Acertos e erros de uma boa proposta asiática, agora com caixa CVT, entre os hatches “aventureiros”
Texto e fotos: Fabrício Samahá
Afinal, carro chinês é bom? Fizemos essa pergunta no ano passado, ao avaliar o utilitário esporte JAC T5 com transmissão automática de variação contínua (CVT). De lá para cá, a marca asiática lançou o hatch T40 e sua versão CVT, que traz novo motor de 1,6 litro. O preço começa em R$ 71 mil. Para analisar a evolução da JAC, colocamos o T40 na avaliação 10 Chances, que confere as chances para o modelo merecer sua garagem.
1. Estilo
Foi bom o trabalho de desenho no T40. Ele conseguiu um ar moderno e robusto sem copiar muitas soluções de outras marcas. O teto pode vir em cor diferente da carroceria, obtida por meio de revestimento e não pintura. Fica uma ressalva a certos detalhes cromados, que nos parecem exagerados ou desnecessários. 0,5 ponto
2. Acabamento e conveniência
O aspecto do interior é um ponto alto desse JAC: causa impressão bem melhor que concorrentes como Chevrolet Onix Activ e Renault Stepway, com bancos e painel que simulam couro, bons plásticos nos locais de tato mais frequente e apoio de braço acolchoado nas portas. Entre os itens de conveniência estão alerta específico de qual porta está mal fechada, ar-condicionado automático, assistente de saída em rampa, câmera traseira de manobras, controle elétrico de vidros com função um-toque em todos e fechamento a distância (faltou a abertura), controlador de velocidade, faixa degradê no para-brisa, faróis automáticos, para-sóis com espelhos iluminados, porta-óculos, sensores de estacionamento à frente e atrás e tomada USB de alta corrente (2,4 A) para o banco traseiro.
A central de áudio tem tela de 8 polegadas e conexões USB e auxiliar, mas não integração a celular. Ele vem ainda com uma câmera junto ao retrovisor interno, que grava o que se passa adiante e pode ser útil em caso de acidente de trânsito. Algumas faltas são ajuste de altura dos cintos dianteiros, alarme volumétrico, luz na parte traseira da cabine e marcador de temperatura externa. 1 ponto
Desenho do T40 é agradável, apesar de alguns cromados em excesso; faróis são elipsoidais e há luzes diurnas; pinças de freio vermelhas nos quatro discos; teto revestido em preto
3. Posto do motorista
O T40 acomoda bem quem dirige, em um banco bem desenhado e com amplo apoio lateral. Seria melhor se o volante não ficasse enviesado e se tivesse ajuste também em distância, pois fica um pouco longe. Os instrumentos incluem computador de bordo, que confunde ao escrever “hodômetro” ao informar a autonomia. Surpreende o mostrador de pressão e temperatura de cada pneu, um item muito raro.
O aspecto do interior é um ponto alto desse JAC; a CVT sem conversor ajuda o T40 a ser econômico em cidade, mas prejudica a resposta nas saídas
Pontos melhoráveis: poderia haver velocímetro digital, o controle do computador fica fora de mão e os comandos de vidros estão muito recuados na porta. Ele tem bons faróis de duplo refletor, luzes diurnas de leds e faróis de neblina, que se acendem para iluminar o solo em esquinas. Há também luz traseira de nevoeiro, repetidores laterais das luzes de direção e retrovisores bem amplos. As colunas prejudicam um pouco a visão em ângulo na frente e muito na traseira. 0,5 ponto
Acabamento e itens de conveniência sobressaem na categoria; posição de dirigir e conforto traseiro têm restrições; porta-malas anunciado de 450 litros parece de 300
4. Espaço
Com maiores dimensões que rivais como o Onix ou o Hyundai HB20X, o T40 acomoda muito bem as pernas de quem viaja no banco traseiro, mas falta largura para três adultos e o espaço para cabeças é só regular. Além disso, o encosto curto apoia mal as coxas, o banco é mole e o console incomoda um passageiro central. 0,5 ponto
5. Porta-malas
A capacidade de bagagem informada pela JAC, de 450 litros, deve ter sido medida até o teto. Abaixo da divisória, parece ficar perto de 300 litros. O espaço aumentaria bastante sem o enchimento sob o assoalho, que toma cerca de 10 centímetros de altura. Um ponto positivo é o estepe com pneu igual aos outros; um negativo, o banco traseiro inteiriço. 0,5 ponto
6. Desempenho
O motor de 1,6 litro, adotado na versão CVT, tem variação de tempo de válvulas de admissão e escapamento e produz 138 cv e bom torque de 17,1 m.kgf, números promissores. O tipo de transmissão favorece a eficiência e, no uso normal, seu desempenho é convincente, sensação ajudada pelo acelerador um tanto abrupto. Contudo, a falta de conversor de torque (é usada embreagem para acoplamento entre motor e caixa) compromete a agilidade nas saídas do zero: o T40 começa a arrancada devagar.
