Comportamento dinâmico é ponto alto do cupê esportivo, que fica para trás do sedã Touring de 0 a 100 km/h
Texto e fotos: Fabrício Samahá
Entre 2007 e 2011, o Honda Civic Si foi o mais esportivo dos sedãs fabricados no Brasil. Na geração seguinte ele deu lugar a um cupê importado do Canadá e, no ano passado, a Honda nos trouxe seu sucessor da mesma origem. Trata-se do primeiro Si na história com motor turbo, o mesmo de 1,5 litro da versão Touring, mas com potência elevada para 208 cv. Quais suas chances de merecer a garagem de quem busca um carro esportivo? Fomos conferir na avaliação 10 Chances do Si, que oferece apenas transmissão manual de seis marchas e tem preço sugerido de R$ 162.900.
Estilo
Se o Si nacional tinha apenas acessórios aplicados ao Civic de quatro portas, hoje é diferente: o esportivo deriva do cupê, que tem desenho próprio e quase nada compartilha com o sedã em termos de carroceria. Duas portas, grandes tomadas de ar, aerofólio destacado, a queda rápida do teto, saída central de escapamento e rodas de 18 polegadas garantem um ar moderno e coerente com a proposta. 1 ponto
O cupê Si tem desenho diferente dos Civics nacionais; aerofólio destacado e rodas de 18 pol conferem ar esportivo; faróis de leds foram adotados para o Brasil
Acabamento e conveniência
O ambiente interno ousado do Civic prestou-se bem a esta versão, que recebe bancos revestidos em um tecido algo simples. Ele tem bom acabamento e muitas conveniências (veja quadro de equipamentos abaixo), que incluem a câmera Lane Watch para acompanhar no painel o que se passa à direita do carro, abertura e fechamento de vidros comandados a distância, freio de estacionamento elétrico e teto solar. A central de áudio tem tela de 7 pol, conexão HDMI, integração a celular por Android Auto e Apple Car Play e alto-falante de subgraves. É ótima a qualidade sonora, mas deveria haver botões físicos. Faltam faixa degradê no para-brisa e sensores de estacionamento, itens que o Touring tem. 1 ponto
Posto do motorista
A cabine impõe uma posição de dirigir baixa, tipicamente esportiva, em banco bem definido e com intensos apoios laterais. Poderia haver regulagem de apoio lombar. O Si tem instrumentos bem legíveis, parte deles digital, e informa também forças g, pressão de turbo, percentual de uso do acelerador e dos freios (o indicador de potência em uso do antecessor foi abolido) e momento para troca de marcha com sequência de luzes piscantes. Os faróis são ótimos, com leds em ambos os fachos, adotados para o mercado brasileiro, e há unidades de neblina à frente e atrás e repetidores laterais das luzes de direção. Contudo, a visão dianteira é algo prejudicada pelas colunas e a traseira ainda mais. 1 ponto
Bancos dianteiros oferecem ótimo apoio lateral, mas poderiam ter ajuste lombar; painel é similar ao do Civic sedã; atrás, espaço adequado a duas pessoas de menor estatura
Espaço
Embora homologado para cinco pessoas, o Civic cupê é um 2+2: o banco traseiro acomoda só duas pessoas até a faixa de 1,70 metro, com a cabeça próxima ao vidro traseiro — ao menos do espaço para pernas não reclamarão. O acesso é razoável pelo lado direito, cujo assento dianteiro avança. Contudo, o ajuste do encosto se perde ao deslocar o banco à frente e os cintos dianteiros podem enroscar nos pés de quem sai do banco de trás. 0,5 ponto
A aceleração de 0 a 100 km/h foi feita em 8,2 segundos, bem perto do Si anterior (8,3 s) e do Civic Touring (8,1 s), que é beneficiado pela transmissão CVT
Porta-malas
O espaço para bagagem também é bem menor que no sedã: diminui de 519 para 334 litros, capacidade similar à de um hatch médio. O estepe continua temporário. 0,5 ponto
Desempenho
O motor turbo tem diferenças para o do Civic Touring, como a pressão de superalimentação, que passa de 1,1 para 1,4 bar acima da atmosférica. Com isso, a potência sobe de 173 para 208 cv e o torque de 22,4 para 26,5 m.kgf. Comparado ao Si anterior com motor aspirado de 2,4 litros, o novo ganhou só 2 cv, mas tem 11% mais torque com o pico a menos da metade das rotações. O carro está ainda 38 kg mais leve.
Central de áudio com navegador; câmera no retrovisor mostra faixa à direita; instrumentos digitais indicam pressão de turbo e forças g; luzes piscam para a troca de marcha; programa Sport altera amortecedores; teto solar é de série
Como ficou seu desempenho? Em nosso teste a aceleração de 0 a 100 km/h foi feita em 8,2 segundos, bem perto do Si anterior (8,3 s) e do Touring (8,1 s), que é beneficiado pela transmissão CVT. Arrancar forte e com eficiência é difícil, pois o controle de tração “mata” o motor e, se for desligado, os pneus patinam muito. Essa e outras marcas, como as de retomada (veja quadro na próxima página), indicam um carro rápido e prazeroso de acelerar, mas não tão brilhante quanto seu estilo esportivo faria esperar. A transmissão manual evidencia o retardo de ação do turbo, aceitável para sua proposta.
Outro ponto é que, embora isento de vibrações em qualquer rotação, o motor não honra a tradição do Si. Os aspirados das duas gerações passadas tinham um tempero arisco, ganhando um surto de potência e um ronco encorpado acima de 5.000 ou 6.000 rpm até o limite por volta de 8.000 rpm. Tudo isso ficou no passado — ele agora é progressivo e silencioso até o corte de rotação a 6.600 rpm. A caixa manual tem curso curto e comando firme e preciso, apropriado a um esportivo, e agora usa marcha à ré sincronizada. Um pouco pesado o pedal de embreagem. 0,5 ponto
Próxima parte
Equipamentos e preços
• Civic Si – Ar-condicionado automático de duas zonas, bolsas infláveis laterais e de cortina, câmera sob o retrovisor direito, câmera traseira de manobras, computador de bordo, controle eletrônico de estabilidade e tração e dos amortecedores, faróis de leds, fixação Isofix para cadeiras infantis, freio de estacionamento com comando elétrico, limpador de para-brisa automático, rodas de alumínio de 18 polegadas, sistema de áudio com tela de 7 pol compatível com Android Auto e Apple Car Play, teto solar com controle elétrico.
• Preço sem opcionais: R$ 162.900
• Preço como avaliado: R$ 162.900
• Preço completo: R$ 162.900
• Garantia: três anos sem limite de quilometragem.
Preços sugeridos em mar/19