Atualizado com o europeu, modelo 2014 oferece mais opções e
revela bom desempenho com os motores de 1,5 e 1,6 litro
Texto: Fabrício Samahá e Paulo de Araújo – Fotos: divulgação
Depois de apenas um ano e meio sendo importado do México, o Ford Fiesta hatch de nova geração já passa por uma reestilização e ganha produção nacional — não em Camaçari, BA, como o modelo antigo, mas em São Bernardo do Campo, SP. Embora corresponda ao modelo lançado na Europa há cinco anos, o carro traz o desenho frontal que o Velho Continente recebeu no fim do ano passado, com apresentação no Salão de Paris, em setembro, e que a versão mexicana ainda nem adotou — com isso a renovação do modelo sedã, que continuará importado, ficou para o próximo mês.
O Fiesta hatch mexicano estava disponível aqui em uma só versão, a SE, com motor Sigma de 1,6 litro e 16 válvulas e três níveis de equipamentos. O nacional amplia bastante essa gama ao oferecer três versões de acabamento e dois motores (entra o Sigma 1,5, também de 16 válvulas), além da opção de câmbio automatizado Powershift de dupla embreagem, que sempre existiu na versão feita no México. A linha mais ampla permitiu tornar o carro mais acessível, suprindo uma carência na linha Ford, pois o modelo anterior já acumula 11 anos de produção.
A versão de entrada S com motor 1,5, ao preço sugerido de R$ 39 mil, tem equipamentos de série como bolsas infláveis frontais, freios com sistema antitravamento (ABS) e distribuição eletrônica de força entre os eixos (EBD), fixação Isofix para cadeiras infantis, ar-condicionado, direção com assistência elétrica, controle elétrico dos vidros dianteiros, das travas e dos retrovisores, alarme com ultrassom e sistema de áudio MyConnection dotado de toca-CDs/MP3, conexão USB e interface Bluetooth. As rodas de 15 pol são de aço.
A nova frente segue o padrão de outros Fords e foi lançada em setembro na Europa;
no restante da carroceria foi mantido o desenho, ainda moderno, de 2008
A versão SE passa a ser intermediária e perde alguns opcionais, agora restritos à opção de topo Titanium. Com motor de 1,5 litro, custa R$ 42.490 e vem com os conteúdos da S acrescidos de rodas de alumínio, faróis de neblina e acabamento interno diferenciado. Como no EcoSport, a diferença de preço nos parece exagerada para o que a versão traz a mais. Quando equipado com o motor 1,6, o SE tem ainda controle eletrônico de estabilidade e tração, assistente de partida em rampa, ar-condicionado com controle automático, comando elétrico dos quatro vidros com abertura e fechamento a distância e sistema Sync com operação por voz e controles no volante. Sai por R$ 45.490 com câmbio manual e R$ 49 mil com o automatizado Powershift.
Bolsas infláveis frontais agora são de série em toda a linha e o controle de estabilidade está presente em um carro R$ 2.300 mais barato que na versão mexicana
O inédito Titanium — que acompanha a designação das versões de topo de EcoSport, Focus e Fusion — custa R$ 51.490 com caixa manual e R$ 55 mil com Powershift. Além dos itens do SE 1,6, vem com bolsas infláveis laterais nos bancos dianteiros, cortinas laterais e bolsas para os joelhos do motorista, rodas de alumínio de 16 pol, revestimento em couro para bancos e volante, controlador de velocidade, faróis e limpador de para-brisa com acionamento automático, sensores de estacionamento na traseira e retrovisor interno fotocrômico. A garantia é de três anos em toda a linha.
Comparado em conteúdo ao mexicano, o Fiesta nacional apresenta vantagens. Oferece a versão de entrada — simplificada, é verdade — por quase R$ 6.400 a menos; traz bolsas infláveis frontais de série, enquanto antes elas só vinham a partir da versão de R$ 47.790; e o controle de estabilidade, que equipava a mesma opção, agora está presente em um carro R$ 2.300 mais barato. Já o novo Titanium tem mais itens de conveniência, mas perdeu alguns de segurança, em relação ao antigo SE completo de preço quase igual.
Em vez de uma, agora são três versões, que cobrem a faixa de R$ 39 mil a R$ 55 mil;
tanto a SE (azul) quanto a Titanium podem ter câmbio Powershift com motor 1,6
A nova frente deixou o Fiesta mais parecido com o novo Fusion ou o Focus de terceira geração, que chega ao Brasil ainda este ano. O que mais chama a atenção é a ampla grade com frisos horizontais, mas também mudaram faróis, capô e para-choque. Este agora pode ter faróis de neblina, não oferecidos antes, mas perderam as fileiras de leds para luz diurna no mesmo local. Nas laterais e na traseira as alterações são quase imperceptíveis — uma delas é o rebaixo para a placa de licença com perfil mais baixo, por não precisar mais acomodar as placas altas usadas nos Estados Unidos, mercado-alvo da versão mexicana. Estranha-se no Titanium o excesso de logotipos e a forma pouco organizada como foram aplicados. O Cx é de 0,33.
Por dentro a Ford promoveu mudanças como o material plástico da parte superior do painel (antes macio, agora rígido), o desenho do volante e a grafia e a iluminação dos instrumentos, esta em tom azul claro. Fato curioso é ainda haver a graduação adicional do velocímetro em milhas por hora, agora que o carro não tem mais relação com os EUA — seria para dar um charme de importado?
Foi abolida a cor prata da região central do painel, que podia causar reflexo do sol em certas condições: agora vem em preto fosco ou, no caso do Titanium, preto brilhante. Mudou ainda o rádio para as duas versões mais simples, que vem sem mostrador elevado e tem aspecto um tanto pobre comparado ao da opção de topo. Permanecem os painéis de porta em plástico áspero, em desacordo com a faixa de preços do carro (amenizado no Titanium por um aplique de vinil), e as maçanetas de uma simplicidade franciscana. E quanto custaria à Ford um aplique em tom prata nos raios do volante do S e do SE para evitar a sensação de “tudo preto”, salvo pelas maçanetas e a área dos comandos de ventilação?
No interior mudaram volante, instrumentos e alguns materiais, como o painel agora
rígido; o sistema Sync foi mantido e o Titanium vem com ar-condicionado automático;
o porta-malas perdeu um pouco de espaço com a adoção de estepe normal
O sistema Sync, já oferecido antes, foi desenvolvido em parceria com a Microsoft e permite o uso do telefone celular por interface Bluetooth, seja para efetuar chamadas, seja para pronunciar mensagens de texto ou tocar músicas. Há ainda conexões USB e para Ipod. Um novo recurso é a chave programável My Key, até então limitada a modelos de topo da marca como o Fusion. Com ela é possível limitar a velocidade do carro e o volume do sistema de áudio, entre outras funções, com vistas ao empréstimo do veículo a um filho jovem, por exemplo. O banco traseiro, porém, deixou de ser bipartido e perdeu o cinto de três pontos e o encosto de cabeça para o passageiro central, mesmo no Titanium.
No restante é o mesmo Fiesta já conhecido: posição de dirigir agradável e com amplas regulagens, espaço no banco traseiro bastante limitado e compartimento de bagagem adequado à categoria, de 281 litros — houve discreta redução para o mexicano, que levava 290, porque o estepe deixou de ser temporário. A Ford perdeu a oportunidade de aplicar faixa degradê ao para-brisa, essencial em um carro com o vidro tão inclinado, e aboliu a polêmica solução do miniespelho convexo nos retrovisores externos. Repetidores laterais de luzes de direção continuam presentes nos espelhos.
Próxima parte