Dirigimos em Interlagos as novas versões do hatch, que vai a 367 cv, e do cupê, que chega aos 286
Texto: Fabrício Samahá e Paulo de Araújo – Fotos: divulgação
A Audi traz ao Brasil versões mais potentes de dois modelos — o RS3 Sportback, topo de linha do A3, e o TTS, hoje a opção superior da gama TT — e o Best Cars esteve no autódromo José Carlos Pace, no bairro paulistano de Interlagos, para experimentá-los.
O RS3 é o modelo mais vigoroso já fabricado sobre a plataforma MQB do grupo Volkswagen, com motor turboalimentado de cinco cilindros em linha — configuração clássica na marca, usada nos anos 80 pelo cupê Quattro vencedor de ralis e na década seguinte pela perua esportiva RS2 Avant — e 2,5 litros que produz potência de 367 cv e torque de 47,5 m.kgf, transmitidos às quatro rodas. O cupê TTS, por sua vez, mantém a unidade turbo de quatro cilindros e 2,0 litros do TT básico, mas fornece valores mais altos: 286 cv (na Europa são 310 cv) e 38,7 m.kgf ante 230 cv e 37,7 m.kgf da versão já conhecida. E também vem com tração integral.
O estilo atraente do cupê TT vem acentuado pelas rodas especiais e os retrovisores de alumínio; por R$ 300 mil, ele oferece tração integral e 56 cv a mais
A aparente incoerência de haver “mais motor” no hatch que no cupê tem explicação: o RS3 já representa o último estágio de desempenho previsto para a linha A3, iniciada em 2012 nesta terceira geração e que inclui o S3 de 280 cv avaliado pelo Best Cars no ano passado, enquanto o TTS está apenas um degrau acima do TT básico, ambos lançados em 2014. Um TT-RS certamente está a caminho, como havia no modelo anterior com 340 cv.
No RS3 a potência de 367 cv resulta em relação de 4,1 kg/cv: de acordo com a fábrica, acelera de 0 a 100 km/h em 4,3 segundos
Ao preço sugerido de R$ 291 mil, o RS3 vem competir com o BMW M 135i (seis cilindros, 3,0 litros, turbo, 326 cv, tração traseira, R$ 267.950) e o Mercedes-AMG A45 (quatro cilindros, 2,0 litros, turbo, 381 cv, tração integral, R$ 292.900). Já o TTS custa R$ 300 mil em versão cupê e R$ 320 mil na roadster e compete com o BMW M 235i (mesma mecânica do M 135i, R$ 288.950) e, um pouco acima em preço, o Porsche Cayman básico (seis cilindros, 2,7 litros, 275 cv, tração traseira, R$ 367 mil). Veja no quadro abaixo os equipamentos de série de cada um.
Os dois modelos deixam à mostra sinais de sua esportividade, como as rodas de 19 polegadas, pinças de freio vermelhas, retrovisores com capa de alumínio e escapamento com duas grandes saídas (RS3) ou quatro (TTS). Os faróis são de leds, em vez das lâmpadas de xenônio usadas no S3, e contam com assistente para passar do facho alto ao baixo quando detectam veículo adiante ou no sentido oposto.
O TTS será oferecido também como roadster, opção que dispensa o banco traseiro
Detalhe sempre charmoso do TT, que vem desde a primeira geração, é a tampa do bocal do tanque de combustível inspirada nas de antigos carros de competição. Como na versão básica, um defletor se destaca da tampa traseira ao atingir 120 km/h ou quando ativado por botão no painel. O coeficiente aerodinâmico (Cx) do TTS cupê é 0,30, ante 0,34 do RS3.
O interior do RS3 Sportback é discreto, salvo pelos bancos bem envolventes com encostos de cabeça integrados. Camurça sintética é usada nos painéis de porta e em regiões do volante, mas não nas áreas de pega mais comum. Mais ousado, o TTS traz uma nova função para o quadro de instrumentos digital configurável, que deixa o conta-giros em destaque no centro. O revestimento em couro vermelho é opção ao preto e ao cinza. O acabamento cuidadoso e com bons materiais, compatível com a faixa de preços, é uma qualidade conhecida da marca.
Apesar de manter a cilindrada vista aqui no Volkswagen Jetta da geração passada (2.480 cm³) e o diâmetro e o curso que vêm desde o VW AP-2000 dos anos 80 (82,5 x 92,8 mm), o cinco-cilindros do RS3 é outro motor, com o peculiar bloco de aço-grafite vermicular ou compactado, de grande resistência, uma solução trazida dos grandes motores a diesel do grupo. Outras técnicas adotadas são variação de tempo de abertura das válvulas de admissão e escapamento, variação de curso das válvulas de admissão, válvulas de escapamento preenchidas por sódio, injeção direta e turbocompressor com pressão máxima de 1,3 bar.
Painel configurável do TTS pode destacar conta-giros; vermelho é opção de couro nos bancos; motor caiu para 286 cv no Brasil; caixa de dupla embreagem permanece
A potência de 367 cv significa nada menos que 148 cv por litro e, diante do peso de 1.520 kg do hatch, resulta em relação de 4,1 kg/cv. De acordo com a fábrica, ele acelera de 0 a 100 km/h em 4,3 segundos (menos 0,3 s que no RS3 anterior) e alcança velocidade máxima limitada de 250 km/h. A comparação ao S3, que também tem tração integral, mostra grande superioridade em potência e torque (ante 280 cv e 38,7 m.kgf), o que explica a redução de 0,6 s no tempo de aceleração.
No TTS, o conhecido quatro-cilindros vem com maior pressão de turbo (1,2 bar) e outras alterações para obter potência adicional ao TT básico, ficando assim com 144,1 cv/l. Com 1.365 kg acusados na balança, para os quais concorre o uso de alumínio em parte da carroceria, ele obtém relação de 4,8 kg/cv para cumprir o 0-100 em 4,7 s e atingir 250 km/h. O TT “não S”, que tem 230 cv e torque apenas 1 m.kgf mais baixo, cumpre tal aceleração em 5,9 s com a mesma velocidade final: boa parte desse ganho, portanto, pode ser creditada à tração integral, inédita nesta geração do cupê.
Próxima parte
Preços e equipamentos de série
• RS3 Sportback (R$ 291 mil): ajuste elétrico do apoio lombar dos bancos dianteiros, alarme antifurto, ar-condicionado automático de duas zonas, assistente de faróis altos, bancos revestidos em couro, bolsas infláveis laterais, de cortina e de joelhos para o motorista, câmera traseira de manobras, chave presencial para acesso e partida, controlador de velocidade, controle eletrônico de estabilidade e tração, faróis de leds, faróis e limpador de para-brisa automáticos, navegador, retrovisor interno fotocrômico, rodas de alumínio de 19 pol, seletor de modos de condução, sensores de estacionamento à frente e atrás, sistema de áudio MMI com alto-falantes Bang & Olufsen, teto solar panorâmico com controle elétrico.
• TTS Coupé (R$ 300 mil) e TTS Roadster (R$ 320 mil): os mesmos do RS3, mais ajuste elétrico dos bancos dianteiros, amortecedores com controle magneto-reológico e quadro de instrumentos digital configurável. Não tem bolsa inflável para os joelhos nem teto solar e o ar-condicionado é de única zona.