Central de áudio com tela de 8 pol, mas sem integração a celular; câmera traseira; instrumentos com temperatura dos pneus; câmera do tráfego adiante; tomada USB de 2,4 A; espelhos iluminados nos para-sóis; faróis automáticos
O tempo de 11,7 segundos de 0 a 100 km/h é modesto para a potência informada, que nos parece estar acima da real. Foi bem mais lento que o HB20X e o Honda WR-V, em tese menos potentes. A melhor aceleração é com a caixa em posição S, que o leva até perto de 6.000 giros e então mantém rotação constante, com uma operação áspera e ruidosa. Usando o modo manual, que emula seis marchas variando a rotação, perde-se 1,5 s na mesma prova. 0,5 ponto
7. Consumo
A CVT sem conversor ajuda o T40 a ser econômico em cidade (14,4 km/l de gasolina no trajeto leve), bem melhor que o HB20X, enquanto o consumo rodoviário (11,7 km/l) foi apenas regular e pouco pior que o do concorrente. Pequeno é o tanque de 42 litros: precisará aumentar quando o motor se tornar flexível. 1 ponto
8. Comportamento dinâmico
O T40 mostra um bom acerto de suspensão: tem rodar macio e confortável, com boa absorção de irregularidades, e faz bem as curvas, embora pudesse haver mais controle pelos amortecedores. Ao passar por lombadas, a queda das rodas produz ruído. Bom recurso é o controle eletrônico de estabilidade e tração. Como curiosidade, cada vez que ele entra em ação a CVT muda de modo manual para automático. A direção bem leve agrada em cidade, mas transmite insegurança em rodovia, um problema tradicional na marca. 0,5 ponto
Motor de 1,6 litro traz desempenho adequado, mas resposta inicial decepciona; caixa CVT ajudaria se tivesse conversor de torque; suspensão foi bem acertada
9. Segurança passiva
As bolsas infláveis são apenas frontais, como exige a lei, mas a JAC aplicou cintos de três pontos e encostos de cabeça para cinco pessoas e fixação Isofix para cadeira infantil. 0,5 ponto
10. Custo-benefício
O T40 CVT começa em R$ 71 mil e chega a R$ 74 mil como avaliado, o chamado Pack 3. É um bom preço diante dos equipamentos de conforto e segurança e do motor em uso. O Stepway Dynamique (não mais chamado de Sandero) custa R$ 64.490 e é parecido em porte, mas leva desvantagem no motor de 118 cv e no conteúdo, e hoje vem apenas com caixa manual. O HB20X Premium tem preço próximo ao do JAC (R$ 71.700) com motor de 128 cv e caixa automática de seis marchas, só que oferece menos espaço e lhe falta o controle de estabilidade. Assim, respondendo à pergunta inicial da matéria, esse chinês tem boas qualidades e relação custo-benefício adequada, mas faltam algumas melhorias. E quando se leva em conta que a marca ainda não tem a aceitação das tradicionais, ele deveria custar menos. 0,5 ponto
Preços e equipamentos
• T40 CVT – Ar-condicionado automático, assistente de partida em rampa, computador de bordo, controle eletrônico de estabilidade e tração, direção com assistência elétrica, faróis com regulagem elétrica de altura do facho, faróis de neblina, fixação Isofix para cadeira infantil, monitor de pressão dos pneus, parada/partida automática do motor, para-sóis com espelho iluminado, retrovisor interno fotocrômico, rodas de alumínio de 16 pol, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro.
• Opcionais (Pack 3) – Bancos revestidos em simulação de couro, barras de teto, câmera frontal no retrovisor interno, câmera traseira de manobras, chave canivete, cinzeiro, controlador de velocidade, faróis automáticos, luzes diurnas em leds, pinças de freio vermelhas, sistema de áudio com tela de 8 pol, volante de couro.
• Preço sem opcionais: R$ 70.990 • Preço como avaliado: R$ 73.990 • Preço completo: R$ 73.990
• Garantia: 6 anos sem limite de quilometragem.
Preços sugeridos em ago/18
Desempenho e consumo
Aceleração | ||
0 a 100 km/h | 11,7 s | |
0 a 120 km/h | 16,6 s | |
0 a 400 m | 18,4 s | |
Retomada* | ||
60 a 100 km/h | 6,9 s | |
60 a 120 km/h | 11,7 s | |
80 a 120 km/h | 8,9 s | |
Consumo | ||
Trajeto leve em cidade | 14,4 km/l | |
Trajeto exigente em cidade | 7,9 km/l | |
Trajeto em rodovia | 11,7 km/l | |
Testes com gasolina; *reduções automáticas; conheça nossos métodos de medição |
Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 4 em linha |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4, variação de tempo |
Diâmetro e curso | 75 x 90 mm |
Cilindrada | 1.590 cm³ |
Taxa de compressão | 10,5:1 |
Alimentação | injeção multiponto sequencial |
Potência máxima | 138 cv a 6.000 rpm |
Torque máximo | 17,1 m.kgf a 4.000 rpm |
Transmissão | |
Tipo de caixa e marchas | automática de variação contínua, emulação de 6 marchas |
Tração | dianteira |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a disco |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | eixo de torção, mola helicoidal |
Rodas | |
Dimensões | 16 pol |
Pneus | 205/55 R 16 |
Dimensões | |
Comprimento | 4,135 m |
Largura | 1,75 m |
Altura | 1,568 m |
Entre-eixos | 2,49 m |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 42 l |
Compartimento de bagagem | 450 l |
Peso em ordem de marcha | 1.220 kg |
Desempenho | |
Velocidade máxima | 190 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 11,1 s |
Dados do fabricante; consumo não disponível |