais itens de série são bolsas infláveis frontais, rodas de alumínio de 16 pol com pneus 205/55, faróis e luz traseira de neblina, freios antitravamento (ABS) com distribuição eletrônica entre os eixos e reforço de assistência em emergências, leds para luz diurna, ar-condicionado com difusores para o banco traseiro, alarme com ultrassom, fixação Isofix para cadeiras infantis, banco traseiro bipartido, computador de bordo, rádio/CD com MP3 e interface Bluetooth para celular, controlador e limitador de velocidade, direção com assistência eletro-hidráulica, volante regulável em altura e distância com comandos de áudio, para-brisa com isolamento acústico e controle elétrico dos vidros, travas e retrovisores.
Quadro de instrumentos central e digital, volante de cubo fixo e difusor de perfume ficaram no passado: os Citroëns estão cada dia menos Citroëns
O Tendance usa o mesmo motor e acrescenta rodas de 17 pol com pneus 225/45, ar-condicionado automático de duas zonas de ajuste, sensores de estacionamento traseiros, faróis e limpador de para-brisa automáticos, temporizador de faróis e retrovisor interno fotocrômico. O preço é de R$ 62.490 com câmbio manual ou R$ 67 mil com o automático de seis marchas, dotado de modo manual com trocas pela alavanca e oferecido pela primeira vez com o motor de 2,0 litros (no Pallas eram apenas quatro marchas).
O Exclusive custa R$ 72.490, com motor e câmbio iguais aos do Tendance automático, e vem ainda com controle eletrônico de estabilidade e tração, bolsas infláveis laterais e de cortina, bancos e volante revestidos em couro, acesso ao interior e partida do motor (por botão) sem chave, para-sóis com espelhos iluminados e rebatimento elétrico dos retrovisores externos.
Três opções de acabamento, duas de motor e duas de câmbio formam um leque de
R$ 60 mil a R$ 81,3 mil, todo ele com bons conteúdos de série diante dos preços
O topo de linha é o Exclusive THP, equipado com motor turbocomprimido de 1,6 litro e 16 válvulas a gasolina com injeção direta, 165 cv e 24,5 m.kgf e o mesmo câmbio automático, ao preço de R$ 78 mil. Traz a mais que o Exclusive de 2,0 litros itens como monitor de pontos cegos (leds nos retrovisores externos alertam se houver veículo em faixa adjacente e atrás do C4), sensores de estacionamento dianteiros, câmera traseira para orientação de manobras e navegador por GPS em tela de sete polegadas no painel, além de rodas diferenciadas na mesma medida e ponteira dupla de escapamento. Um pacote opcional, com teto solar de controle elétrico e faróis com lâmpadas de xenônio em ambos os fachos e função autodirecional, leva a última versão a R$ 81.290.
A garantia é de três anos para toda a linha, sem limite de quilometragem, e estão disponíveis as cores branca (sólida ou perolizada), azul, prata, cinza, preta e vermelha (todas metálicas). A empresa espera vender 1.500 unidades ao mês.
Embora use a mesma plataforma do antigo C4 Pallas, com igual distância entre eixos de 2,71 metros, largura e altura semelhantes, o C4 Lounge é 15 centímetros mais curto (4,62 contra 4,77 m), o que o deixou com a sensação de porta-malas curto e rodas traseiras mais recuadas que é habitual na marca. O desenho não inova, mas tem detalhes originais como o vidro traseiro côncavo, a exemplo dos usados nos Citroëns C5 e C6, que permitiu adotar colunas mais inclinadas sem prejuízo do vão de acesso de bagagem.
No interior, painel semelhante ao do DS4, bom acabamento (com couro no Exclusive), opção
de navegador e uma novidade na categoria: monitor de pontos cegos com leds nos retrovisores
Ambos os para-choques foram redesenhados na versão argentina em comparação à chinesa, de modo que a grade frontal foi estendida até os faróis, mas ficou menor na parte inferior, e a faixa de leds para sinalização diurna ganhou forma de “L”; houve também uma revisão dos frisos cromados e do elemento em preto da traseira. De resto, o estilo recorre a vincos marcantes, como o da seção inferior das portas e o que contorna as rodas traseiras.
O interior segue o padrão do novo C4 hatch europeu, mas com diferenças em alguns comandos; os brasileiros perceberão a semelhança com o DS4, que chegou antes a nosso mercado. Peculiaridades do C4 Pallas como o quadro de instrumentos central e digital, o volante de cubo fixo e o difusor de perfume ficaram no passado — os Citroëns estão mesmo se tornando cada dia menos Citroëns —, mas o conjunto ainda transmite sensação de requinte e modernidade. Os mostradores agora vêm em três módulos, todos com indicações digitais por dentro para apresentar informações do computador de bordo, velocímetro digital e marcha em uso, entre outras.
O acabamento da versão Exclusive agrada, tanto pelo couro quanto pelos plásticos escolhidos, que são macios no painel e de bom aspecto em toda a cabine; há inserções que lembram a aparência do granito no painel e nas portas. O motorista encontra facilmente uma boa posição e tem ampla visibilidade. Na versão THP a iluminação dos instrumentos pode ser ajustada entre branco e tons de azul, como no DS4. Detalhes positivos: os comandos de vidros são todos um-toque, há entradas auxiliar e USB no sistema de áudio, o apoio de braço central pode ser regulado (sobe e avança um pouco) e, até que enfim, um botão no painel libera o acesso ao tanque de combustível sem se precisar dar a chave ao frentista.
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