O Bravo retomou o padrão de linhas curvas que o Stilo havia abandonado;
seu desenho esportivo combina com os adereços da versão Sporting
Concepção e estilo
Ao contrário de seus antecessores Stilo e 307, esses hatches demoraram a chegar ao mercado brasileiro: foram lançados na Europa em 2007, o que significa um atraso de três anos para o Bravo e de quase cinco para o 308 — tanto tempo que recebemos de uma vez a versão reestilizada do francês, pulando uma etapa. Enquanto o Peugeot representa evolução de estilo sobre o tema do carro anterior, com linhas um pouco mais esportivas, a Fiat optou pelo total rompimento de desenho ao trocar as formas retilíneas pelas arredondadas.
Se o 308 pode ter navegador com ampla tela retrátil, o do Bravo se resume a indicar a próxima conversão sem exibir mapa; poderia melhorar nos dois a inserção de endereços
E desenho é um ponto alto do Bravo (leia análise de estilo), que impressiona bem ao seguir modernas tendências, como o para-brisa amplo e bem inclinado, a linha de cintura ascendente em direção à traseira e a quinta porta compacta. O que incomoda muita gente é sua semelhança exagerada com o Punto e, no caso da frente, o Linea. No caso do 308, as linhas sugerem a inspiração em minivans, com para-brisa bem grande e avançado e perfil mais alto, embora essa ligação esteja bem mais discreta que no antecessor. Se hoje a frente tem a identidade da marca, não demorará a destoar do novo padrão do 208 e do 508 — mas é provável que sua adoção seja protelada para o sucessor do modelo.
O Peugeot brilha quando o assunto é coeficiente aerodinâmico (Cx), com índice de apenas 0,28, um dos melhores já vistos em hatches médios; no Fiat é bastante pior, com 0,33. Mesmo com área frontal pouco maior, o 308 acaba com resultado da multiplicação (que é o mais importante) bem mais favorável, 0,708 ante 0,818.
O 308 evolui o tema de estilo do 307, mas com perfil mais baixo e formas que
o distanciam mais de uma minivan; a versão local já nasceu reestilizada
Conforto e conveniência
Os dois modelos mostram bom desenho interno, com painel atual e de formas agradáveis, embora sóbrias. O revestimento dos bancos e do volante em couro impressiona bem e ambos usam materiais plásticos de bom aspecto, na média da categoria. No Bravo há uma caracterização esportiva discreta e de bom gosto, com linhas vermelhas nos encostos, costuras do couro no mesmo tom, iluminação avermelhada ao redor da alavanca de câmbio e um padrão quadriculado no painel.
Banco amplo, com densidade de espuma correta e apoios laterais bem presentes, e volante bem desenhado deixam o motorista em adequada acomodação nos dois modelos. Existem regulagens de altura do assento e de altura e distância do volante, os pedais estão em posição correta e há apoio bem definido para o pé esquerdo. Curiosa no 308 a alavanca de freio de estacionamento em forma de “Z”, que lembra a do antigo Honda Civic.
Semelhantes até na disposição dos instrumentos, os painéis oferecem as mesmas informações, o que inclui computador de bordo com duas medições e indicação de consumo em km/l. Nenhum é ideal em iluminação: no Fiat os mostradores ficam escuros em boa parte do dia, o que não se resolve nem acendendo luzes externas, apesar da escolha acertada do tom laranja para a luz; no Peugeot é o oposto, já que o fundo branco dos instrumentos se torna luminoso demais à noite e leva a uma redução pelo reostato.
O Fiat tem caracterização interna mais esportiva, mas não sobressai em
espaço; nos bancos bem desenhados o revestimento em couro é opcional
O 308 pode ter navegador por satélite com ampla tela retrátil de 7 pol, vantagem importante sobre o do Bravo (também opcional), que se resume a indicar a próxima conversão sem exibir mapa. Poderia melhorar nos dois a inserção de endereços; no Peugeot o sistema indicou conversões proibidas em mais de uma via de São Paulo. Sensores de estacionamento vêm atrás nos dois carros e também à frente no Bravo (como opção), mas só o 308 tem indicação gráfica dos obstáculos. A Fiat precisa rever o sistema: o alerta sonoro não cessa mesmo depois de parar o carro, passar ao ponto-morto e acionar o freio de estacionamento.
O Feline vem com ar-condicionado com controle automático e duas seleções de temperatura, o que o Sporting oferece como opção; os dois têm difusor de ar para o banco traseiro. Tetos especiais são de série em ambas as versões. O do 308 consiste em área envidraçada ininterrupta de 0,83 metro quadrado, que pode ser fechada por um forro de controle elétrico, mas não permite passagem de ar. No Bravo há um teto solar convencional (só que amplo) sobre os bancos dianteiros, que pode ser aberto ou basculado, e um vidro fixo sobre o assento traseiro, cada um com seu forro de acionamento manual. Nos dois modelos a filtragem de luz pelo forro é total, ideal para nosso clima, ao contrário de casos como o do Fiat 500.
Couro é de série no Peugeot, que também acomoda bem o motorista e os
passageiros e tem bom acabamento; a altura útil no banco traseiro é maior
Os sistemas de áudio contam com toca-CDs, função MP3, entrada USB (também auxiliar no Peugeot), interface Bluetooth para telefone celular (opcional no Bravo) e comandos no volante ou próximos dele. Embora o sistema Blue&Me do Fiat tenha funções adicionais como leitura de mensagens de texto e comandos por voz, a mesma porta USB serve aos mapas do navegador e a um pendrive com músicas, além de sua operação não ser prática ou intuitiva.
O aparelho de áudio não mostra informações das faixas — permanece a mensagem Media Player, cabendo tais indicações a um pequeno mostrador no painel — e não troca de faixas (devem-se usar os botões no volante) ou de pastas (deve ser feito pelo comando da voz, que nem sempre “nos entendeu”, e depende do mesmo mostrador com sua fonte tão pequena para a seleção). A sensação que fica é que a Fiat inovou há cinco anos com tal recurso no Punto e não o atualizou mais, deixando que a concorrência lidasse de maneira mais intuitiva com o pendrive. Como parte dessas limitações foi revista no Punto 2013, espera-se que o mesmo logo ocorra no Bravo.
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