Uma volta na versão de 211 cv que retorna à família de
pequenos carros da BMW, agora com câmbio automático
Texto: Fabrício Samahá e Paulo Athayde – Fotos: divulgação
O que pode ser mais divertido que um Mini? Um Mini John Cooper Works é uma boa resposta. A versão mais apimentada dessa pequena-grande família — pequena pelas dimensões dos carros, mas grande em variedade de carrocerias —, que andava fora do catálogo do grupo BMW no Brasil, foi relançada com o evento Mini Day no autódromo Vello Cittá, em Mogi Guaçu, SP, tendo como novidade a estreia da caixa de câmbio automática.
Com um nome que homenageia o construtor de carros de corrida inglês John Cooper (1923-2000), responsável por preparações muito “quentes” para o Mini original lançado em 1959, a linha John Cooper Works envolve uma revisão da mecânica e da aparência dos modelos, tendo como foco o desempenho esportivo. A opção existe hoje para toda a linha Mini, com o hatchback básico e o Paceman, as peruas Clubman e Countryman, o Coupé e os conversíveis Roadster (dois lugares) e Cabrio (quatro).
As rodas são a principal identificação visual da versão de topo do Mini; o hatch custa
R$ 137 mil e diverte de verdade com o motor turbo, que fornece 211 cv e 28,5 m.kgf
No Brasil, porém, a Clubman não está mais disponível e a versão JCW ainda não é oferecida para Countryman e Paceman (leia a avaliação do Cooper S), o que nos deixa com os quatro restantes. Os preços sugeridos são de R$ 136.950 para o hatch, R$ 141.950 para o Coupé, R$ 151.950 para o Cabrio e R$ 156.950 para o Roadster. A empresa espera colocar nas ruas 230 unidades desse grupo este ano.
As boas sensações são ampliadas pelo pacote mais esportivo: os carros atacam curvas e transmitem a sensação de não haver limite
Como nas versões Cooper S, o coração dos Minis JCW é um 1,6-litro de 16 válvulas com bloco e cabeçote de alumínio, dotado de turbocompressor de duplo fluxo, injeção direta, resfriador de ar e variação do tempo de abertura das válvulas. A quantidade de mistura ar-combustível admitida nos cilindros é controlada pela variação de levantamento das válvulas de admissão (sistema Valvetronic), em vez da borboleta de aceleração, a fim de reduzir as perdas por bombeamento e aumentar a eficiência em cargas (aberturas de acelerador) parciais.
No Mini Cooper S a potência é de 184 cv a 5.500 rpm, e o torque, de 24,5 m.kgf entre 1.600 e 5.000 rpm, com oferta temporária de 26,5 m.kgf de 1.730 a 4.500 rpm durante o uso de sobrepressão, acionada por seis segundos quando se acelera até o fim de curso do pedal. No JCW esses números sobem para 211 cv a 6.000 rpm, 26,5 m.kgf de 1.850 a 5.600 rpm e, durante a sobrepressão, 28,5 m.kgf entre 2.000 e 5.200 rpm — ou seja, um motor mais “bravo”, mas que preserva o farto fornecimento de torque desde as rotações mais baixas.
Teto mais baixo e apenas dois lugares deixam o Coupe ainda mais esportivo; outra
opção que dirigimos na pista é o Cabrio, o conversível para até quatro pessoas
As alterações que renderam tais aumentos passam pelos sistemas de admissão e escapamento, o catalisador, a pressão do turbo (máxima de 1,3 bar), a taxa de compressão (reduzida para evitar detonação com o aumento de pressão) e a central eletrônica. Inédita nessas versões é a caixa automática de seis marchas — até o ano passado a Mini só produzia os JCW com câmbio manual —, dotada de comandos no volante para mudanças manuais.
Como andam os John Cooper Works? Muito bem, como revelam os índices de desempenho do fabricante: velocidade máxima entre 233 e 238 km/h e aceleração de 0 a 100 entre 6,6 e 7,1 segundos, de acordo com a carroceria escolhida, já que há diferenças em peso e aerodinâmica entre elas. A troca do câmbio manual pelo automático representou perdas, mas bem sutis: como exemplo, o hatch teve a máxima reduzida em 2 km/h e agora requer mais 0,2 s na citada aceleração. Além da menor eficiência na transmissão de energia, o automático representa aumento de peso em 25 kg.
