Apesar da idade avançada, picape evoluída em conforto e segurança revela comportamento dos melhores
Texto: Fabrício Samahá – Fotos do autor (Extreme) e divulgação
A Volkswagen Amarok 2017 mudou menos do que se esperava, mas permanece competitiva: é a conclusão após dirigir a picape em condições variadas em sua apresentação. Havia expectativa de que o motor V6 turbodiesel de 3,0 litros com potência de até 224 cv, lançado este ano no mercado europeu, também fosse aplicado à versão argentina vendida no Brasil, mas a empresa reservou a novidade para meados do próximo ano. Por enquanto, as alterações da Amarok limitam-se a retoques visuais e no interior e alguns novos recursos de segurança.
A linha continua com duas versões do motor turbodiesel de 2,0 litros (140 e 180 cv), duas opções de cabine (simples e dupla), duas de transmissão (manual de seis marchas e automática de oito) e duas de tração (integral temporária com reduzida para a caixa manual, integral permanente sem reduzida para a automática). Aos conhecidos acabamentos S, SE, Trendline e Highline soma-se agora a série Highline Extreme (veja equipamentos e preços no quadro abaixo).
Série Extreme, que custa R$ 178 mil, acrescenta rodas de 20 pol, “santantônio” diferente e bancos de couro Nappa ao pacote da Highline
Foram poucas e sutis as mudanças visuais, que afetam faróis, grade e para-choque dianteiro, além das rodas e logotipos. A Extreme diferencia-se pela proteção atrás da cabine (o popular “santantônio”), que visto pelas laterais dá a impressão de cobertura rígida sobre a caçamba, e pelas rodas de 20 polegadas, as maiores da categoria, 1 pol acima das oferecidas até então no modelo. As demais versões usam de 16 pol (S e SE), 17 pol (Trendline) e 18 ou 19 pol (Highline).
A tração integral das versões automáticas é um sistema permanente com diferencial central, como em automóveis, em que as quatro rodas tracionam todo o tempo
No interior há novidades como os bancos dianteiras redesenhados com ajuste elétrico integral (até mesmo do apoio lombar para motorista e passageiro), nas duas versões superiores, e o painel de melhor aspecto em itens como difusores de ar e comandos de ventilação. Embora os plásticos continuem rígidos e de aparência simples, o ambiente está mais adequado à faixa de preço das versões superiores — só havia Highline e Extreme na apresentação. O quadro de instrumentos da Extreme vem com mostrador central digital colorido.
Não poderiam faltar os novos sistemas de áudio da VW com integração a telefone celular: o Composition Media (versão Trendline) e o Discover Media (aplicado a Highline e Extreme), que inclui navegador e leitura/resposta de mensagens SMS por voz. Foram aplicados ainda novos recursos de segurança às duas versões mais caras: bolsas infláveis laterais dianteiras e de cabeça, mostrador da pressão de cada pneu por meio de sensores nas válvulas e faróis bixenônio com luzes diurnas por leds. Em toda a linha há alerta para uso do cinto nos bancos dianteiros e sistema de frenagem pós-colisão, que aciona os freios depois de um acidente para reduzir o risco de novo impacto do veículo descontrolado.
Só a frente foi modificada no desenho da Amarok, mas há novidades em segurança como a frenagem automática após acidente
Enquanto o V6 não chega, a Amarok continua a usar o motor de quatro cilindros e 2,0 litros a diesel em três configurações. A versão S vem com um único turbocompressor e obtém 140 cv com torque de 34,7 m.kgf, valores modestos na categoria, mas suficientes para um veículo destinado ao trabalho. As outras recebem dois turbos e produzem 180 cv com torque de 40,8 m.kgf na SE de caixa manual e de 42,8 m.kgf nas opções com transmissão automática.
Os sistemas de tração — todos atuantes nas quatro rodas — também variam. Amaroks com caixa manual usam o temporário, em que a tração suplementar dianteira é acionada por um controle elétrico e conta-se com caixa de transferência (reduzida). Esse arranjo, similar ao de quase toda picape da categoria, destina-se à rodagem fora de estrada: se acionado o modo 4×4 em asfalto, curvas fechadas levam a atritos elevados, desgaste de pneus e risco de danos à transmissão.
