O Sentra (fotos à esquerda) partiu para um estilo mais tradicional na nova
geração, ao passo que o Corolla buscou formas joviais e esportivas
Concepção e estilo
Esses são nomes tradicionais dentro de cada marca. O Corolla surgiu em 1966, com dimensões bem menores que as atuais e tração traseira, e passou por grandes transformações até chegar à atual décima primeira geração, lançada no ano passado na Europa e agora no Brasil. Este é o quarto Corolla com produção nacional, seguindo-se aos apresentados em 1998, 2002 e 2008. O modelo feito nos Estados Unidos é dessa vez diferente do nosso, ao contrário das duas gerações anteriores; já os japoneses têm um Corolla mais estreito e de estilo mais conservador.
Mais recente, o Sentra foi apresentado em 1981 como Nissan Sunny, modelo que recebia o novo nome em mercados de exportação como os EUA. Ao contrário do concorrente, já usava tração dianteira. A quinta geração foi a primeira com importação oficial para o Brasil, em 2004, e a atual sétima apareceu em 2012 no exterior. O carro vendido aqui vem do México.
Ambos os modelos adotam desenhos bem diversos de suas gerações passadas, mas a Toyota preservou mais elementos visuais para identificação — a Nissan abriu mão de certa inspiração nos Cadillacs recentes, do Sentra anterior, em favor da semelhança ao modelo maior Altima. Enquanto o Corolla buscou ar mais dinâmico e esportivo que o do antigo, obtido tanto pelas formas angulosas quanto pelo aumento de 10 centímetros na distância entre eixos, o Sentra optou pelo caminho oposto e ganhou aspecto tradicional. Cada um a seu estilo, são dois modelos capazes de agradar a um amplo perfil de público, mas nenhum pode ser considerado brilhante em estilo.
São nomes longevos em suas marcas: a Toyota usa-o desde 1966 e já lançou 11
gerações; a Nissan empregou-o pela primeira vez em 1981 e chega à sétima
O coeficiente aerodinâmico (Cx) do Sentra, antes um tanto alto para um sedã médio (0,34), baixou bastante no novo modelo para 0,29, com o que superou o Corolla (0,30 no Brasil, embora no exterior seja de apenas 0,27). Os vãos entre painéis de carroceria denotam boa qualidade de construção, embora o Nissan desagrade nos pontos em curva do capô.
O Sentra tem mais equipamentos de conveniência,
como ar-condicionado com duas zonas,
chave presencial e teto solar com controle elétrico
Conforto e conveniência
A Toyota buscou ousadia no desenho interno do novo Corolla e chegou a um resultado discutível: o painel de linhas retas parece-nos muito alto e volumoso, além de faltar fluidez em seu encontro aos painéis de porta, também retilíneos — talvez brutos — nos puxadores. A nosso ver o aspecto do Sentra é mais agradável, com linhas suaves e a sensação de menor obstrução à frente dos ocupantes. A ligação entre painel e portas só não é impecável por serem usados apliques em diferentes padrões entre uma peça e outra, o que a fábrica poderia rever.
Quanto a materiais de acabamento eles se equivalem, com couro de bom aspecto no revestimento dos bancos e predomínio de plásticos rígidos, mas corretos quanto a aparência e montagem. Pode ser questão de gosto, mas a nosso ver o couro cinza do Corolla é preferível ao preto do Nissan, que se aquece mais sob incidência do sol. Contudo, alguns itens do Toyota incomodam pela aparência simples ou ultrapassada, como relógio do painel, comandos do controlador de velocidade, alavanca de freio de estacionamento e, sobretudo, os puxadores metálicos no assoalho que abrem as tampas do tanque e do porta-malas. Todos parecem herdados de várias gerações do modelo e concorrem para depreciar o conjunto.
No interior bem desenhado e funcional do Sentra estão instrumentos fáceis de ler e
bons materiais de acabamento; o espaço traseiro é ponto positivo em ambos
O motorista de ambos os carros dispõe de banco bem conformado e encontra posição confortável com facilidade, com pedais bem posicionados, apoio correto para o pé esquerdo e volante de três raios regulável em altura e distância, embora esta última no Corolla o deixe mais distante do que seria ideal; seu volante fica também um pouco enviesado (mais próximo do braço direito), sem chegar a incomodar. Nos dois modelos a reclinação do encosto segue o sistema de alavanca e não há regulagem de altura para o banco do passageiro.
Os quadros de instrumentos fornecem as mesmas informações, incluindo computador de bordo com indicação de consumo em nosso padrão (km/l), mostrador gráfico de consumo instantâneo e outro do mesmo tipo que indica se a condução está favorável à economia; no Corolla, acende-se ainda a inscrição Eco nessa condição. A boa iluminação vem em branco no Sentra e em azul claro no oponente.
Telas sensíveis ao toque de 6,1 polegadas (Toyota) e 5,8 pol (Nissan) no centro do painel servem à seleção e a informações dos sistemas de áudio, navegação e telefonia pela interface Bluetooth, além das imagens da câmera traseira acionada em marcha à ré. O sistema do Sentra mostra-se mais fácil de operar por ter mais botões físicos de comando, sem exigir tanto uso de menus que tomam atenção por mais tempo — aspecto que deveria ser prioridade em automóveis, mas não recebe atenção de algumas marcas. Vantagem do Corolla é a exibição de televisão digital e vídeo de DVD, cujas imagens desaparecem ao rodar, como requer a legislação.
O painel alto pode desagradar no Corolla; como no oponente, o acabamento
é de boa qualidade e o painel traz indicador de consumo instantâneo
A reprodução de áudio obtém boa qualidade nos dois automóveis, com destaque para a sensação de palco do Sentra, mas os alto-falantes distorcem os sons graves se mais exigidos. Entradas USB e auxiliar equipam ambos; o Nissan traz ainda uma para cartão de memória SD, que fica ocupada pelos mapas do navegador.
O Sentra tem mais equipamentos de conveniência, como ar-condicionado com duas zonas de ajuste de temperatura, chave presencial que pode ser mantida no bolso para destravamento de portas (incluindo o porta-malas) e partida do motor, acendimento automático dos faróis, teto solar com controle elétrico, para-sóis com espelho iluminado e extensão (para melhor cobertura quando o sol vem pela lateral), porta-óculos de teto e sensores de estacionamento na traseira (no Corolla precisa-se usar a referência visual da câmera, sem auxílio sonoro). Traz ainda rebatimento elétrico dos retrovisores (o Toyota antigo oferecia), porta-luvas com tranca, maçanetas internas cromadas (fáceis de localizar à noite; são de plástico fosco no oponente), bússola digital e regulagem do intervalo do limpador de para-brisa.
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