Primeiro Flex turbo da categoria, o Citroën médio não teve
melhora em desempenho, apesar dos 8 cv adicionais com álcool
Texto: Fabrício Samahá e Edison Ragassi – Fotos: divulgação
Embora a redução expressiva de custos ao usar álcool tenha ficado no passado (em vários estados brasileiros, aliás, esse combustível é antieconômico por todo o ano), os fabricantes continuam a investir em motores flexíveis, que parte do mercado exige. O Citroën C4 Lounge THP é o mais novo carro a atender a tal demanda.
O THP Flex parte da conhecida unidade Prince de 1,6 litro com turbocompressor e injeção direta, sendo o primeiro motor no segmento a somar esses recursos à capacidade de usar álcool (a BMW também os oferece, mas em categorias superiores). Além das alterações habituais, como maior proteção anticorrosiva, novas velas de ignição e reprogramação da central eletrônica, a Citroën tomou outras medidas.
A taxa de compressão foi reduzida de 10,5:1 para 10,2:1, medida inesperada, mas compensada pelo aumento de pressão máxima de superalimentação de 1 para 1,2 bar (é a mesma com qualquer combustível). Não foi preciso aplicar preaquecimento de álcool ou injeção suplementar de gasolina para partida a frio: como no Ford Focus, a alta pressão (200 bar) do sistema de injeção garante que o motor funcione mesmo em temperaturas muito baixas.
Apenas o logotipo THP Flex identifica a novidade, oferecida nas mesmas
versões de antes: Tendance e Exclusive, esta com conteúdos adicionais
Com ênfase na redução do consumo de combustível, a Citroën manteve inalterado o torque máximo (24,5 m.kgf a 1.400 rpm com qualquer dos combustíveis) e elevou a potência em só 1 cv (de 165 para 166 cv) com gasolina; ao usar álcool, porém, alcançam-se 173 cv. Limitações de resistência da caixa de câmbio automática são a razão mais provável para não ter havido aumento de torque.
Seu desempenho é similar ao da versão
anterior, com torque o bastante desde regimes
baixos para boa desenvoltura no trânsito
A caixa de seis marchas, única disponível com esse motor, passou à evolução AT6 III com redução de peso, novo conversor de torque e a função de redução de tração, que diminui as vibrações em marcha-lenta na posição drive. O alongamento de 11% na relação final de transmissão confirma a prioridade à economia pelo fabricante. Agora, 120 km/h em sexta representam pouco mais de 2.300 rpm, ante 2.600 da versão anterior.
Com o desempenho em segundo plano, o C4 Lounge THP Flex acabou pouco mais lento em aceleração de 0 a 100 km/h que o antigo THP a gasolina: 9,2 segundos com gasolina e 8,9 s com álcool, ante 8,8 s da versão anterior. A velocidade máxima informada permanece de 214 km/h para qualquer dos combustíveis. Embora a Citroën não forneça índices de consumo, revela que houve melhora média de 7,5% com gasolina.
O interior do Exclusive não mudou, mas o Tendance recebeu controle
de estabilidade; o motor produz 173 cv com álcool sem alteração de torque
Ao volante
Na avaliação da imprensa, de 200 km entre Guarulhos e Caçapava, SP, a versão Exclusive revelou desempenho similar ao da versão anterior: há torque o bastante desde regimes mais baixos para que seu elevado peso (1.425 kg na versão Exclusive) pareça menor, com boa desenvoltura no trânsito. Em rodovia o comportamento é exemplar: desenvolve velocidade com rapidez, não titubeia em ultrapassagens e é excelente nas retomadas, mesmo sem acionar o modo Sport do câmbio. A caixa automática mostrou boa calibração e, de fato, deixou de incomodar pela vibração em marcha-lenta.
De resto, o C4 mantém o rodar suave, painel de fácil visualização com velocímetro digital, interior espaçoso e ampla dotação de itens de conveniência. A Citroën também organizou um teste de desvios em fileira de cones com velocidade média de 60 km/h, curva fechada a 70 km/h e aceleração até 120 km/h. A suspensão mostrou-se bem ajustada e foi possível sentir o controle eletrônico de estabilidade atuar, tornando a manobra simples. A aceleração foi bastante rápida e os freios mostraram-se bem eficientes.
Além das alterações técnicas — e do logotipo Flex na traseira —, a única novidade é que a versão mais simples com tal motor, a recém-lançada Tendance THP, passa a também vir com o controle de estabilidade, bastante reivindicado pelo patamar de desempenho do carro. Embora só essa versão tenha recebido um item adicional, ambas sofreram aumento de preço: de R$ 77 mil para R$ 78.790 na Tendance e de R$ 84.190 para R$ 85.490 na Exclusive, que não tem alteração de conteúdo.
Câmbio mais longo buscou economia de combustível, em prejuízo do
desempenho; a Citroën também evoluiu a caixa e reduziu suas vibrações
Os equipamentos de série do Tendance incluem rodas de 17 pol com pneus 225/45, bancos e volante revestidos em couro, ar-condicionado automático de duas zonas de ajuste, navegador em tela de sete polegadas no painel, sensores de estacionamento traseiros, fixação Isofix para cadeiras infantis, banco traseiro bipartido, computador de bordo, rádio/CD com MP3 e interface Bluetooth para celular, controlador e limitador de velocidade, faróis e limpador de para-brisa automáticos e retrovisor interno fotocrômico.
O Exclusive acrescenta bolsas infláveis laterais e de cortina, acesso ao interior e partida do motor (por botão) sem uso de chave, monitor de pontos cegos com leds nos retrovisores, sensores de estacionamento dianteiros e câmera traseira para manobras, entre outros. Teto solar com controle elétrico é opcional. Por ora os faróis de xenônio estão fora do catálogo por questões industriais, mas retornam no próximo ano.
O C4 Lounge mudou pouco, o que seria mesmo esperado de um modelo lançado há algo mais de um ano, mas ganhou condições de ser o escolhido pelos adeptos do álcool ou que, simplesmente, não querem abrir mão da flexibilidade em combustível como argumento de revenda.
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Ficha técnica
Motor |
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Posição | transversal |
Cilindros | 4 em linha |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4, variação de tempo |
Diâmetro e curso | 77 x 85,8 mm |
Cilindrada | 1.598 cm³ |
Taxa de compressão | 10,2:1 |
Alimentação | injeção direta, turbocompressor, resfriador de ar |
Potência máxima (gas./álc.) | 166/173 cv a 6.000 rpm |
Torque máximo (gas./álc.) | 24,5 m.kgf a 1.400 rpm |
Transmissão |
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Tipo de câmbio e marchas | automático / 6 |
Tração | dianteira |
Freios |
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Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a disco |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção |
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Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | eletro-hidráulica |
Suspensão |
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Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | eixo de torção, mola helicoidal |
Rodas |
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Dimensões | 17 pol |
Pneus | 225/45 R 17 |
Dimensões |
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Comprimento | 4,621 m |
Largura | 1,789 |
Altura | 1,505 m |
Entre-eixos | 2,71 m |
Capacidades e peso |
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Tanque de combustível | 60 l |
Compartimento de bagagem | 450 l |
Peso em ordem de marcha | 1.425 kg (Exclusive) |
Desempenho |
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Velocidade máxima (gas./álc.) | 214 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h (gas./álc.) | 9,2/8,9 s |
Dados do fabricante; consumo não disponível |