Para lidar com a maior potência do JCW a fábrica faz alterações em todo o conjunto, como suspensão com acerto mais firme, grandes freios a disco (com pinças vermelhas que trazem o nome da versão) e controle eletrônico de estabilidade com um modo mais permissivo, que não atua em pequenos desvios de trajetória, para dar liberdade ao motorista. Mesmo que tal controle seja desativado por inteiro, permanece ativo o controle de tração com papel de diferencial autobloqueante, que freia a roda que patinar em acelerações mais intensas. O comando Sport deixa a curva de atuação do acelerador mais rápida, a direção com menor assistência (mais firme) e o câmbio mais “nervoso”, mantendo marchas inferiores.
Na rápida avaliação em autódromo, os Minis Coupe e Cabrio confirmaram as boas sensações já percebida em outras versões, só que ampliadas pelo pacote mais esportivo. Suspensão firme, direção muito precisa e com relação rápida (cerca de 14:1) e pneus de grande aderência só poderiam resultar em pura diversão: os carros atacam curvas e transmitem a sensação de não haver limite para a velocidade. O motor tem torque de sobra e acelera rápido, com um som que convida a pisar fundo, e mesmo em alta rotação não se notam vibrações incômodas.
O Roadster é o Coupe sem teto fixo, com só dois lugares; diferencial autobloqueante e
suspensão mais firme estão entre os ingredientes dessas versões muito temperadas
Os freios mostraram grande capacidade no uso intenso das quatro voltas na pista, mas perdem um pouco de eficiência depois de muito solicitados. É verdade que o conjunto da versão JCW combina mais com caixa manual — por isso foi a única oferecida até há pouco —, mas a automática opera muito bem, com mudanças rápidas e decididas. A novidade parece bem-vinda para aqueles que, mesmo em busca de desempenho, abominam o uso intenso do pedal da embreagem nos grandes centros brasileiros.
A linha John Cooper Works vem bem equipada de série, com itens como sistema de áudio Harman/Kardon, navegador, ar-condicionado automático, bancos esportivos de couro, rodas de 17 pol e bolsas infláveis frontais e laterais. Se os carros são picantes, os preços são indigestos, mas os fatores que podem convencer a pagar por um deles passam longe de qualquer relação custo-benefício — têm a ver com charme, emoção ao volante e exclusividade, o que eles oferecem de sobra.
Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 4 em linha |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4, variação de tempo |
Diâmetro e curso | 77 x 85,8 mm |
Cilindrada | 1.598 cm³ |
Taxa de compressão | 10:1 |
Alimentação | injeção direta, turbocompressor, resfriador de ar |
Potência máxima | 211 cv a 6.000 rpm |
Torque máximo | 26,5 m.kgf de 1.850 a 5.600 rpm (com sobrepressão, 28,5 m.kgf de 2.000 a 5.200 rpm) |
Transmissão | |
Tipo de câmbio e marchas | automático / 6 |
Tração | dianteira |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a disco |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | independente, paralelogramo deformável, mola helicoidal |
Rodas | |
Dimensões | 7 x 17 pol |
Pneus | 205/45 R 17 |
Dimensões | |
Comprimento* | 3,729 / 3,729 / 3,734 / 3,758 m |
Largura | 1,683 m |
Altura* | 1,407 / 1,414 / 1,384 / 1,391 m |
Entre-eixos | 2,467 m |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 50 l |
Compartimento de bagagem* | 160 / 170 / 280 / 240 l |
Peso em ordem de marcha* | 1.240 / 1.305 / 1.265 / 1.280 kg |
Desempenho e consumo* | |
Velocidade máxima | 236 / 233 / 238 / 235 |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 6,7 / 7,1 / 6,6 / 6,7 s |
Dados do fabricante; consumo não disponível; * hatch, Cabrio, Coupé e Roadster, na ordem |