Desafio: Onix Premier vs. Argo Trekking automático

Um foi renovado por inteiro, o outro traz combinação inédita de motor e suspensão: qual oferece mais por preço semelhante?

Texto e fotos: Fabrício Samahá

O carro mais vendido do Brasil está com tudo novo — plataforma, desenho, motor. Já colocamos o Chevrolet Onix diante de quatro concorrentes, na versão sedã Plus, e agora chega a hora de analisar o hatch da linha no mesmo acabamento Premier, dotado de motor turbo de 1,0 litro. Escolhemos como oponente uma versão inédita do Fiat Argo, a Trekking com motor de 1,75 litro e transmissão automática.

É verdade que o Onix ainda não oferece um pacote “aventureiro” com suspensão elevada e pneus de uso misto, como o Argo Trekking, mas isso não invalida a comparação — e foi a oportunidade de avaliarmos essa combinação do Fiat pela primeira vez. Ambos estão próximos em porte, proposta de uso e preço: R$ 78.690 no Onix e R$ 77.840 no Argo com os opcionais dos carros avaliados. O Fiat é superior em potência, 135 cv (gasolina) ou 139 cv (álcool) ante 116 cv do Chevrolet.

Ambos os desenhos são agradáveis; a versão Trekking do Fiat traz adesivos, peças em preto e rodas em cinza, além de suspensão elevada e pneus de uso misto

Estilo
O novo Onix conseguiu um bom resultado de estilo, que sugere robustez e lembra o anterior na traseira, embora não na frente. O Argo também agrada em desenho e recebeu adereços interessantes nessa versão, como molduras de para-lamas e difusor de ar traseiro do HGT, teto pintado de preto e adesivo sobre o capô.

Acabamento e conveniência
Os interiores têm bom acabamento para a categoria, com plásticos (rígidos) de aspecto correto, desenho interessante nos painéis e bancos com revestimento sintético que simula couro — aceitos por muitos no Brasil, apesar de sua inadequação ao clima tropical. O Onix oferece a interessante combinação de preto com bege no painel, bancos e portas, restrita à parte dianteira. Os apliques das portas traseiras seguem a textura do painel, mas sem o bege, e os das dianteiras seguem a cor bege, mas não a textura.

Onix ganhou interior mais atual e melhor acabamento, compatíveis com os do Argo; este tem banco mais bem definido, mas sem ajuste do volante em distância

As centrais de áudio com tela de 7 polegadas são fáceis de usar e incluem integração a celular por Android Auto e Apple Car Play, além de três conexões USB no Onix e duas no Argo. Vantagens do Chevrolet são alerta de cinto para todos os ocupantes, assistência On Star (socorro em acidente, assistência para troca de pneus, auxílio na recuperação em caso de roubo e outros serviços), assistente de estacionamento, carregador de celular por indução (falta botão para desligar, pois se perde o porta-objetos no caso de telefone incompatível), indicador da pressão de cada pneu (no rival, apenas alerta geral de perda de pressão), limitador de velocidade, monitor de veículos em pontos cegos nas laterais, roteador de internet por wi-fi (depende de contratar serviço da Claro) e sensores de estacionamento também na frente e nas laterais (só na traseira no Argo).

Entre os itens exclusivos do Onix estão assistente de estacionamento, carregador de celular por indução, monitor de pontos cegos e roteador de internet

O Fiat responde com alerta programável para excesso de velocidade, aviso de qual porta está mal fechada (no oponente o alerta é geral), faixa degradê no para-brisa, limpador de para-brisa automático, luz de cortesia no piso externo (acionada ao destravar as portas), rebatimento elétrico de retrovisores externos e espelho interno fotocrômico. Os dois carros oferecem ainda ar-condicionado automático, câmera traseira de manobras, chave presencial para acesso ao interior e partida do motor, comando a distância para abrir e fechar vidros, controlador de velocidade, controle elétrico de vidros com função um-toque para todos e faróis com acionamento automático.

Onix: central de áudio com roteador de internet e assistência, sistema de estacionamento, sensores em todo o perímetro e mostradores de pressão dos pneus e vida útil do óleo

Pontos melhoráveis no Onix são os difusores de ar centrais, que não permitem direcionar o ar frio para cima (ideal para refrigeração homogênea, pois o ar quente tende a subir), e o cinto do passageiro da frente sem ajuste de altura da ancoragem superior. O Argo deveria oferecer mais espaço para objetos, eliminar os cromados dos difusores de ar (refletem na visão dos retrovisores) e alterar o acelerador (incomoda pela posição para pisar até o fim), além de a moldura da soleira sujar facilmente a barra da calça ao sair. Nos dois falta luz na parte traseira da cabine — no Trekking, com só as dianteiras e forro de teto preto, o interior continua escuro ao abrir portas à noite.

Posto do motorista
Embora o Onix tenha volante ajustável em altura e distância (no Argo, só em altura), seus bancos deveriam ser melhores: têm assento estreito e mal conformado e, como no rival, apoiam mal as coxas. Bons são os instrumentos de ambos, que incluem computador de bordo com duas viagens e repetidor digital de velocidade. O Argo acrescenta voltímetro, horas do motor e temperatura do fluido da transmissão, e o Onix, percentual que resta da vida útil do óleo do motor.

Argo também usa tela de 7 pol na central; como o Onix, oferece câmera traseira, ar-condicionado automático, chave presencial, faróis automáticos e comandos um-toque para vidros

Eles têm bons faróis de duplo refletor, com o tipo elipsoidal no facho baixo do Chevrolet. O Fiat tem faróis de neblina sem a luz traseira correspondente; no rival é o contrário. É que a GM aplicou no mesmo espaço as luzes diurnas, que faltam ao oponente (os leds do Argo são apenas de posição, fracos demais para substituir os faróis no uso rodoviário), assim como só o Onix tem ajuste elétrico dos faróis. A visibilidade é adequada nos dois, com bons retrovisores e largura razoável das colunas.