A tração das versões automáticas evita essa limitação por ser um sistema permanente com diferencial central, como os empregados em automóveis do grupo, em que as quatro rodas tracionam todo o tempo. Como há bloqueio eletrônico dos diferenciais, eventuais perdas de tração são compensadas enviando-se mais torque para as rodas em contato com o solo. Não existe reduzida, mas a primeira marcha bem curta supre sua carência até certo ponto. Para o motorista, o único acionamento disponível é o do bloqueio mecânico do diferencial traseiro, que fixa em 50:50 a divisão de torque entre as rodas desse eixo.
Painel redesenhado, bancos bem definidos com ajuste elétrico, sistemas de áudio com integração a telefone: mudanças internas da picape VW
Recursos que permanecem são o programa Off-Road para os freios antitravamento (ABS), acionado por botão no console, que permite leve travamento de rodas em solo solto, e o controle automático de descida, que retém a velocidade sem se precisar acelerar ou frear.
Ao volante da Amarok 2017
Mesmo que não houvesse tanto de novo a conhecer, a Volkswagen preparou um longo trajeto de avaliação para a imprensa: 280 quilômetros de rodovia (um quarto deles ao volante) a partir de Guarulhos, na Grande São Paulo, e percursos de asfalto e fora de estrada no Haras Tuiuti, na cidade de Tuiuti, interior paulista. Apenas a versão Highline com rodas de 18 pol estava disponível — ficamos sem saber os efeitos práticos das de 20 pol da Extreme, que só ficou exposta.
Próxima parte
Versões, equipamentos e preços
• Amarok S de cabine simples (motor de 140 cv, tração 4×4, caixa manual de seis marchas, R$ 114 mil) ou cabine dupla (R$ 127 mil) – Alerta para uso de cinto nos bancos dianteiros, ar-condicionado, assistência em frenagem de emergência, bloqueio eletrônico do diferencial, conta-giros, controle automático de descida, controle eletrônico de estabilidade e tração, direção assistida hidráulica, faróis de neblina, fixações Isofix de cadeiras infantis (cabine dupla), freios antitravamento (ABS) com função Off-Road, rodas de 16 pol (aço), sistema de frenagem automática pós-colisão, volante ajustável em altura e distância. Opcionais: acionamento de travas a distância, controle elétrico de vidros, travas e retrovisores, rodas de alumínio de 16 pol.
• Amarok SE de cabine dupla (motor de 180 cv, tração 4×4, caixa manual de seis marchas, R$ 131 mil) – Como na S, mais controle elétrico de vidros, travas e retrovisores, acionamento de travas a distância, rádio/CD/MP3 com entradas (USB, auxiliar e cartão SD) e Bluetooth, rodas de alumínio de 16 pol.
• Amarok Trendline de cabine dupla (motor de 180 cv, tração 4×4, caixa automática de oito marchas, R$ 149 mil) – Como na SE, mais computador de bordo, controlador de velocidade, faróis com luzes diurnas, rodas de alumínio de 17 pol, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, sistema de áudio Composition Media com integração a telefone, tração integral permanente, volante de couro com comandos de áudio, telefone e mudanças de marcha.
• Amarok Highline de cabine dupla (motor de 180 cv, tração 4×4, caixa automática de oito marchas, R$ 168 mil) – Como na Trendline, mais ajuste elétrico dos bancos dianteiros, ar-condicionado automático de duas zonas, bloqueio mecânico do diferencial traseiro, bolsas infláveis laterais dianteiras e de cabeça, câmera traseira de manobras, faróis bixenônio com luz de condução diurna em leds, faróis e limpador de para-brisa automáticos, monitor de pressão dos pneus, rebatimento elétrico dos retrovisores externos, retrovisor interno fotocrômico, rodas de alumínio de 18 pol, sistema de áudio Discover Media com navegador. Opcionais: rodas de 19 pol.
• Amarok Highline Extreme de cabine dupla (motor de 180 cv, tração 4×4, caixa automática de oito marchas, R$ 178 mil) – Como na Highline, mais bancos revestidos em couro Nappa, pedais esportivos, rodas de alumínio de 20 pol.