Interior bem-acabado tem bons bancos e muitos itens de conveniência; apesar do espaço adequado, passageiros de trás têm acesso incômodo
Outro aspecto de evidente evolução no novo Civic é a calibração de suspensão. Quem dirigiu a geração anterior (lançada em 2012) lembra-se da grande transmissão de asperezas e impactos do piso, incompatível com um carro de sua categoria. Ao mesmo tempo, para evitar as respostas algo bruscas do volante do modelo de 2006, a Honda havia adotado uma direção bem menos direta, o que tirou sua sensação de esportividade.
A câmera que envia imagens coloridas do lado direito para a tela do painel é o retrovisor do futuro, com campo visual muito maior que o de um espelho
Dessa vez a fábrica obteve o melhor de dois mundos. Firme e bem controlada pelos amortecedores, a suspensão garante estabilidade das melhores da classe: o Touring pode ser “atirado” nas curvas com reações quase neutras, para o que contribui o sistema de vetorização de torque, comum às demais versões. A sensação de equilíbrio é tal que ele provavelmente ficaria ainda melhor com pneu mais aderente que o atual Bridgestone Turanza ER33, o mesmo do restante da linha.
Por outro lado, o rodar do Civic está confortável em boa medida e a absorção de irregularidades chegou ao patamar de excelência — o Touring é ainda melhor que os outros pelo uso de buchas hidráulicas na suspensão traseira. Com relação variável, a direção consegue ser bastante rápida em curvas e contornos de esquina sem surpreender em alta velocidade: está no ponto exato de relação e assistência.
Quadro digital ganha manômetro de turbo; câmera sob retrovisor mostra faixas à direita; áudio e navegação em tela de 7 pol; acesso e partida com chave presencial; ajuste elétrico do banco; freio elétrico e retenção; vidros abrem e fecham a distância
Câmera direita é muito prática
Ao lado das conveniências que ele acrescenta ao EXL, o Civic Touring impressiona bem pelos leds nos faróis principais (ambos os fachos) e de neblina, que se somam aos das luzes diurnas e de direção dianteiras e das lanternas traseiras: o aspecto futurista do conjunto quando aceso combina com o desenho ousado da carroceria, mais para fastback que para sedã. A versão é identificada também pelo logotipo Turbo na tampa traseira e as saídas dos dois silenciadores de escapamento.
O interior bem-acabado corresponde a essa imagem, seja no quadro digital do painel (que ganha marcador de pressão de turbo na versão), seja no sistema de áudio com integração a celular (Apple Car Play e Android Auto), tela tátil de 7 pol, entrada HDMI e ótima qualidade de som. O motorista acomoda-se muito bem, apesar do apoio lombar não ajustável, e há bons detalhes como função um-toque para todos os controles de vidros, abertura e fechamento de vidros e teto solar a distância, freio de estacionamento com comando elétrico e retenção automática, retrovisores com rebatimento elétrico e câmera traseira com três ângulos de visualização.
A Lane Watch, já conhecida do Accord, é uma atração à parte. Montada sob o retrovisor direito, a câmera envia imagens coloridas para a tela central do painel sempre que se aciona a luz de direção à direita (pode também ser ligada pela alavanca esquerda da coluna de direção). O retrovisor do futuro será assim: campo visual muito maior que o de um espelho (80° contra 20°, segundo a Honda), imagem bem mais próxima dos olhos (tanto quanto o retrovisor esquerdo) e luminosidade adequada mesmo à noite e com película nos vidros.
Atraente, bem-equipado e com grande acerto mecânico, o Touring deixa a pergunta: vale pagar R$ 124.900 por um Civic?
Para ficar melhor, o Touring poderia ter controlador de distância à frente, monitor de veículos em pontos cegos nas laterais, botões físicos no sistema de áudio e em mais funções do ar-condicionado (precisa-se usar a tela do rádio para algumas delas), alarme volumétrico (ultrassom) e limitador de velocidade. Além disso, o banco traseiro é limitado em altura útil e o perfil do teto traz desconforto ao entrar e sair. Uma pena, pois o espaço longitudinal e transversal é muito bom, assim como a capacidade de bagagem de 519 litros.
