Mostradores em “dois andares” tornaram-se marca registrada do Civic; couro
claro areja o interior; tela de 7 pol do navegador é sensível ao toque
Também exclusivo do Titanium é o comando de voz para funções de áudio, telefone, ar-condicionado e navegação. Funciona bem, mas com algumas ressalvas, como a necessidade de dizer “controle climático” para ordenar uma nova temperatura: não aceita “ar-condicionado”, “temperatura” ou outro termo mais usual. Mesmo habituado, é provável que o motorista ainda leve mais tempo para dar o comando que para o acionamento manual.
Os quatro vêm com navegador por satélite, em tela de cinco polegadas no Fluence, oito no Focus e sete nos outros. As inserções mais práticas são as do Honda, por toques, e do Ford, que associa esse modo (prejudicado pela tela algo distante da mão) ao comando por voz: pode-se falar a cidade e o endereço, embora o sistema não nos tenha entendido bem no teste, acabando por pedir que soletrássemos. O Renault usa controle remoto e o Citroën requer a escolha de cada letra do endereço girando e apertando um botão no painel, a solução menos funcional. Neste último a inclinação da tela permite grande incidência solar no meio do dia, com prejuízo à leitura.
Controlador de velocidade está em todos eles; falta ao Civic o limitador, que impede superar a velocidade programada qualquer que seja o uso do acelerador. O C4 acrescenta um alerta regulável para excesso; no Fluence, o navegador aponta a posição de radares na via e avisa caso se supere o limite armazenado. Como curiosidade, no Lounge avaliado apareciam um ajuste e a confirmação visual de controlador da distância à frente — item não disponível no carro. O comutador de farol alto/baixo tem diferentes arranjos: no C4, só de puxar; no Civic e no Fluence, empurrar para o facho alto e puxar para o baixo; e no Focus, empurrar para o alto e qualquer dos movimentos para o baixo — o terceiro, e o melhor, arranjo usado no modelo desde a primeira geração.
Costuras vermelhas conferem ar esportivo ao Fluence GT; navegador usa controle
remoto; espaço para pernas e ombros no banco traseiro é o maior dos quatro
Há detalhes que sobressaem em um ou outro modelo. O C4 Lounge traz extensão do ar-condicionado para o porta-luvas, ideal para manter bebidas frescas e chocolates íntegros em viagens (deveria estar em todos eles), e alça de teto também para o motorista (útil para apoio de um condutor mais pesado, por exemplo). Só o Fluence tem maçanetas internas cromadas (que refletem luz e ficam mais fáceis de encontrar à noite) e acendedor de cigarros; como o Focus, vem com porta-óculos de teto. Apenas neste último existe monitor de pressão dos pneus.
O Focus é o único a oferecer assistente de estacionamento, que assume o controle do volante e orienta as operações para colocar o carro e tirá-lo
Embora todos venham com alarme antifurto, Citroën e Ford incluem proteção do interior por ultrassom. Luzes de leitura dianteiras vêm nos quatro carros; traseiras, só no Renault. Os limpadores de para-brisa são eficientes, mas o do Renault poderia usar braços em sentidos opostos, como nos adversários, ideais para os vidros de grande extensão longitudinal dos carros de hoje. O Honda é o único sem rebatimento elétrico dos retrovisores externos, limpador de para-brisa automático (embora permita ajuste manual do intervalo entre varridas) e retrovisor interno fotocrômico.
Como registro, a nova geração do Focus abandonou o destravamento do capô pela chave, adotado já na primeira com fins de segurança (tanto por impedir a partida enquanto alguém trabalhasse junto ao motor quanto por dificultar, em caso de tentativa de furto, o desligamento de cabos da bateria para calar o alarme) e que se tornou inconveniente na segunda, quando foi adotada chave presencial: nela, abrir o capô exigia destacar a pequena chave serrilhada de dentro do chaveiro. Agora basta acionar a alavanca sob o painel, como em qualquer automóvel.
Velocímetros digitais equipam C4 Lounge (no local onde a foto mostra dados do
computador), Civic e Fluence, este em combinação discutível ao restante
Todos eles têm teto solar de vidro com controle elétrico, volante revestido em couro, acendimento automático dos faróis, espelho iluminado nos para-sóis, indicação específica de qual porta está mal fechada, apoios de braços na frente e atrás, porta-copos no console, alerta para cinto desatado, mostrador de temperatura externa, tampa do tanque de combustível com comando interno ou liberação automática, bolsas para revistas nos encostos dianteiros e espaço adequado para objetos no console central.
Alguns pontos requerem atenção dos fabricantes. Com exceção do Civic, falta-lhes a faixa degradê no para-brisa (a pior situação é a do C4, no qual a região serigrafada não chega a tapar o sol acima do retrovisor interno). O Focus tem as luzes de leitura dianteiras muito recuadas nas laterais, de modo que a cabeça dos ocupantes pode lhes fazer sombra — por que inventar moda com algo definido há décadas? No Fluence o limpador de para-brisa varre o vidro sujo pouco antes de esguichar água.
No Civic o controle elétrico de vidros tem um comando de travamento burro, padrão em carros de marcas japonesas, que bloqueia as janelas de todos os passageiros ao mesmo tempo — qual a razão de impedir o próprio motorista de abrir os demais vidros ou de inibir o comando da porta do passageiro adulto a seu lado? Nele e no C4, abrir o porta-malas requer uso da chave ou do comando interno: seria ideal poder acionar uma maçaneta na própria tampa, como nos concorrentes. No Lounge poderia ser aliviado o comando de acelerador, tão duro que chega a fazer o carro parecer mais lento.
Houve redução importante de capacidade de bagagem no C4 Lounge e no Focus em
relação aos antecessores; o do Fluence é o maior do grupo por boa margem
Em que pese a proximidade das dimensões externas e a aptidão para levar quatro adultos de estatura média, os carros não são iguais em espaço interno. O Focus é mais compacto para quem viaja na frente. No banco traseiro destaca-se o Fluence, tanto em largura quanto em acomodação das pernas, este um ponto negativo do Ford. Outra área crítica é o espaço para cabeças no Civic, pela queda rápida do teto, que afeta até mesmo o acesso ao banco traseiro. Desconforto em comum é o do eventual passageiro central, que sofre com um encosto muito duro, em especial no C4 Lounge, além de deslocar seus colegas ao lado para regiões do banco não conformadas para esse fim.
O Fluence sobressai em capacidade de bagagem, 530 litros, ante 450 do C4 Lounge, 449 do Civic e apenas 421 do Focus. Houve redução acentuada no Citroën e — sobretudo — no Focus nesta nova geração, em parte pela adesão à progressiva extinção das articulações pantográficas: ambos as perderam, assim como o Renault em relação ao antecessor Mégane, e o Civic nunca as teve. O resultado é que os braços convencionais ocupam um espaço que seria da bagagem e, com exceção do Citroën (com espaço reservado para eles), podem amassá-la ao fechar a tampa.
Pode-se ampliar a capacidade em todos eles pelo rebatimento do banco bipartido em 60:40; no Focus e no Fluence a divisão inclui o assento, como é ideal. Nenhum dos estepes é integral: Civic e Focus usam o tipo temporário, bem estreito, e os demais ficam na solução intermediária com pneu de medida diferente dos outros (16 pol no C4 e 15 no Fluence, sendo 17 o aro de serviço em ambos). Todos o armazenam no assoalho do compartimento.