No conjunto, o Civic Touring agrada como poucos sedãs da categoria: é rápido, eficiente em consumo, muito bem acertado em termos dinâmicos, bonito por fora e por dentro e repleto de conteúdos de segurança e conveniência. Sem dúvidas, um daqueles carros em que deixar o volante ao chegar ao destino é a parte mais chata da viagem. Mas vale R$ 124.900?
Nossa resposta seria positiva em comparação ao Jetta Highline 2,0 turbo, que chega a R$ 131 mil com os opcionais necessários para ficar em equilíbrio de equipamentos. O Honda anda quase tão bem quanto ele e é mais atual sob vários aspectos. Por outro lado, o Focus Fastback Titanium Plus custa menos (R$ 109.400), tem desempenho similar em alta rotação (perde em baixa) e chega a superá-lo em equipamentos, caso do assistente de estacionamento e da frenagem automática para evitar colisões.
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Comentário técnico
• O motor do Touring, parte de uma recém-lançada família da Honda, combina injeção direta, variação de tempo de abertura das válvulas e controle eletrônico da válvula de alívio. O comando de válvulas é duplo, solução não habitual na marca, e continua acionado por corrente; o turbo tem uma só voluta (não é de duplo fluxo como o do motor PSA 1,6); e sódio preenche as válvulas de escapamento para melhor dissipação de calor. A relação r/l, 0,318, fica acima do patamar ideal.
• O novo Civic adota uma plataforma inédita, também aplicada à nova geração do CR-V e à próxima do Accord, com rigidez torcional 25% maior, carroceria 22 kg mais leve que a antiga e centro de gravidade 17 mm mais baixo. As suspensões ganharam buchas hidráulicas (preenchidas por fluido) na dianteira de toda a linha e na traseira do Touring, o que melhora a absorção de vibrações e impactos sem a perda de precisão de respostas que se teria com borracha muito macia. O conceito da traseira mudou: antes havia dois braços sobrepostos e um arrastado por roda; agora é um típico sistema multibraço, com quatro braços por lado e montado em subchassi.
• A caixa de direção com relação variável, um sistema mecânico que a deixa mais rápida quando se esterça mais, foi a solução encontrada para obter o melhor atributo de cada geração anterior. Agora bastam 2,2 voltas do volante entre os batentes (3,1 no anterior, geração 9), mas próxima do centro a direção é mais lenta a fim de evitar mudanças bruscas em velocidade, este um ponto criticado na geração 8.
Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 4 em linha |
Material do bloco/cabeçote | alumínio |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4, variação de tempo |
Diâmetro e curso | 73 x 89,5 mm |
Cilindrada | 1.498 cm³ |
Taxa de compressão | 10,6:1 |
Alimentação | injeção direta, turbocompressor, resfriador de ar |
Potência máxima | 173 cv a 5.500 rpm |
Torque máximo | 22,4 m.kgf de 1.700 a 5.500 rpm |
Potência específica | 115,5 cv/l |
Transmissão | |
Tipo de caixa e marchas | automática de variação contínua, simulação de 7 marchas |
Relações | variação ente 2,65 e 0,41 |
Velocidade por 1.000 rpm | variação entre 10 e 62 km/h |
Relação de diferencial | 4,81 |
Regime a 120 km/h | 1.950 rpm |
Regime à velocidade máxima informada | ND |
Tração | dianteira |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado (282 mm ø) |
Traseiros | a disco (260 mm ø) |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica |
Diâmetro de giro | 11,2 m |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | independente, multibraço, mola helicoidal |
Estabilizador(es) | dianteiro e traseiro |
Rodas | |
Dimensões | 7 x 17 pol |
Pneus | 215/50 R 17 V |
Dimensões | |
Comprimento | 4,637 m |
Largura | 1,798 m |
Altura | 1,433 m |
Entre-eixos | 2,70 m |
Bitola dianteira | 1,543 m |
Bitola traseira | 1,557 m |
Coeficiente aerodinâmico (Cx) | ND |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 56 l |
Compartimento de bagagem | 519 l |
Peso em ordem de marcha | 1.326 kg |
Relação peso-potência | 7,7 kg/cv |
Garantia | |
Prazo | 3 anos sem limite de quilometragem |
Carro avaliado | |
Ano-modelo | 2017 |
Pneus | Bridgestone Turanza ER33 |
Quilometragem inicial | 12.000 km |
Dados do fabricante; ND = não disponível |